"Ela é minha noiva. Vai ter que respeitá-la querendo ou não. Você é minha serva, uma mera humana. Comporte-se como tal."
Meu rosto ardia...
Fiquei aliviada quando ele saiu, não queria que me visse. Não queria que soubesse o quanto tinha me magoado. Meu coração se despedaçou novamente.
Eu fiquei ali por meia hora... uma hora... Ele não voltou pra se desculpar.
Sei que fui errada em julgá-la antes mesmo de conhecê-la... Agi por ciúmes. Mas não justifica a reação agressiva de Ramon. Só se...
Meu peito voltou a doer.
Só se ele gosta dela. Realmente gosta dela.
Chorei. Chorei feito criança boba. Sim, eu chorei.
Decidi sair do quarto e andar um pouco, pra me acalmar.
Pra sala do piano? Não. Ele vai ouvir.
Desci as escadas e fui para o Campo. Havia um grande carvalho. Sentei-me sob ele, mas logo me arrependi. O carvalho ficava há alguns metros do Bloco de Ramon. Se ele olhasse pro lado, com certeza me veria e...
O que estou dizendo... Sempre vivi sendo solitária e não ligando pro que pensam de mim, seguia meus princípios. E cá estou, chorando porque fui rejeitada pela segunda vez.
— Estou cansada disso... — Sussurrei.
Não havia ninguém ali. Apenas o sol, o vento, os pássaros e este lindo esquilo de laço vermelho me olhando.
Opa.
— Como vai, menina humana?
Olhei para cima e vi Janne sentada em em dos galhos. O esquilo havia subido e pousado em sem ombro. Ambos usavam laços vermelhos na cabeça.
— Janne...
Ela pulou do galho e sentou - se do meu lado.
— Pensei que lhe encontraria nas salas, mas vejo que foi mais fácil do que pensei.
— Eu sou uma serva. Não posso ficar nas salas.
— Ah, sim. — Seu olhar pousou em meu rosto, ainda vermelho do tapa. Talvez tenha machucado. — Fez algo pra ele?
Como ela...?
— Já levei tantos tapas na vida que já aprendi a reconhecer um. Então, me diga... o que houve?
Não respondi de início. Tomei fôlego, eu sabia que poderia chorar se falasse no tom errado. E eu não queria chorar.
— Eu insultei sua noiva.
— Ah... Não sei o que disse, mas a reação dele foi exagerada.
Assenti.
—Mas não foi por isso que vim até Diond.
Ela pegou uma bolsa atrás da árvore e me entregou.
— Esqueceu suas coisas naquele dia.
Dentro da bolsa estava minhas roupas, meu medalhão e no canto uma carta presa a uma rosa lilás.
Jhon...— Jhon pediu que eu lhe entregasse.
Ele pediu...
— Ei, não fique desanimada. Eu tinha assuntos a tratar aqui, então uni o útil ao agradável.
— Assuntos? De que tipo?
— Você tem uma semana.
Uma semana...
— Pra quê?
Ela sorriu.
— Para voltar pra casa.
Meu sorriso se abriu. Sim! Minha casa...
— Uma semana?
— Sim. O portão se abrirá em uma semana. No alto da Montanha dos 4 Pontos.
— Montanha dos... 4 pontos?
— Ela divide as 4 Academias. Parece uma cruz deitada, e cada espaço é uma academia. — Ela explicou, passando - me um papel.
Nele estava desenhado uma cruz com 4 círculos. Cada círculo tinha uma numeração; Entre os círculos II e IV tinha um grande espaço em branco, entre o III e o I também, mas este era bem menor. No meio da cruz ela tinha desenhado um pequeno círculo vermelho.
— Esse é o mapa do nosso território. O I é o Reino Wang, o II é o Garth, III é o Maiden e o último é o Diond. Essa cruz é a montanha. Vê o espaço em branco que dividi Garth e Diond? É por isso que você consegue ir pra lá. Os reis de os ambos Reinos se respeitam, e em sinal de respeito, destruíram está parte da montanha. Monstrando que estão unidos. Já do outro lado, o pequeno espaço em branco foi feito por Hugh, para que ele, somente ele, pudesse governar dois reinos. — Ela explicou. — É neste círculo vermelho que o portal se abrirá, daqui há uma semana. Se quiser ir pra casa, precisa se preparar.
Ir para casa... Quero tanto ir para casa.
O esquilo de Janne fez um barulho.
— Esconda o mapa. — Ela disse. — Rápido.
Coloquei o mapa dentro do meu vestido, e por precaução, coloquei a carta também. Fiquei apenas com a rosa na mão.
Não demorou dois minutos e Ramon apareceu com os outros. Até Ivy estava lá. Eu sabia que ele podia me ver. Mas estava tão feliz com a notícia de Janne que nem me estressei.
— Cecília... Com quem está conversando? — Ramon perguntou.
— Essa é Janne, uma grande amiga de Garth. Ela veio trazer minhas roupas. — Expliquei, com o maior sorriso que sabia dar. Estava tão feliz!
Janne fez uma reverência.
— É um prazer conhecê-lo, Alteza.
— Ceci... Seu rosto...
Eliza acabou notando.
— Eu...Caí. — Menti. — Não se preocupem.
Ela não pareceu acreditar, ainda mais por ter marcas de dedo em meu rosto.
— Bom, Cecília... Tenho que ir.
Eu não queria que ela fosse.
— Já? Mas nem conversamos direito!
— Prometo que teremos muito tempo para conversar.Ela deu um assobio silencioso para nos, mas bem alto para Suzuki.
— Consegue controlá - lo? — Perguntei, surpresa.
— Jhonatan me emprestou para vir. Vá nos visitar, querida. Estamos com saudades... — Janne disse, ao montar. — Então, até mais.
Com um único bater de asas ela já estava no céu.
Ainda resta esperança pra mim. Nossa, eu estava tão feliz!!!
Peguei a bolsa do chão e passei por eles, sorrindo.
— Cecília. — A voz de Ramon me fez parar de andar e olhá-lo.
— Sim?
Ele também virou para me olhar.
— Essa rosa...
— Ah sim! — Levei a rosa ao lábios e depositei um beijo. Eu sei que o irritaria. — Jhon me mandou.
Na mosca! Ele cerrou os punhos e contraiu o maxilar. Estava irritado.
— É tão bonita. — E de fato era. Tinha um cheiro tão bom... O cheiro dele.
Vi Ramon andar na minha direção, a mão se aproximava de meu corpo. Gelei.
— Com licença, Alteza.
Fiz uma reverência exagerada que o assustou. Pelo menos, tinha desviado de seu toque. Eu não queria que ele me tocasse.
— Preciso ir agora.
Então sai correndo com a rosa lilás em minha mão, meu coração estava cheio de esperanças.
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Amor entre mundos (Readaptação)
De TodoEnquanto ele vive num mundo de magia, ela vive no mundo real. Eles não se conhecem. Mas por coincidência ou não, suas vidas se cruzarão.