"Pensei em tudo que é possível falar/ Que sirva apenas para nós dois/ Sinais de bem, desejos vitais/ Pequenos fragmentos de luz/ Falar da cor dos temporais de céu azul, das flores de abril/ Pensar além do bem e do mal/ Lembrar de coisas que ninguém viu"
Era um domingo muito quente e ensolarado para ficar em casa, Fernanda pensou em aproveitar o dia com os filhos, amava a companhia deles e muitas vezes priorizava por sair só os três e curtir momentos em família. Então, preparou tudo para um programa diferente aquele dia. Já tinham tomado o café e combinaram que eles poderiam brincar até 11am quando deveriam tomar banho para almoçar fora. A carioca estava super à vontade em sua casa, com uma roupa bem confortável quando ouviu a campainha tocar, estranhou pois não esperava por ninguém.
- Pitel??? - Fernanda levou um susto, quando viu a alagoana na sua porta. O susto foi tão grande que nem controlou o volume da voz. Logo agora que Fernanda estava voltando sua rotina, a mulher dos seus desejos voltava, mais linda que antes, bagunçando qualquer ideia dela de que estava tudo bem. O som alto da voz de Fernanda chegou no quarto dos meninos que ao ouvir o nome foram correndo para sala.
- Piiiiiiteeeel - Laura começou a falar do momento que viu a morena até abraçá-la.
- Oi meu amor! - A morena abaixou para abraçar a pequena e logo olhou para Marcelo com um sorriso carinhoso, abraçou ele também e deu um beijo em sua testa.
- Entre. - Fernanda falou apontando para o sofá, um pouco desconcertada.
Pitel interagia com as crianças como velhos amigos, Fernanda olhava sem saber que atitude tomar. Foi pega de surpresa, queria puxar assunto, porém o assunto entre eles fluía em uma forte conexão, ao mesmo tempo não sabia o que falar, pois olhava para Pitel no sofá e admirava a beleza da mulher que há algum tempo não via.
- O que você vai fazer hoje? - Fernanda perguntou, cortando o assunto entre eles.
- Não programei nada ainda Fernanda.
- A gente programou de almoçar juntos, você quer ir com a gente?
- Se não for problema pra vocês, estou com muita saudade.
- Lógico que não é. - Fernanda estava realmente desconcertada, não estava nada preparada para aquela situação. Às vezes nas aulas do galpão imaginava se ia encontrar Pitel, mas nunca acontecia, e de repente: agora na sua casa e sem avisar aconteceu. - Gente, vamos todos tomar banho, temos um dia de muita diversão pela frente! - Fernanda falou mais animada, olhando para os filhos. Pediu licença para Pitel e também foi se arrumar.
O dia estava lindo e após o almoço resolveram ir na Vista Chinesa, enquanto apreciavam a paisagem Fernanda falou:
- Que dia você chegou?
- Ontem.
- Ontem? - "Ela chegou ontem e só hoje foi lá casa?" - Onde você está ficando?
- Em um hotel em Copacabana mesmo.
- Por que você não ficou lá em casa, Pitel?
- Ah Nanda, não quero atrapalhar e em Copa fica mais fácil pra mim também.
- Mas você não atrapalha em nada, eu não entendo. Além do que seu carro está lá comigo, você pode usar ele pra vir ao Rio.
- Eu sei Nanda, mas achei melhor.
- Até que dia você fica? Vai voltar a morar aqui?
- Morar aqui não, mas não comprei a volta ainda. Quero olhar umas coisas aqui antes de ir.
- Pity, fica lá em casa com a gente, eu te peço. Os meninos vão adorar você lá! Você pode dormir com a Laura, se quiser, ela te ama!
- Aí você me quebra né patroa? Tudo bem, vamos tentar. - "Patroa" Fernanda adorava como Pitel se comunicava.
- O segundo round da turnê vai começar em breve, estamos apenas esperando confirmar as cidades. Se você ainda estiver aqui pode ficar lá a vontade. Você ainda tem a chave?
- Acho que sim. - Pitel blefou, uma vez que nunca tirou a chave do seu chaveiro.
- Se não tiver amanhã fazemos outra cópia pra você. - Fernanda se deixou sorrir e foi correspondida por Pitel.
Ao sair do lugar passaram no hotel em que Pitel estava hospedada, ela pegou suas malas, fez o check out e entrou em um carro com crianças em festa e uma motorista muito confiante. Pitel olhava pra Fernanda com a certeza de que estava em casa novamente.
Ao chegar em casa, resolveram fazer uma sessão de cinema, com direito a guerra de pipocas e muitas brincadeiras. Quando deu a hora de deitar Pitel acompanhou Laura que estava extremamente empolgada com a companhia.
Fernanda chegou em seu quarto e pela primeira vez sentiu a cama grande, ficou pensando o que a cacheada estava fazendo no quarto ao lado, sentiu falta do beijo dela de boa noite e do corpo dela colado ao seu. Fernanda que achou que tinha superado aquela paixão, mas descobriu que nada tinha mudado, ela estava apenas adormecida nela. Fernanda até pensou em chamar Pitel para dormir com ela, mas não quis ser inconveniente com a morena. Seu coração apertou de saudade, dessa vez uma saudade muito mais forte e doída por estar tão próxima dela e não poder fazer nada. Nesta noite Fernanda não dormiu.
Pitel no quarto ao lado sentia como se tivesse se reconectado com ela mesma, era como se cada integrante daquela família fosse uma parte dela e que fazia total sentido ela ali. Ver Fernanda foi como um tiro em seu coração, a paixão era avassaladora, teve vontade de falar "Se você quiser posso dormir com você", mas achou que talvez Fernanda já poderia estar com outro alguém, e ela estava em seu direito, não tinha nada a fazer. A grande bagunça de sentimentos em sua cabeça e coração, não deixaram Pitel dormir essa noite, mal sabia ela, mas no quarto de Fernanda, a carioca também estava acordada abraçada ao travesseiro que um dia foi dela.
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FanficRio de Janeiro, 2024 Local: Companhia das Artes do Rio de Janeiro, rua Riachuelo, Lapa RJ Duas atrizes em formação, duas histórias, uma vida. Substituímos a casa do bbb24 por um turma de teatro. Esta é uma história Pitanda, se você não for Pitander:...