Cap 7

177 24 3
                                    

"Como pode ser gostar de alguém, e esse tal alguém não ser seu..."
      Amado - Vanessa da Mata

_________________________________

Após um longo suspiro, Carol retirou das orelhas o caríssimo par de brincos que ganhara do namorado e o colocou sobre o móvel de madeira, ao lado da cama; a loira queria poder esquecer o episódio no jantar, mas era simplesmente impossível. Natália havia lhe beijado e, o que era pior, ela havia correspondido.

— A banheira está muito úmida.

Quando Natália abriu a cortina azul, tirando-a de seus pensamentos, Carol levou um susto gigante, pulando na cama e se cobrindo para esconder sua camisola curta e meio transparente, sentindo o coração acelerando com a adrenalina.

— Por favor, deixa eu dormir aí.

A morena estreitou os olhos, involuntariamente se comovendo mediante à imagem da irlandesa com um bico no rosto e as mãos juntas em súplica, liberando um lado da cama para que ela pudesse deitar.

— Um ronco e você volta pro chuveiro.

— Feito.

Natália logo correu e se enfiou debaixo das cobertas com um sorriso no rosto, se acomodando de maneira desajeitada e cuzando as mãos sob a cabeça.

Fez-se um silêncio. Carol, curiosa como era, não pôde evitar em se perguntar o que se passava na cabeça da irlandesa naquele momento.

— Quem diria, hein... — quebrou o silêncio devagar. — Achei que chegaria a Dublin em apenas algumas horas.

— À respeito disso, preciso cobrar por noite.

— Que surpresa! - revirou os olhos.

— Pois é, serão mais 100 euros

— 50.

— Vamos fechar em 75. - estralou os dedos e colocou as mãos sobre o peito. — Totalizando assim, 675 euros.

Carol bufou, indignada, virando de costas para
Natália que deu um sorriso bobo, adorava irritar a morena.

— Ótimo, se tudo tem a ver com dinheiro pra você, então serão 675 euros. - disse, fazendo Natália ficar confusa. — Boa noite.

O silêncio se instalou entre elas mais uma vez, de costas uma para a outra, no escuro do quarto, as mulheres inevitavelmente lembravam do que acontecera entre elas mais cedo.

Natália não se arrependia de tê-la beijado, muito pelo contrário, e Carol não havia se incomodado com tal atitude, o que era um problema porque ela era comprometida; de qualquer modo, o beijo aconteceu e mexeu com ambas mais do que deveria.

Vagarosamente, Carol e Natália foram se remexendo sobre a cama, primeiro deitando com as costas no colchão, depois encarando o teto, até que, por fim, seus olhos se encontraram em meio à penumbra; apesar de rápida, aquela troca de olhares esteve envolta por uma confusão de sentimentos que nenhuma das duas conseguiria ordenar, e aquela constatação foi suficiente para que elas, novamente, dessem as costas uma para a outra em uma clara tentativa de barrar pensamentos que não se encaixavam em sua peculiar relação.

Natália acordou altivamente, dando um longo suspiro e olhando ao redor, só então se lembrando de onde estava; piscou algumas vezes para acomodar a visão, surpresa ao perceber que seu braço repousava sobre a lateral do corpo de Carol. Em algum momento da madrugada, Natália provavelmente se movera, acabando naquela posição que parecia mais um abraço desajeitado do que qualquer outra coisa. Com a maior delicadeza que pôde, desfez o contato, silenciosamente levantando e indo se aprontar para começar mais um dia.

Casa Comigo?Onde histórias criam vida. Descubra agora