A Lua Nova

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O Jaguar F-pace agora encontrava-se parado em uma rua deserta de São Paulo, em um bairro onde haviam mais casas que prédios. Ligado, por fora com os faróis acesos e por dentro com a mistura dos perfumes das duas mulheres, o veículo estava em frente à casa de Verônica, que anteriormente guiou a mulher loira até sua residência.

Verônica encontrava-se no banco do passageiro, ao lado de Anita, que tinha sua mão esquerda na coxa da mais nova, em um toque suave. O caminho fora rápido e silencioso, apenas com trocas de carícias entre as duas mulheres.

A mulher loira mentiria se dissesse que havia qualquer mínimo resquício de arrependimento pousando sobre si. Desde que suas mãos encontraram as curvas da morena, desde que seus ouvidos ouviram seus gemidos, e desde que sua boca sentiu seu gosto... O mundo não era mais o mesmo como poucas horas atrás, quando seus sentidos ainda não tinham sido arrancados junto da infernal saia que Torres usava.

Verônica virou seu rosto para observar Anita, inclinando seu pescoço levemente para o lado, sorrindo suavemente. A loira já havia percebido que era algo que Verônica fazia instantaneamente, fazia parte dela.

- Se cuida, Verônica. - a voz da mais velha soou calma.

O corpo da morena inclinou-se ao de Anita com cuidado, beijando levemente seus lábios, acariciando seu pescoço. As línguas encontraram-se com calma, o beijo era lento, proveitoso. Fora finalizado suavemente por Verônica em silêncio, que ainda com o olhar fixo no rosto de Anita, destravou a porta se retirando do automóvel, deixando a mulher loira com um leve sorriso no rosto, logo dando partida dali.

Verônica adentrou a casa com um turbilhão de sentimentos e pensamentos, uma avalanche. Seus braços estavam moles demais para permanecer segurando qualquer livro, então simplesmente deixou que eles caíssem pela sala e rumou em passos lentos ao aparelho de som que existia ali, selecionando a música que ecoava na sua cabeça desde que havia saído do carro.

A batida de "Like a Virgin" se instalou no local. Era alta, dominava a casa de Verônica, gritava para a vizinhança que havia presença na residência.

I made it through the wilderness
Somehow I made it through
Didn't know how lost I was
Until I found you

Envolvida pela música, alcançou uma garrafa fechada de vinho que repousava sob o pequeno bar de madeira que tinha em sua sala de estar. Suas mãos abriram rapidamente a garrafa e seus lábios alcançaram o gargalo, bebendo com vigor. A letra da música parecia falar com Verônica, descrever sua situação atual, parecia que fora testemunha do que aconteceu entre as duas mulheres.

I was beat, incomplete
I've been had, I was sad and blue
But you made me feel
Yeah, you made me feel
Shiny and new

Verônica entregou-se à melodia. Tomou um longo gole e seu corpo inclinou-se ao chão, depositando a garrafa ali. A mulher sentia-se livre, levou uma mão à saia que envolvia seu corpo agora suado novamente, retirando do seu corpo e com as duas mãos, retirou sua blusa justa enquanto dançava. Conforme retirava suas roupas, sentia a liberdade sair do seu exterior, esvair-se pela casa, fluir, dançar junto a ela. Verônica despiu-se querendo que seu corpo estivesse desimpedido, pois seu espírito e interior estavam.

Oh, like a virgin
Touched for the very first time
Like a virgin
When your heart beats next to mine...

A letra, a voz e o ritmo penetravam a alma da mulher, que era atingida pelos flashs dos seus corações acelerados, próximos, envolvidos pela adrenalina e pelo prazer, os seus seios encostados... Verônica parecia viver tudo novamente, sob sua pele, a vida ardia, tinha sua carne viva. Seu corpo apenas coberto pela lingerie cor de vinho, movia-se com liberdade, enquanto a melodia crescia, sua energia se intensificava, a morena bagunçava seus cabelos enquanto girava e contorcia-se em paixão, entregue à música.

Fascínio - Veronita Onde histórias criam vida. Descubra agora