Capítulo 5: Disparos noturnos

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A ventania fresca ressoava lá fora, enquanto a sala de estar era iluminada apenas pela fraca luz do abajur. Sentadas sobre o sofá de extrema maciez e nostalgia, tia Sam e eu compartilhávamos de um momento familiar e íntimo. Este que acontecia todos os sábados, por incrível que isso parecesse.

— Tia Sam — Comecei, com a voz vacilante. — Há algo que eu preciso lhe contar. Algo que tenho guardado para mim por longos anos, e talvez uma pequena parte tenha surgido agora.

A mulher de cabelos escuros olhou-me com imediata atenção, percebendo a serenidade em meu rosto e o remorso em meus olhos. Sabia exatamente o que eu estava prestes a dizer, era importante e ressentido.

— Diga-me, minha querida. — Encorajou a mim, colocando uma de suas mãos sobre a mim, de forma reconfortante. — Você pode me contar qualquer coisa, até às mais bobas e sem graças.

Engoli em seco, sentindo o nó formar-se em minha garganta.

— É sobre o Owen. É verdade que ele frequenta bastante a cafeteria? — Mantenho os olhos focados em algum ponto da sala. — Sempre fala com você?

Ela assentiu calma, pude sentir seu movimento.
— Sim, ele frequenta a cafeteria de duas a três vezes na semana. Sempre fazendo questão de conversar comigo, perguntando se estou bem e que não preciso de nada mesmo. — Explicou sem delongas e interferências. — E obviamente pergunta de você. Eram amigos no colégio , não?

— O que eu nunca te contei, tia, é que minha ligação com Owen vai muito além de amizade. Por anos tenho guardado um sentimento que me consume por dentro. — Respirei profundamente, decidindo se continuaria. — Eu sei o que vai dizer! Que preciso esquecer uma paixão de infância. Que eu não deveria deixar uma coisa tão relevante decidir o rumo do meu coração, mas não é tão fácil assim.

Ela esperou pacientemente que eu reconstruísse as palavras para continuar, levando sua mão livre para acariciar meus cabelos.

— Há anos atrás, quando éramos mais jovens, Owen confessou seus sentimentos para mim. — Encaro-a sem querer. — Mas eu sabia que era falso. Kristen na época me mostrou um áudio onde ele contava ser apenas uma aposta, e mais algumas atrocidades. Então eu recusei, e ele tentou mais algumas vezes até desistir completamente.

— Emy, Emy —  Murmurou Samantha, me envolvendo em um abraço caloroso. — O passado não pode ser mudado, mas o futuro ainda está em suas mãos. Talvez esta seja a oportunidade para você expressar seus verdadeiros sentimentos por ele, conversar sobre tudo o que aconteceu.

As palavras de minha tia trouxeram um raio de esperança ao coração meu coração. Eu sabia que, independentemente do que o futuro reservava, tinha uma aliada para enfrentar os desafios que estavam por vir. E, com a orientação e o apoio dela, talvez pudesse finalmente encontrar a paz que tanto buscava.


No dia seguinte acordamos juntas no sofá, ainda abraçadas

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No dia seguinte acordamos juntas no sofá, ainda abraçadas. O sol brilhava radiante no céu, refletindo sua luz para dentro da casa pelas janelas que esquecemos abertas. Era de fato um dia especial, iria ficar para passar um dia com minha tia. Eu sentia uma misto de emoções, desde a empolgação até a nostalgia, sentia que aquele seria diferente dos outros.

— Bom dia, dorminhoca! — Ela disse enquanto dava-me um beijo sobre a bochecha. — Vamos lá?

O dia começou com um café da manhã delicioso, onde nós duas compartilhamos histórias engraçadas e lembranças da infância. Entre risadas e xícaras de café, me senti mais próxima de sua família do que nunca.

Depois do café da manhã, tia Sam propôs uma visita ao antigo parque onde costumávamos brincar quando criança. Enquanto caminhávamos pelos caminhos arborizados, me vi inundada por lembranças dela empurrando-me no balanço e me ensinando a andar de bicicleta.

— Você se lembra daquele verão que viemos acampar no parque? — Me perguntou com um sorriso estampado, caminhando comigo. — Aquele que achávamos quase ter sido atacadas por ursos!

— Sim, eu me lembro! Foi o melhor verão que já tive, sempre fomos muito aventureiras. — Uma gargalhada me escapa ao relembrar das cenas.

Conforme o dia avançava, exploramos a cidade, visitando lugares que faziam parte da história de nossa família. Passando pela casa onde minha mãe cresceu, pela escola onde estudou e pelo café onde costumavam se reunir em dias especiais.

À tarde, enquanto saboreavam um sorvete, Sam começou a compartilhar histórias sobre a minha mãe. Ela falou sobre sua infância, suas paixões e seus sonhos. Eu ouvia atentamente, absorvendo cada detalhe como um tesouro que acabara de encontrar.

— Ela sonhava todos os dias como você seria, em como iria se parecer com ela quando crescesse. — Samantha olhou para a grama e depois para mim, notoriamente segurando suas lágrimas. — E olhe só para você, igualzinha a ela! Provavelmente ela olharia para mim agora e diria “olhe só, Sammy! Eu estive certa!”. Teria tanto orgulho de você, do que se tornou, Emilly.

— Tenho certeza de que ela também teria orgulho de você, do que fez por mim e por si mesma. Estaríamos todos felizes demais por nossas vidas, mas tenho certeza que ela está se sentindo assim, de onde quer que ela esteja.

À medida que o sol se punha no horizonte, me senti grata por ter passado aquele dia especial com a tia Samantha. Mais do que nunca, percebi a importância de honrar minhas raízes e manter viva a memória de minha mãe.

Enquanto nos despedíamos, abracei minha tia com força, sabendo que aquele dia ficaria para sempre em seu coração. E, ao olhar para o céu estrelado, senti-me conectada não apenas com a minha família, mas com todas as gerações que vieram antes dela.

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⏰ Última atualização: May 04 ⏰

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Reencontro Do Coração: Descobrindo O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora