Cap 4 - A Estrela de Hawking

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O Parlamento deferiu a decisão da Grande Comissão na escolha da estrela de Hawking, o fato de que ela gestava um buraco negro em seu núcleo não interferia nas condições de habitabilidade quando o planeta passase a orbitar essa estrela. O buraco negro no interior da estrela tinha um pouco mais do que o tamanho da antiga lua da Terra, estava crescendo a um ritmo muito lento.

Ao contrário do que o senso comum e os filmes de ficção científica dizem, os buracos negros são chatos para se alimentar, quando cai matéria nele geralmente cai numa órbita espiralada, um disco de matéria orbitando o buraco negro gera radiação. Essa pressão de radiação vence a gravidade da estrela e gera uma bolha de radiação que separa o buraco negro do resto do núcleo, eventualmente o buraco negro pode consumir mais matéria aumentando a radiação resultante da acreção de matéria o que faria a estrela se expandir afastando a matéria e consequentemente o buraco negro ia acabar consumindo menos matéria.

A estrela era igual uma boneca russa que guardava o buraco negro no núcleo, a pressão de radiação de acreção de matéria estava em equilíbrio por enquanto, seria bem seguro durante alguns milhôes de anos e a humanidade não precisava nem de 100 mil pra conseguir o que queria.

Depois que a decisão do parlamento foi aprovada, passou para referendo popular, que obviamente foi aceito por unanimidade e tanto o Arconte quanto o Presidente poderiam sancionar, o Arconte era algo como um vice-presidente então Angelo o fez.

O físico britânico Stephan Hawking (1942-2018) provavelmente nunca imaginou que acharíamos essa estrela que ele havia teorizado, e com toda certeza não imaginou que seu planeta ia orbitar uma.

A Cidadela onde ficavam os palácios do Capitólio ficavam num domo em cima de uma planice, de cima dava para ver o a cidade de Nova São Paulo escavada por algumas centenas de quilômetros. O domo era necessário pro holograma de céu artificial, ficava encravado numa parede de uma coluna da grande caverna onde ficava a cidade, dava acesso a superfície do palaneta exterior que só as sondas de exploração passavam desde quando a Estrela Assasina arrancou o mundo de seu sistema solar.

O Presidente olhava satisfeito os fogos, luzes e comemorações dos neopaulistanos, pouco depois voltou pro Palácio do Poder. As mesmas comemorações ocorriam e 150 distritos estanques espalhados pelo mundo, cada distrito era uma réplica de Nova São Paulo caso houvesse mais algum desastre planetário.

Houve uma pequena festa, no salão principal do palácio, qualquer historiador ficaria louco porque com o passar dos séculos o povo achou mais elegante o estilo de roupa e arquitetura do século XIX e as músicas do século XX. Todos dançavam ao som de Come By Me com trajes que poderiam variar com o estilo de 1850 até 1940, o som era só uma voz masculina e um piano num ritmo dancante.

Na segunda parte da música chegaram os metais e a percursão, alguns dos mais respeitáveis e insuspeitos de uma civilização de nerds davam piruetas, cambalhotas, movimentos que desfiariam os cossacos e dançancarinos de frevo.

Gabriel via seu Presidente chegar no salão, era homem de expressões delicadas, um tanto magro demais e pálido demais, tinha cabelos de um loiro mais caramel, os olhos de Angelo eram claros que variavam de azulado a prateado, no centro haviam manchas alaranjadas, tinha lábios carnudos e bem rosados, seu rosto em descanso parecia geralmente bravo.

Assim que chegou a música mudou para Space Oddity que quebrou completamente o clima dançante, mas ninguém ligava, continuavam rindo, bebendo e se divertindo, Angelo aproveitou a mudança para abraçar Gabriel e dançar lentamente.

"Parabéns meu Schwarzschild!" Disse Angelo.

"Você não parece tão feliz quanto os outros, vamos estar velhos mas vamos ver a nova estrela, e é uma... Não, é a minha estrela de Hawking." Disse Gabriel.

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