Vambora

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Pessoal corrigir três capítulos é bem pesado, principalmente porque algumas mudanças que fiz em capítulos anteriores mudaram alguns contextos. Mas eu sabia que esse era um momento complicado, por isso resolvi postar os três no mesmo dia. A partir de agora os próximos terão outros assuntos, provavelmente não irei postar mais hoje, porém por aqui está tudo certo, nem tudo são flores, né?

"Entre por essa porta agora e diga que me adora/ Você tem meia hora pra mudar a minha vida/ Vem, vambora/ Que o que você demora é o que o tempo leva"

Ao chegar em casa Fernanda foi surpreendida com uma mesa posta, com tudo que ela gostava. Fernanda não sabia se era pelo o que ela passava por dentro ou não, mas sentia que Pitel se superava na intenção de agradá-la. Almoçaram todos e ao terminar o almoço Marcelo e Laura foram para o quarto do menino jogar um pouco em seu videogame. Estavam apenas as duas na cozinha, Fernanda estava recolhendo os objetos da mesa enquanto a outra lavava, quando Pitel perguntou:

- Fernanda, você ficou com a Alane durante a viagem? - O prato escorregou das mãos de Fernanda, fazendo um enorme barulho e desviando a atenção da pergunta. Fernanda não respondeu de imediato, olhou no chão os cacos, abaixou para catá-los, Pitel se aproximou para ajudar. As duas fizeram um contato visual, os olhos de Fernanda carregados de culpa os de Pitel de tristeza.

- Pitel, eu... - Foi interrompida.

- Não precisa falar, eu já sei a resposta.

- Não é como você está pensando. - Fernanda falou puxando a mulher pelo braço a levando para o sofá e deixando os pedaços do prato ainda no chão. - Eu não fiquei com a Alane. - Pitel a olhava sem dizer nada, esperando o desabafo. - Mas aconteceu um beijo - Pitel virou a cara, queria chorar, mas não ia conseguir perto de Fernanda - Pitel, me escute por favor, não foi um beijo de fato, eu não consegui... eu só pensava em você.

- Não conseguiu? Você queria? Você queria mas não conseguiu?

- Não, eu não queria. Eu tinha bebido, eu não sei ao certo como aconteceu, mas quando Alane se aproximou e encostou seus lábios em mim eu me afastei.

- Eu acho muito engraçado Fernanda - Pitel voltava com seu sotaque devido às fortes emoções - Você acha ruim o Lucas ser um inconveniente, mas deixa a Alane chegar ao ponto de te beijar. Qual é a régua pra isso?

- Não tem - pausa - eu estou muito arrependida, eu não dei mais nenhuma abertura depois desse dia, mas sei que você está certa. Eu não posso impor nada sobre isso.

Pitel estava calada, tinha apoiado os cotovelos em seu colo, apoiou a testa nas mãos e se deixava chorar, um choro calado, eram lágrimas que escapavam de seus olhos.

- Pitel, eu não sei o que te falar - Fernanda vendo sua mulher chorando começou a chorar também.

- Pois então não fale Fernanda. 

- Eu tenho uma apresentação daqui um mês. - Pitel retomou - Essa vai ser a única coisa que vou te pedir. Ficar na sua casa por um mês, depois volto pra Maceió, eu não consigo mais ficar nessa cidade. - Pitel fez uma pausa, limpava os olhos e evitava os de Fernanda. - Eu poderia voltar para república ou buscar outros lugares, mas nesse tempo me apeguei muito ao Marcelo e a Laura, é por eles que quero ficar. Vou dormir com a Laura esses dias. Vamos agir como pessoas maduras, ninguém precisa saber além de nós, mas eu estou muito triste com você.

- Pitel, eu... - Foi interrompida novamente.

