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eu gravaria o teu rosto limpo em páginas de memórias escondidas  —  é bonito te observar esperando pelo carro do seu pai nas escadas do colégio. toda essa gente pode dizer o quanto você é lindo, mas ninguém nunca soube da sua verdadeira beleza como eu.

"seus olhos sempre brilham" eu o disse com meus próprios olhos no laboratório, mais cedo.

"quieto"  era nitidamente o que você me respondia com as suas bochechas coradas.

oh sion, você jamais viajaria em meus braços e nunca morderia o meu travesseiro com força, sem fôlego, não da forma como você se esconde.

o seu pai tem um orgulho enorme de você, e acredita que terá uma namorada incrível futuramente. nossos professores te aplaudem e vêem um futuro digno grudado em suas costas. nossos colegas te acham tão legal que você chega a quase não ter inimigos por aqui.

já eu sei o quanto você quer me beijar na boca, sei o quanto quer que eu te beije molhado por inteiro. e você sabe disso.

e como poderia negar? se quando me vê tirando o uniforme de educação física fica totalmente atrapalhado e com as bochechas tímidas, puxando um ar falhado pelos lábios.

uma vez eu te disse:

"você quer tanto que eu te coma."

com a minha própria boca. e então, você respondeu:

"eu não sou gay, que merda."

enquanto se esfregava devagarinho em mim de costas, ansiando para eu te agarrasse sem que ninguém nos visse no meio daquele salão lotado de alunos mascarados.

porra, eu sempre soube o quanto você é safado. mas você continua sendo perfeitinho demais para cabular meus pensamentos, sion.

"ei, riku"

perfeitinho demais para deitar-se comigo e gemer o meu nome da forma mais manhosa possível, porque você é um manhoso do caralho.

"riku."

perfeitinho demais usando roupas comportadas com seu óculos meio quadrado, tirando notas boas, não dizendo palavrões ou xingamentos, sendo estranhamente amigável e confortável de estar perto com todos.

"cacete, riku! me escuta!"

sion, você é perfeitinho demais para deixar essa pose de falso hetero de lado e ficar por pelo menos uma noite comigo. perfeitinho ao ponto de agradar o seu pai em tudo e não se permitir dizer em voz alta o quanto gosta de mim.

— por favor.

acato o pedido, te vejo com mais clareza quando me viro em sua direção. a calçada vazia te deixa tranquilo e com mais coragem.

— não deveria estar com o seu pai?

— por que ficou estranho hoje? — me ignorou tão rápido que teve que puxar o ar um tanto mais forte, e continuou — o que aconteceu, você pode me dizer?

eu poderia?

— vá para casa.

está esfriando e eles sentem sua falta quando foge para perto de mim por uns minutos, para que eu te cante, para que eu te deixe envergonhado ou excitado com as coisas que te digo, apenas para escutar a minha voz sendo encaminhada somente para você, e só você  —  nunca vi alguém tão ciumento quanto.

— não faz isso, não agora. — sua mão por pouco agarra meu ombro esquerdo, você não tem tempo, eu lhe agarro primeiro.

mesmo de costas, sinto sua presença. minha mão se fecha em seu ante braço e num piscar de olhos suas costas batem contra a parede do muro do colégio. vejo em seus olhos o susto, o anseio, o medo. nada disso deveria ser um problema meu.

— eu mandei você ir pra casa. — digo entre dentes, com o rosto próximo, com a outra mão segurando a sua gola.

pareciam minutos, mas durou poucos segundos. eu o larguei e segui meu rumo sem olhar para você novamente. porque porra, se eu o visse com aquele olhar tristonho e com os olhos castanhos marejados, eu juro que te engoliria no mesmo momento — e beijaria suas bochechas, porque você também gosta quando eu sou carinhoso.

foi dureza pra mim também. chegar em meu quarto e saber que você obedeceu, saber que já estava deitado apenas com suas meias e cueca sobre sua cama chorando e soluçando baixinho para ninguém o escutar. eu sei sobre tudo isso.

sei que gostaria de me ligar, mas você nunca ligou. sei que gostaria de me enviar mais uma mensagem seca de boa noite, porque é o máximo do que se permite fazer. eu sei que você gostaria muito de comentar em uma foto minha do feed, dizendo-me para deleta-la, porque você não suporta a ideia de outras pessoas me desejando.

e eu terrivelmente sei que ninguém no mundo todo me quer tanto quanto você. mas sion, você é tão covarde. agora eu realmente sei que esperar por você é de uma grande burrice, mas é difícil para mim também processar — mudanças te assustam, e se você está assustado, prefere que eu segure a sua mão por baixo dos panos. eu também prefiro.

mas a tarde chegou, e eu já estou longe.

𑁘𑁘

omaga, oi.
short fic. ♡

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⏰ Última atualização: Aug 17 ⏰

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