𝖢𝗈𝗇𝖼𝗅𝗎𝗂𝖽𝖺 › fluffy
❝Sonhos de contos de fada se realizam, porém, sonhos da vida real, também podem se realizar. Yang Jeongin sonhava com um garoto que não sabia nome e nem aparência, entretanto, acaba o reconhecendo no colégio em que est...
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Odeio o primeiro dia de aula. É sempre o pior dia de todos.
E lá estava eu, sentado sozinho na sala de aula, com a cabeça sobre a mesa e desenhando coisas aleatórias em meu caderno. Estava esperando as aulas começarem, não que eu fosse prestar atenção, mas pelo menos sairia do tédio.
Os garotos jogavam bolinhas de papel de um lado para o outro e a grande maioria estava reunida em grupinhos e sentados em cima da mesa. As garotas estavam no grupinho delas fofocando sobre os garotos e brincando com o cabelo umas das outras.
De repente a porta da sala se abriu, no início pensei que fosse o professor, mas logo passou um grupinho de garotos pela porta. Por suas roupas, julgo que sejam do time de basquete. Não dei tanta bola e continuei a desenhar.
Claro, isso foi até um destes garotos abrir a boca.
— Ei, Changbin. Você ainda está saindo com o Felix? — Um dos garotos perguntou.
— Não, vocês sabem como ele é. — Riu soprado e os garotos riram junto a si.
Por algum motivo sua voz me soava muito familiar.
Mas não tive tanto tempo para pensar, pois sou o garoto novo e é claro que eu seria um dos brinquedos preferidos destes garotos, típico.
— E quem é você?
O garoto que disse isso se aproximou de mim e colocou seu braço por cima de meu ombro, claramente querendo me intimidar. Fechei meu caderno rapidamente e me encolhi em meu assento.
— Sou novo. — Falei baixo.
— Olha galera, o novato gosta de desenhar! Vamos ver os desenhos dele?!
Um dos garotos gritou, consequentemente o que estava me importunando tomou o caderno de minhas mãos e folheou as páginas.
— Por que seus desenhos não têm rosto? — Zombou.
— Eu vejo ele nos meus sonhos....
Por algum motivo fui sincero e essa foi uma péssima ideia, os garotos passaram a rir de mim.
— Ih Changbin, ele é viadinho igual você. Ele vai ser seu namoradinho agora?
— Parem de importunar o garoto.
O tal do Changbin pareceu irritado e tomou o caderno da mão do menino e me entregou. Este que era mais baixo que eu parecia ser o capitão do time ou algo assim, porque no mesmo instante os garotos pararam de me incomodar.
— Não liga para eles, daqui alguns dias eles esquecem você.
Sussurrou enquanto colocou o caderno em minhas mãos.
[...]
Os outros dias não sucederam como eu imaginava, foi completamente diferente do que Changbin falou, pelo contrário, foi pior. O grupinho de amigos dele fez questão de dizer para a escola inteira que eu sou gay, algo que nem eu mesmo planejava contar em algum momento. Acabei virando chacota na escola toda, exceto por Changbin, que sempre que obtinha oportunidade me defendia.
E foi o mesmo desta vez, agora estava sentado no banco do vestiário masculino com uma bolsa de gelo em minha bochecha.
Os garotos não gostavam de trocar de roupa comigo dentro do vestiário, então acabou que neste momento ele era só meu. Exceto por Changbin que me espreitava pela porta.
— Está tão feio assim?
Perguntei sobre os hematomas em meu rosto e corpo, causados por seus "amigos". O menor estava de braços cruzados e encostado na porta, mas quando perguntei isso ele se aproximou de mim e sorriu.
— Só um pouquinho. — Falou sincero.
Nós dois rimos em conjunto e tirei o gelo do meu rosto ao ver que já parecia estar um pouco melhor.
— Porquê os deixa fazer isso consigo? — Soou preocupado e dei de ombros.
— Revidar é pior.
O castanho se aproximou e se sentou ao meu lado no banco, abri espaço para que ele se sentasse e me surpreendi quando o mais baixo levou a mão até meu rosto e afastou o cabelo do meu rosto.
De repente senti um estalo em minha memória. Era ele, o garoto dos meus sonhos. Apesar de nunca ter visualizado seu rosto e não saber seu nome, eu já havia escutado sua voz em um destes sonhos.
— Ei, com o que você tem sonhado ultimamente? — Ele pareceu estranhar a pergunta. — Sei que é estranho, mas apenas me conte e depois irei lhe explicar.
— Ah... Bem. — Pareceu vasculhar seus pensamentos. — Na maioria das vezes eu não sonho, e quando sonho surge um garoto sem rosto. Não sei bem quem é.
— Exatamente como eu... — Murmurei para mim mesmo.
Changbin franziu o cenho, não entendendo o que eu queria dizer. Me sentei de lado, de frente para ele. Peguei nas mãos dele, o outro não pareceu se importar e parecia pronto para ouvir o que eu tinha a dizer.
— Isso tem acontecido comigo também, eu sonho com um garoto sem rosto e sem nome. Mas em um desses sonhos eu pude ouvir a voz dessa pessoa. — Fiz uma pausa. — Eu não tenho certeza absoluta, mas sua voz parece muito com a dele....
Seo pareceu confuso mas um estalo também pareceu vir a sua mente.
— Pensando melhor, eu acho que também ouvi a voz dele e pelo o que me lembro, me parece muito com a sua.
Agora o castanho parecia animado com tudo isso e me permiti dividir um pouco desta animação consigo.
Passamos a conversar sobre o assunto e percebemos que nossos sonhos tinham várias coisas em comum. Com tudo isso dito, resolvemos ir cada um para a própria casa e dormir, para no dia seguinte vermos se estávamos certos.
Dito e feito. Era ele com total certeza, não tinha erro.
Changbin me disse o mesmo.
Daí em diante, paramos de sonhar com isso. Como se a missão por trás destes sonhos estivesse concluída.
Não demorou muito para que virássemos amigos próximos e claro, foi inevitável não me apaixonar pelo jeito de Seo. Então não demorou muito para que começássemos a namorar, e foi aí que seu grupinho de amigos parou de me importunar.
Algo sobre "Ninguém nunca mexe com os namorados de Changbin"
Algo que eu não entendia muito, pois em minha visão meu namorado não conseguiria machucar nem uma mosca, mas por algum motivo todos tinham medo dele.
De qualquer forma, ele sempre foi o garoto dos meus sonhos. Literalmente.
