Capítulo 0

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"Eu gosto do Phi."

"Eu também gosto de você."

"Então... que tal a gente sair pra um encontro?"

"Eh, você quer dizer como namorados? Mas eu não gosto de você romanticamente."

Eu fiquei arrasado...

Muito estressado. Enterrei meu rosto na mesa do escritório numa tarde de sexta-feira, no fim do mês, quando o salário foi depositado. As pessoas não deveriam estar mais felizes com isso?

Mas eu não estava. Eu não estava nem um pouco feliz. Além do trabalho, minha cabeça ainda estava pensando na rejeição pelo meu veterano, por quem eu tinha uma queda secreta há oito anos inteiros.

Ele disse que não gostava de mim romanticamente.

E eu sou muito bonzinho, não é o tipo dele.

Bonzinho demais, bonzinho demais, droga...

Eu sempre fui bonzinho porque o P'Tea, quando era presidente do grêmio estudantil, disse que gostava de gente boa.

...Inútil.

....Inútil.

.......Inútil!

O mundo parecia desabar, como se o céu estivesse caindo. Ser bonzinho com alguém é uma grande estupidez.

Levantei-me da mesa, empurrei a cadeira um pouco para trás para dar mais conforto às pernas e procurei meu celular em meio à pilha de coisas espalhadas na minha frente. Liguei imediatamente para meu melhor amigo.

Desculpa pelo choro. Sou uma vítima do amor.

"Oi..."

[...Hã!?]

"Vamos beber."

[Hã!?]

"Você pode parar de dizer 'hã', Pakkao? Eu só quero que você beba comigo."

[Um fantasma te possuiu?], perguntou Pakkao do outro lado da linha. A voz de Pakkao estava cheia de surpresa, pois eu nunca tinha convidado ele para beber.

Mas não é surpreendente. Não é do meu feitio ser o tipo de pessoa que convida amigos para beber.

Isso porque todo esse tempo eu tentei ser uma pessoa boa para o P'Tea.

Eu não bebo álcool.

Eu não fumo cigarro.

Eu não seduzo mulheres.

Eu não idolatro homens.

Eu vivo minha vida de acordo com os ensinamentos do Dharma.

Eu acordava às 6 da manhã, ia ao templo para fazer oferendas.

E fazia caridade para os monges em todos os dias sagrados do budismo.

No final, fiquei com o coração partido... Somos apenas amigos.

"Eu não sou mais um homem bom."

[Isso é pior do que antes?]

"Sim, quanto mais eu penso, mais triste eu fico." Respirei fundo porque queria chorar. Não preciso contar tudo para meu melhor amigo, que sabe de tudo desde o começo. Pakkao, que me ouviu, suspirou profundamente.

Ele respirou fundo, forte o suficiente para eu sentir que ele estava cansado.

[Estou indo te buscar.]

"Se apresse, estarei esperando."

Joguei o telefone de volta na pilha de bagunça à minha frente. Mas dessa vez, eu não desabei na cadeira. Levantei-me e comecei a arrumar minhas coisas para sair e beber.

O propósito da minha vida sofreu uma grande mudança.

Por favor, lembre-se, Wandee... eu nunca mais serei um homem bom!

Wandee, bom dia!Onde histórias criam vida. Descubra agora