Capítulo 6.1

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— Oficial, a que devo a desgraça de sua presença? — Vane pergunta.

O oficial não demonstra qualquer emoção.

— Estamos atrás de uma bruxa do Frio — ele diz — Altura mediana e cabelo castanho. Ela foi vista subindo nesse navio há seis dias.

— Ah sim. Sei de quem está falando. Aquela bruxa era uma delícia.

— Se a conhece então peço para que a entregue as autoridades imediatamente.

— Ela está sendo presa por qual motivo? — escuto Rique perguntar.

— Tentativa de roubo... — o oficial responde.

— Só por isso?

— ... ao navio forte da Marinha.

Consigo escutar todos os tripulantes prender a respiração ao mesmo tempo. Até que os sussurros começam. "Ela é doida", "Será que ela não sente medo?", "Tem algo dentro daquela cabeça?", "Não sei se ela é muito corajosa ou muito estúpida".

Sinto meu rosto esquentar de vergonha, acho que nunca mais vou sair dessa caixa.

— O Almirante está oferecendo uma recompensa de 90 moedas de ouro pela bruxa.

Dessa vez as vozes ficam muito mais altas.

— Silêncio! — Vane ordena e as conversas param no mesmo instante — Por que a cabeça dela está valendo tanto assim?

— O Almirante acredita ter sido envergonhado na frente do Conselheiro e o navio teve partes avariadas. Nos entregue ela para que possamos aplicar a lei e em troca lhe daremos a recompensa.

— Como queira. Thomas! — Vane o chama — Vá buscar a bruxa.

"O QUE?" penso em pânico. Vejo o minotauro se aproximando de onde estou e meu coração começa a bater mais rápido que as asas de um beija-flor "Idiota, idiota, idiota. Eu não deveria ter confiado em um pirata. Onde eu estava com a cabeça? É claro que ele iria me trair por uma bolsa cheia de ouro"

A cada passo dado pelo Thomas eu me encolho um pouco mais, tentando desaparecer, aperto Kiran mais forte e agradeço aos céus por ele não fazer nenhum barulho. Mas, de repente, o minotauro para na minha frente e, para minha surpresa, logo se afasta. Não consigo ver o que ele pegou, mas não parece ser algo muito grande.

Ele entrega uma caixa (que agora consigo ver) que é do tamanho do seu antebraço para o oficial e tanto o oficial quanto eu estamos com expressões de confusão.

Ele alcança a caixa para um dos guardas mais próximo e abre a tampa. O que ele vê eu não tenho ideia, só sei que a próxima coisa que eu vejo é uma careta de nojo em seu rosto e um dos guardas próximo a ele se virando para vomitar.

— Mas o que é isso? — o oficial pergunta com raiva a Vane.

— Eu te disse antes não disse? — ele responde — Ela era uma delícia.

E de repente todos os presentes no convés começam a rir sombriamente.

— Pela Deusa! Vocês são monstros — Ele joga a caixa de volta ao navio. Ela cai aberta e espalha o seu conteúdo por todo o chão. São ossos. É uma ossada humana — Se não estivéssemos fora do território da Rainha...

— Eu teria queimado até a última lasca de madeira do seu navio — Vane o interrompe com a voz firme — Você já sabe o que aconteceu com ela e se não tem mais nenhum assunto pendente comigo eu sugiro que me deixe ir.

— Você matou meus homens nas Ilhas Estelares!

— Tem alguma prova disso? — o oficial fica em silêncio — Então até que arrume algo que me coloque como o responsável do ataque, eu e meus homens somos inocentes. Cordélia, prepare o navio para voltarmos ao curso.

Entre Mares e FeitiçosOnde histórias criam vida. Descubra agora