a hora

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"Mundo perdido..." Era o que minha mãe dizia, deitada em seu colchão, contemplando as montanhas e o sol nascente. Ela partiu às 05:57 da manhã, deixando-me com suas últimas palavras: "O mundo perdido não serve para você, minha flor, você vai se perder ainda mais."

Essas palavras não me abalaram na época; eu tinha apenas 7 anos, uma garota assistindo sua mãe sucumbir a uma doença incurável.

Agora, aos pés das mesmas montanhas, observo o sol nascer, trazendo vida ao vale. O frio da manhã me abraça, assim como a solidão. "Viver solitária para sempre, é ruim?" pergunto ao vento, que carrega a resposta para longe.

"Será que o universo tem inveja da minha beleza?" Suspiro, agradecendo à minha mãe pela herança de sua graça. Talvez ela quisesse apenas me proteger das invejas alheias.

Ao proferir essas palavras, um arrepio percorre minha espinha. Sinto olhos sobre mim. Virando-me, vejo apenas o vazio e árvores sombrias, onde olhos brilhantes podem ser mais do que animais. Algo, ou alguém, espreita na escuridão.

/ / 17:58 / /

São 17:58, estou à frente do meu reflexo, atuando com um sorriso enganador. Olhando para mim mesma no reflexo, meus olhos brilhavam, a chama da vela fazia meus olhos azuis cinzas ficarem alaranjados das cores do fogo. De repente, tomo um espanto enquanto a Margaret, minha empregada e cuidadora, me avisa sobre eles.

- Eles chegaram, senhorita Bridges.- parecia um pouco ansiosa e espantosa, imagino que a ansiedade seja que eu saia bem. É um evento super importante para minha família, acontece todos os anos. Os convidados são de geração para geração. Meus pais criaram esse ocasiões, para comemorar o aniversário deste reino. Eu não entendo, é apenas um castelo grande construído por pedregulho. Quem são eles afinal? Meus pais conhecem a família desses convidados por gerações.

-Senhorita? Precisamos ir, os convidados estão ansiosos por te conhecer.- A empregada dizia isso enquanto se aproximava perto de mim e arrumava os meus fios de cabelos. Dou um sorriso de canto e olho ela pelo reflexo do espelho, tão doce e gentil. Ela está aqui desde que a minha querida mãe se foi.

-Prontinho! Estás deslumbrante! A senhorita está bonita.- Ela só quer que eu seja feliz. A Margaret sempre cuidou de mim quando eu era apenas uma criança ingênua, ela sabia os momentos que eu passei neste castelo de herança pelo meu avô.

-Olha, senhorita, antes de ir, preciso que não se apavore muito.- o seu olhar apavorado, a Margaret se assustava fácil. Mas dessa vez, parecia um pouco pior para o lado dela.

O seu corpo tremia cabeça aos pés, ela roía as suas unhas com o seu espanto e a ansiedade junto.

-Margaret, se pronuncie! Está me deixando com calos frios.- Me viro para onde está a Margaret, fico com uma expressão pouco preocupada.

-Eles são tão tenebrosos, só de pensar em neles me dar calafrios - Ela dizia, enquanto eu me levanto do meu assento, nossas alturas eram completamente diferentes.

Quando tinha apenas 6 anos, eu achava que ela tinha 1,80 de altura, a mulher era o dobro de altura. Mas agora, tão diferente, agora quem acha que tem o dobro de altura e é ela para mim. Os meus 1,60 e o 1,47 não ajudam um pouco. Mas como dizem, velhice das mulheres deixam elas como uma anã, que nem o estado da Margaret.

/

Estamos andando pelo corredor sobre o tecido vermelho, da cor do sangue, que combina um pouco sobre do meu reino. Estamos se apressando pelos passos.

-E.. e-então, Margaret, como eles são?- minha ansiedade está dentro do meu peito, as palavras da minha boca me fizeram ficar inquieta. Como eles eram? Eram tão tenebrosos como a Margaret diz?

Margaret hesita um pouco e pensa bem para descrever sobre os convidados, ela coça um pouco os seus fios de cabelos presos com um coque.

-Eles têm um olhar bonito, mas tão... ESTRANHOS!- ela fala um pouco alto demais na última palavra, ela me fez saltar um pulo quando grita em meus ouvidos. Pelo visto ela está espantada mesmo.

-Mas eles têm roupas, roupas que eu nunca vi, uma antes. Pareciam bastante caros para os custos.- tinha um dedo em seu queixo ainda pensando sobre os convidados.

-Por enquanto, nada. Mas por favor, tome bastante cuidado com esses visitantes.- ela dizia enquanto observava um para cada lado, para ver se não tinha ninguém observando dos nossos assuntos.

Chegamos ao portão gigante, magnífico, eu amava. Única porta que eu amava, era esse. As bordas de ouro e o carvalho, me fazem ter lembranças de quando era pequena.

Aproximo a palma da minha mão, encostado na borda de ouro, eu suspiro fundo, coloco minha postura ereta.

-Meu cabelo está charmoso? Não quero que me joguem alguns olhares julgadores para meus fios de cabelo - Dei um sorriso corajoso, mas enganoso, eu preciso que vejam que eu estou ótima com toda essa ocasião. Atuando com um sorriso gentil, engana as pessoas.

A Margaret para por alguns segundos, ela se inclina pelas pontas do seus dedinhos do pé, ela arruma os meus fios de cabelo. Depois de muito esforço do lado dela, suspira e coloca uma mão em seu quadril.

-Estás deslumbrante! Como eu disse, bonita e principalmente esse vestido. Céus, esse vestido- ela exclamou, mas depois a expressão vai para lembranças boas que teve com a minha mãe.

-Queria usar para este ocasião, primeira vez que eu provo um vestimento dela.- Cinza, mas com brilhos que brilhavam mais que as luzes e tecidos peludos pela minha clavícula. Eu estava bonita, o vestido marcando as minhas curvas deixava eu mais encantada.

/

Então, o portão se abre, a hora chegou. A luz ardente amarela pousou para meus olhos. Eu suspiro fundo novamente, tento pensar em positivo, pensar que vai dar tudo certo dessa vez.

Leave meOnde histórias criam vida. Descubra agora