Capítulo 7

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Alix narrando

Ela entrou com um lanche leve, parou com a bandeja em minha frente.

- Na mesa ou na cama? - Ouvi-la dizer aquilo me fez recuar um pouco. Do que ela estava falando?

- Sai pra lá! Tá maluca? - Franzi a sobrancelha.

- Você vai comer sentado na cama ou na mesa? - Ela revirou os olhos e prendeu o riso. - Estou falando da refeição.

- Não revira os olhos para mim, não gosto disso. - Falei ríspido, para não demonstrar que fiquei sem graça.

- Desculpe. - Ela abaixou a cabeça.

- Pode por lá na mesinha, vou no banheiro primeiro. Quer me ajudar lá também? - Sorri de um jeito que a deixaria sem graça.

- Só podemos fazer pelo paciente aquilo que ele não é capaz de fazer por si mesmo. - Para minha surpresa ela não ficou sem graça.

- Bla bla bla. - Falei com deboche e entrei no banheiro. - O que tenho que fazer pra essa garota me deixar em paz? Tenho que melhorar logo, só assim vou ter paz. Sai do banheiro e sentei para me alimentar. Ela me observava de longe. - O que é? Já pode ir embora.

- Com licença, depois eu volto com o medicamento. - Ela falou gentilmente e saiu. Minutos depois ela voltou com um despertador na mão. - Isso é pra eu não te assustar. - Colocou na cabeceira da cama e saiu.

Que mulher chata! Fiquei observando ela sair. Liguei para De La Cruz.

- Cara, quanto você quer? Vem buscar essa garota. Ela está parecendo minha mãe.

- Estou viajando, quando voltar de viagem passo aí. - Ele falou com ar de riso e desligou na minha cara.

Eu mereço, não é possível.
Tomei o suco e comi o lanche, tomei banho e deitei para dormir. Já estava tarde.

O dia estava amanhecendo e o despertador começou a tocar, bati nele e taquei longe, eu estava com uma dor de cabeça horrível e parecia estar com febre também.

- Desse jeito vai quebrar. - Ela entrou com os remédios.

- Você é muito chata, sabe disso? Irritante! Parece até um fantasma. - Ela deu um sorriso fino. Mahelí não se arrumava, sua beleza estava escondida atrás de um rabo de cavalo baixo, uma blusa larga e calça de moletom. Talvez seja para não me seduzir, talvez tenha medo que eu me atraia por ela. Coisa que é quase impossível acontecer.

- Essa chatice é para seu bem. - Ela se aproximou e deu o remédio na minha mão, pegou a garrafinha de água e me entregou. Mahelí parou de frente comigo e ligou o abajur, ela me encarava.

- O que é? Vai morder ou coisa do tipo? - Ele me observou por uns segundos.

- Você está com febre? - Como ela sabia?

- Não, estou bem. - Deitei e puxei a coberta.

- Posso colocar a mão em sua testa?

- Não. - Fui seco. Vai, eu quero descansar.

Ela virou e saiu do quarto, virei para o lado e me encolhi um pouco, respirando aliviado. A febre aumentou em segundos, eu me tremia todo. O frio estava insuportável.

- Alix, toma o remédio. - A voz dela ecoou atrás de mim, me fazendo dar um pulo de susto.

- Cara, eu estou quase dando um tiro em você. Está insuportável você aqui toda hora. Me deixa em paz.

- Depois que você melhorar, não vai ver minha cara mais. Pode ficar tranquilo. - Sentei na cama e me encolhi um pouco. Ela me deu o remédio e a água.

- Satisfeita? - Falei após beber a medicação.

- Vou ficar aqui sentada, até a febre passar.

- Pronto! - Passei a mão no rosto.  - O que eu fiz para merecer isso? Quem eu matei que não era pra matar meu Deus? - Ela sentou na poltrona no canto do quarto e ficou ali. O quarto estava escuro, deitei e fiquei a observando. A febre aliviou e eu adormeci.

Senti Mahelí, depois de algumas horas, mexendo no meu braço suavemente para colocar o termômetro.
Ela verificou e talvez tenha visto que eu não estava com febre, pois não me deu mais remédios.  Sentou na poltrona novamente e eu adormeci.
Acordei pela manhã e a vi cochilando na poltrona, o tempo estava muito frio, ela se escolheu toda e temia um pouco.  - Ei.  - Balancei seu ombro. - Vai para seu quarto. Fica dormindo no quarto dos outros.

- Desculpe. Fiquei a noite toda te monitorando. Acabei cochilando. Você está melhor? - Ela bocejou e olhou para mim.

- Sim, estou melhor. Agora vai. - Levantei e sentei na cama.

- Vou preparar seu café da manhã. E trazer seus remédios. - Ela saiu do quarto, dava para ver a exaustão em seu rosto. Pensei em levantar, mas me senti mal e deitei novamente, será que eles colocaram veneno na munição que me atingiu?
Fiquei tonto e deitei, ela entrou com as coisas.

- O que foi? Está se sentindo mal? - Ela colocou o termômetro embaixo do meu braço. Eu estava com febre novamente. - Eu acho que essa munição estava batizada. Seu ferimento está muito quente. - Ela colocou a mão em cima do curativo. - Tem que pedir para entregarem alguns medicamentos específicos.

- Escreve aqui. - Dei meu celular em sua mão. Ela digitou a lista e me deu o celular. Copiei e enviei para a farmácia.

- Se alimente.

- Não estou conseguindo sentar, estou me sentindo estranho. - Minha cabeça estava explodindo, meu corpo e juntas doíam.

- Vou dar em sua boca, você não pode ficar sem comer. - Ela pegou a bandeja e colocou em cima da cama. Apoiou minha cabeça e deu o café da manhã na minha boca, eu não estava em condições de rejeitar nada. Os remédios chegaram e ela foi buscar.

- O que é isso? - Me referi a sacola de remédios em sua mão.

- Vou fazer um coquetel para você. Assim você vai melhorar logo, mas vai demorar alguns dias.

- Aproveita e coloca álcool nesse coquetel. - Ela olhou para meu rosto e balançou a cabeça, prendendo o riso. Eu falei para ser irônico, mas ela achou graça. Mahelí misturou os medicamentos e me deu.

- Bebe tudo. - A encarei por um momento e olhei para os remédios. - Eu não vou te matar, está bem? É para você melhorar. Tomei os remédios e deitei novamente.

- Daqui a pouco eu volto para ver se você consegue se levantar. Quer tomar banho no chuveiro, ou quer que eu te dê no leito? - Ela falou séria.

- O quê? Tomar banho na cama? - Parei por um tempo pensando. - Claro que vou tomar no banheiro.

- Está bem. Descansa. Já volto para te dar banho.

- Está doida? Eu tomo sozinho.

- Como você quiser.

Os dias se passaram e eu tive uma piora. Mahelí ficou o tempo todo do meu lado, me alimentando e dando os medicamentos no horário certo. Ela estava ficando na poltrona, eu acordava pela madrugada ela estava lá, encolhida.
Eu queria levantar a cobri-la, mas não tinha forças para isso.
Após uma semana eu estava novinho em folha, mas em compensação Mahelí estava exausta.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora