Acordo sonolento numa cama confortável, me sento meio grogue sentindo a dor de cabeça da ressaca da noite passada. Só me lembro de beber até quase cair e conhecer um garoto.
Até que percebo que estou totalmente nu, e aquele não e meu quarto..
Solto um grito alto, caindo da cama e caindo em cima de algumas roupas e vejo que são minhas roupas amarrotadas.
- Cala boca! - o garoto a meu lado acorda e se senta na cama jogando um travesseiro em mim irritado.
- tu comeu meu cu? - pergunto segurando o nervosismo e me levanto querendo ir embora o mais rápido possível.
Acordei na casa de um estranho, pelado e sem lembrar de nada.
- quem é você, mano? - ele me pergunta confuso. - como tu entrou na minha casa?! - Ele grita se cobrindo com o lençol.
- eu vou lá saber?! ‐ respondo me vestindo o mais rápido possível, a minha cabeça nem dói mais.
Eu transei com um cara! Não posso deixar ninguém saber disso..se minha irmã saber vai espalhar pra todo mundo.
- vai embora logo seu estranho! Se minha irmã te ver vai me dedurar- xispa logo! - ele ordena me acompanhando até a porta já vestido.
- não conta pra ninguém mano. - tento falar até ele bater a porta na minha cara. - mal educado do caralho. - resmungo ficando emburrado.
Eu sei onde eu tô, passo por esse caminho todo dia pra voltar da escola, então sei como voltar pra casa.
Desço o morro da favela com as mãos no bolso da bermuda, irritado e com medo da reação de minha família para quando eu chegar em casa.
Paraliso no portão de casa, chegando ao mesmo tempo que minha irmã. Seu cabelo meio bagunçado indica que ela passou a noite acordada e tá chegando agora também.
- se você não contar, eu também não conto. - digo com um mini sorrisinho abrindo o portão, beleza, passamos a noite possivelmente fazendo merda.
- ok ok. - ela sorri se fazendo de sonsa também e entrando em casa.
Tranco o portão e tiro o chinelo deixando na entrada, passando pela cortina de fitas que minha mãe fez e entro na cozinha, suspirando fundo vendo mais outro bilhete na geladeira.
- mano, vou pro meu quarto! - Maria Eduarda diz tirando o casaco e subindo as escadas.
Só aceno com a cabeça, indo fazer o almoço, já que mais uma vez minha mãe não tem tempo pra isso.
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Minha irmã já foi pra escola, mas eu não tô com vontade de ir.
'Não é como se algum adulto fosse ficar bravo comigo' penso dando um sorrisinho enquanto solto a fumaça de cigarro, na laje de casa apoiado nos tijolos.
Ainda tô com o quadril meio dolorido, e flashs da noite passada começam a passar na minha cabeça. Não sei se estou corado ou não, nas estou com vergonha.
Eu dei pra um branquelo de uma boate desconhecido. Isso seria ruim? Eu terminei o namoro ontem e já dei..
'Mas até que ele era bonitinho..' apago o cigarro no meu braço para acordar para a vida, talvez a dor da carne queimada me faça voltar ao normal.
Qual é Nicholas..se controla!
- Eu não sou gay! - grito para me convencer, por mais que aquilo tenha sido ótimo.
E de qualquer forma, não é como se a gente fosse se ver denovo. Foi só uma ficada. Apenas isso.
Desço do terraço, emburrado porque meu braço ainda tá ardendo por causa do cigarro. Vou até o banheiro e abro a torneira, com as gotas caindo na queimadura.
- Aí.. - arrulho baixo, por quê eu fui inventar?!
Meu celular vibra em meu bolso, uma ligação da minha irmã. Oque essa peste quer agora?
- oque é? - pergunto desligando a torneira é segurando a toalha.
" minha amiga pode ir dormir aí em casa hoje? Por favor! "
- desde quando você tem amigos?
" pode ou não? Melhor não ter amigos do que ter aqueles maconheiros."
- pode. E respeita meus amigos. - desligo na cara dela.
'Ótimo mais uma praga vai vir me infernizar.'- sussurro me jogando no sofá de casa, não tem nada pra fazer, louça lavada e tem janta, não tenho dinheiro nem pra ir comprar uma pedrinha de crack.. que saco.
O som dos ponteiros dos relógios começa a me irritar enquanto olho pro teto, o tempo passa se arrastando. Até que fico olhando os produtos de limpeza no chão tô banheiro embaixo da pia.
Não tem muito oque fazer começo a passar pano na casa enquanto escuto música, qualquer coisa pra passar o tempo.
Também vou arrumar meu quarto e o da minha irmã, bem entro no quarto da minha mãe pois o cheiro forte de sexo chega a incomodar.
Porque ela é sempre assim?! Duda por favor não seja igual ela, nem igual a mim. Aquela velha imbecil se aproveita que o papai trabalha demais e passa o tempo no bar pra ir se prostituir para qualquer um..nem dinheiro isso dá, enquanto eu fico aqui cuidando da minha irmã. Não que eu esteja reclamando, eu amo minha irmã, mas queria que as coisas fossem diferentes..
Deixo esses pensamentos de lado enquanto empurro o sofá para poder jogar mais desinfetante no chão e passar a vassoura para ensaboar.
- EU PEIDO NEGRO, ANDO NEGRO, CORRO NEGRO, DEITO NEGRO, EU MORRE NEGRO SOU NEGRO NE-NE-NEGO NEGRO! - canto alto, minha alto estima tá ótima agora, já que por causa da dor do quadril fui verificar se aquele imbecil não tinha deixado nenhum marca e percebi que tenho uma cintura.
Podem vir mulheres!
o universo parece não gostar de mim, tanto que na minha playlist do spotify que está no aleatório pois eu não vou pagar para ouvir música começa a tocar 'vida de empreguete'
- a vai tomar no- quando ando para poder mudar a música escorrego no chão levando um tombo. E por instinto tentei me segurar no balde d'agua que virou na minha cabeça.
Depois de algumas horas de luta, tudo está limpo e arrumado. Sou mesmo o orgulho da família.
Sorrio convencido admirando meu trabalho pois o chão está brilhosinho, mas minha irmã abre a porta de casa com um sorrio inocente.
- oi Nico cheguei! - ela sorrio colocando sua mochila em cima do sofá.
- tira o sapato! Acabei de passar pano! - grito segurando a maçaneta da porta para ela e sua amiga entrarem.
- licença. - sua amiga entra, caraca a menina é branca. Parece um fantasma.
- menina tu precisa tomar sol - acabo soltando surpreso, Duda pirragueia sorri segurando a risada.
- eu..não posso tomar tanto sol moço..- sua amiga diz com um sorriso meio sem graça. Aí que percebo e peço desculpa, a menina é albina.
Elas olham pra porta e sua amiga se despede, alguém acompanhou elas?
- venho de buscar amanhã as oito, não faz merda. - eu conheço essa voz..
Olho para a porta e..O garoto que eu transei tá ali..