CAPÍTULO 2 - EU SOU UM IDIOTA

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Eu realmente me sentia idiota. Muito. Meu pai teve essa ideia de me conseguir um emprego no segundo dia que eu estava em Jersey e eu não podia falar nada. E uma semana depois, eu fui chamado para o bendito trabalho.

Eu estava de terno, cara. Terno. Sabe o que é alguém vestir um terno quando a única coisa que gosta de ter sobre o corpo é outro corpo? Ok, ok, eu vou parar, mas é que...

Nem dava tempo de reclamar. Tudo passou tão rápido que, quando eu vi, meu pai parou seu carro em frente a um estabelecimento comercial e me pediu para descer. De longe, um senhor barbudo surgiu e meu pai o abraçou, trocando algumas ideias e apontando para mim daquele jeito falso dele.

- Esse é meu garotão! - Falou, dando tapinhas no meu ombro.

Eu cerrei os olhos e sorri boboca para tudo aquilo, entrando no lugar escoltado pelos dois. Era uma dessas lojas que vendem motos. Tirando pelo fato de que os americanos adoram carros, não é um bom negócio ter uma loja de motos.

Vin Diesel e seus trezentos filmes da franquia Velozes e Furiosos que o diga né? Han? Han? Idiota.

Quando o cara me falou sobre o emprego, eu meio que simpatizei de imediato com a facilidade, mas depois eu fui entender por que havia vagas naquele lugar.

Primeiro: os vendedores tinham que se vestir a caráter toda vez que havia uma promoção e era tipo, fantasias mesmo. Tipo, no dia em que eu fui me apresentar ao emprego tinha dois rapazes vestidos de cowboy para o dia da promoção dos Vaqueiros do Asfalto. Mas que porra?!

Segundo: no trabalho você ganhava por comissão, o que era uma merda. Imagina só que difícil era vender motos e pneus em uma cidade tão fodida quanto Jersey. Eu apenas sofri calado enquanto assinei aquela merda de contrato.

Meu pai estava satisfeito, claro, por que ele não estaria? Eu nem podia contrariá-lo de qualquer forma, se eu falasse algo do tipo, que não queria trabalhar como vendedor, ele logo começaria o falatório: - você se formou em música porque quis, Wei Ying, agora está desempregado e morando de favor em minha casa. Ou você trabalha ou então rua!

Quando eu voltei para casa, no banco do carona de seu carro, eu estava me sentindo definitivamente um lixo humano. Já tinha desfeito a gravata e já tinha amassado o paletó nas costas e quando eu desci todo desgrenhado, ouvi um barulho muito alto. Meu pai desceu logo depois, olhou e balançou a cabeça negativamente.

- Esse maloqueiro.

Papai entrou em casa, mas eu fiquei ainda no mesmo lugar. Era o vizinho bonitão chegando de algum lugar em sua casa, estacionando a sua moto barulhenta no jardim e descendo com algumas sacolas. Eu realmente quis saber um pouco mais dele, mas me resumi à total idiotice de minha pessoa e apenas suspirei, entrando em casa bastante abalado.

Minha mãe pareceu notar, mas nada disse. Apenas deu um tapinha nas minhas costas antes de eu subir as escadas até o meu quarto. Era muito deprimente. Eu, um cara já adulto passando por tudo isso. E solteiro. E gay. E ainda tinha essa porra de vizinho bonitão que eu queria morder e outras coisinhas mais.

Quando eu entrei no quarto, bufei meio chateado. Tirei o paletó e comecei a tirar a gravata sufocante - que exagero - e comecei a desabotoar a minha camisa social branca, tirando-a e jogando de lado. Tirei também o cinto e a calça, ficando apenas de boxer amarela de elástico laranja e puta merda, que cueca feia da desgraça.

E então, para meu total azar - como se a minha vida já não fosse lazarenta o suficiente - eu olhei pela janela e lá estava o meu vizinho me olhando. Sim, estou falando do maloqueiro fortão. Ele estava tipo, me olhando de cueca amarela com elástico laranja e Jesus Amado, eu realmente quis meter a cabeça na porra do chão e morrer.

Corri o mais depressa possível para o banheiro e fechei a porta, vermelho como um pimentão e meus olhos estavam lacrimejando de vergonha. Sabe quando algo que você realmente não queria que acontecesse...acontecesse? Pois é.

Eu me joguei de cueca e tudo no chuveiro e soquei os azulejos com pouca força devido a minha falta de sorte total.

Também, o que esperar de mim mesmo. Eu sou Wei Ying. E eu sou um idiota.

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Digam ''mais'' e o capítulo 3 aparecerá magicamente nos próximos dias.

Que tal?

bjs e até logo

Wei Ying Não Tem Muita Sorte!Onde histórias criam vida. Descubra agora