³³* O verdadeiro vilão.

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Pov'Giacomo.

Parecia que a vida havia decidido que era divertido me fazer sofrer, talvez fosse karma, não sei se acredito muito nisso, mas parecia que eu estava destinado a sofrer. Olhei as paredes do meu quarto, eu amei Jeanine com todo meu ser, foi meu primeiro amor, mas por algum motivo perder Ellen estava sendo pior, mesmo sabendo que ela não morreu de verdade, a sensação era exatamente essa, me sentia de luto, devastado de formas novas, mas outra vez eu não podia baixar a cabeça, tinha que seguir em frente, me manter de cabeça erguida por Francesca que precisava de mim. A vida ainda estava acontecendo, e dessa vez eu desejava que não fosse assim, desejava estar morto ter morrido no lugar de Jeanine, assim não teria deixado minha filha sem mãe, e não teria cometido o erro de usar Ellen para me vingar, e tudo que veio depois nunca teria acontecido, não teria que conviver com aquela sensação de que foi minha culpa o aborto, mesmo eu chamando Ellen de mostro por ter feito o que fez, eu era o real vilão, se ela soubesse tudo o que fiz teria ainda mais motivos pra me odiar, eu a matei em minha vida e matei nosso filho.

Teria que viver a minha vida toda com aquela culpa, escolhas feitas em momentos de raiva tem consequências gigantescas, havia aprendido isso finalmente, agora eu estava preso a marfia, sozinho outra vez, e sem Ellen, sentia que haviam arrancado meu coração do peito.

Mesmo sem desejar conversar com Jeff, fui ao seu encontro, sabia que haviam muitas coisas a serem resolvidas, então lá estava eu seguindo para o lugar combinado, uma parte minha desejava que ele decidisse por me matar, uma parte egoísta, que se sentia culpado demais, mas não era real, tudo que eu menos queria era morrer, não por mim, mas por minha filha, ela havia perdido muito, e se eu morresse ela cresceria ao lado de Giancarlo e Stephania, que eram a única família próxima, e eu não permitiria isso. Não deixaria minha filha sozinha, mesmo que a dor me corroesse por completo.

- vim falar com Jeff - murmurei.

- ele está a sua espera - o homem já de certa idade falou - por aqui.

O segui para dentro da casa grande, não tanto quanto a que ele morava, mais ainda era de proporções desnecessária, seguimos por um longo corredor até a porta que ficava no final dele, o homem bateu uma vez, então abriu e me anunciou, ouvi Jeff pedido para me mandar entrar.

- pode entrar

- obrigado - passei pelo homem e entrei na sala que era grande, a mesa no fundo dela era de madeira, uma outra coisa desproporcional, será que todos eles tinham essa necessidade de ter coisas assim para se sentiram Reis? Ou seja lá o que eles sentiam - estou aqui, como pediu.

- achei realmente que nunca viria.

- não pude vir antes, minha filha precisava de mim.

- claro... Entendo, sente-se.

- estou bem de pé, não posso demorar.

- sente-se - Dessa vez não foi uma sugestão.

Segui na direção da mesa grande e sentei em uma das cadeiras estofadas, Jeff tinha aquele mesmo olhar irônico que Giancarlo, chegava a ser assustador, parecia que eles não sentia medo ou empatia, como se a máfia houvesse roubado o melhor deles, deixando só a crueldade e ironia.

- pode falar.

- você tem sorte por ainda estar vivo.

- eu não sabia que ela era sua filha quando a conheci, não sabia quem era você ou Eric. Eu passei minha vida afastado de tudo isso.

Jeff me encarou fixamente por um temp, como se estivesse avaliando a veracidade das minhas palavras, esperei ele falar.

- e quer mesmo que eu acredite?

- você sabia quem eu era?

- não.

- exatamente, eu nunca me envolvi com a  máfia, até recentemente quando Giancarlo me fez ficar.

- ele fez?

Eu sabia que aquilo ia piorar tudo, mais mentiras, mas duvidava que Jeff iria até meu pai em busca de confirmar sua história, e contar a verdade sem dúvidas ia garantir minha morte.

- ele quem descobriu quem era Ellen, eu a conheci como a mulher que salvou minha filha, e foi por ela que me apaixonei. Mas depois veio tudo isso, não sabia como contar a verdade, como me afastar, então...

- ele usou isso pra te fazer ficar.

- sim.

Jeff me encarou de uma forma diferente, não havia ironia ou superioridade, ele levou uns minutos até voltar a falar algo, e quando falou me pegou de surpresa, porque era algo que eu não imaginava ouvir.

- sinto por ter pedido eles.

- obrigado.

- isso não muda o que somos, mas ainda sim.

- entendo isso... Infelizmente a muito além.

- sim, eu sempre tentei manter Ellen afastada de tudo isso, quando a mãe dela entendeu que essa vida era literalmente "mata ou morrer" e decidiu ir, eu garanti que teriam o melhor, que estaria seguras, queria que Ellen nunca tivesse voltado.

Eu desejava o mesmo, apesar do que vivemos, apesar de amar ela, eu sabia que não fui bom pra ela, sabia que havia lhe feito muito mais mal do que bem.

- eu entendo o sentimento.

- por amor a minha filha, vou manter você longe da minha mira, mas isso não significa que não vou atrás de Giancarlo.

Levantei devagar e o encarei, então murmurei muito baixo, mas com convicção.

- espero que consiga.

Jeff apenas acenou com a cabeça, então caminhei em direção a saída, aquela foi a conversa mais bizarra que já tive na vida, parei quando cheguei a porta.

- nunca vamos ser amigos - virei para olhar para ele - porque desejo que morra tanto quanto ele, mas...

- mas?

- destrua-o.

Sai da sala sem esperar a resposta.

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- onde esteve? - Giancarlo estava parado no meio da minha sala, aquilo estava começando a me irritar.

- acredito que não seja da sua conta o que faço da minha vida - murmurei.

- você acha mesmo que é mais esperto que eu.

- não, na verdade me sinto um grande idiota. Obrigado por isso - falei com a maior ironia que pude.

- o que foi fazer na casa de Jeff ?

Como ele sabia?

- fui para o sepultamento de Ellen, Francesca queria estar lá.

- e saiu vivo?

- ao que parece uma trégua de um dia foi posta... Em respeito a Ellen.

- e você acreditou?

- estou aqui, e vivo... Então ele foi mais verdadeiro que você.

- eu? Eu nunca o enganei filho, você se enganou... Seu ódio fez você cometer todos os erros que cometeu nos últimos meses.

Ele estava certo.

- pode tentar me culpar por fazer parte de tudo isso, mas foi seu desejo de vingança que o trouxe até aqui.

- você teria dado um jeito - falei com raiva.

- você prefere acreditar nisso, mas não é a realidade, e mesmo que fosse... Não teria matado Jeanine, você só esqueceu que o homem que poupou sua vida hoje e o verdadeiro culpado por tudo que lhe aconteceu, a morte de Jeanine, a morte dos seus filhos, e a morte de ... ELLEN, mas você é tão culpado na morte dela quanto ele, você desejou vingança, pode até me odiar, mas não sou o vilão da sua história.

- se não é, então porque não me deixa em paz?

- porque eu disse que se entrasse não teria mais volta, e não tem.



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