- Fernanda eu te apoiei, eu não importei com aquela menina cenosa, eu torci por você, adotei sua família como se fosse minha, esperei suas mensagens e ligações, fiz contagem regressiva com eles esperando você chegar. Você ter ficado com Alane foi muito ruim, mas confesso que pensei que seria pior. O problema é que eu criei expectativas, achei que você estava na mesma sintonia que eu, fazendo a mesma contagem regressiva, querendo me ver, com saudade de mim. Eu nunca deixaria o Lucas me beijar ou entrar na sua casa. Eu não sei como vai ser, mas assim que apresentar quero ir embora. - Pitel falou sem intervalos, como se tirasse tudo do peito e foi ao banheiro deixando Fernanda sozinha na sala.

Não tinha o que ser feito, Fernanda não se sentia com moral para argumentar, deitou no sofá e deixou seus medos e dores falar mais alto.

No final de semana seria aniversário de Giovanna e Fernanda era convidada. Até chegar o dia ela e Pitel trocaram algumas palavras, abordando apenas a rotina delas, algo durante as refeições, conversas sobre horários, enfim. Apesar da proximidade entre elas ter abrandado um pouco a situação, elas não se beijavam ou se tocavam mais. Às vezes Fernanda vendo ela sair de casa falava um elogio e ela agradecia. Pitel também elogiava algo que Fernanda fazia, mas eram momentos pontuais. Ao chegar o sábado as duas se arrumaram, deixaram as crianças na casa dos pais de Fernanda e desceram para o Rio de uber.

Ninguém sabia o que se passava com elas, pois continuaram com a mesma rotina e se tratando com educação, parecia um casamento de anos. Além do que, era indiscutível, não dava para imaginar uma sem a outra, eram complementares. As duas estavam muito bonitas, chamando atenção por onde passavam. Ao chegar na boate tocava músicas variadas do pop nacional e internacional. Elas estavam curtindo, Fernanda olhava Pitel e seu coração disparava "Como é linda", por vezes Fernanda pensou se conseguiria aproximar de Pitel e beijá-la, estava louca em fazer isso, mas não sabia qual era o limite da mais nova. 

Em um certo momento começou a tocar funk, os convidados de Giovanna foram a loucura todos gostavam. Começaram a dançar, eles muitas vezes se juntavam para dançar no mesmo ritmo. Pitel estava dançando sozinha quando Fernanda aproximou dançando com ela, Pitel acompanhou. Estavam muito próximas, os movimentos eram quentes Pitel sentiu que seu corpo estava respondendo com a presença de Fernanda ali. No meio da dança Fernanda a puxou para um beijo. O encaixe do beijo ainda era o mesmo, um beijo carregado de tesão e desejo, mas esse em especial continha também uma saudade. Quando terminaram de beijar olharam uma para outra meio que encabuladas com aquela situação. As duas carregavam suas dores, mas sabiam que seus corpos não mais. Só que mesmo assim escolheram por se afastar.

A noite continuava, Fernanda quis ficar mais sentada depois do contato com Pitel, estava começando a sentir uma vibe mais pesada, enquanto a morena ainda dançava na pista. Pitel começou a dançar muito próxima de Giovanna, as duas pareciam fazer o mesmo movimento em uma afinidade completa. Fernanda pegou suas coisas e foi para saída.

- Onde você vai Fernanda?

- Vou embora Pitel, estou cansada. Pode ficar. - Fernanda falou sorrindo.

- Eu vou também. 

- Pode ficar. Está tudo bem!

- Espera apenas um minuto, vou despedir de todo mundo.

Fernanda queria ficar sozinha, mas sabia que Pitel não ia abandoná-la. Ao chegar em casa Fernanda falou:

- Pity, dorme aqui comigo hoje?

- Prefiro dormir com a Laurinha, Fernanda. Eu prometi que ia dormir lá. Mas qualquer coisa é só chamar. - Pitel falou dando as costas saindo para o quarto.

- Pitel - A morena olhou para trás - Obrigada por hoje, eu senti muita falta sua.

- Eu também Fernanda. - Pitel falou virando-se novamente e foi para o quarto da caçula.

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