Cap-8

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— Rune, querido, precisamos levar estas duas para casa. Você vai encontrar a Poppy?
— Sim, senhora — respondi, rindo discretamente de Ida e Savannah, as irmãs de nove e onze anos de Poppy, dormindo em seus assentos. Elas não ligavam para música, não como Poppy.
O sr. Litchfield revirou os olhos e acenou de leve para mim; então se virou para acordar as meninas e levá-las para casa. A sra. Litchfield me deu um beijo na cabeça, e os quatro foram embora.
Enquanto descia para o corredor, ouvi sussurros e risinhos vindos do meu lado direito. Olhando sobre os assentos, vi um grupo de calouras olhando para minha direção. Baixei a cabeça, ignorando os olhares.
Acontecia muito. Eu não tinha ideia do motivo pelo qual tantas delas me davam tamanha atenção. Eu estava com Poppy desde que elas me conheciam. Eu não queria nenhuma outra pessoa. E gostaria que elas parassem de tentar me tirar da minha garota – nada faria isso.
Passei pela saída e fui até a porta dos bastidores. O ar estava denso e úmido, fazendo minha camiseta grudar no peito. Meu jeans e minhas botas pretas eram quentes demais para o calor da primavera, mas eu usava roupa preta todo dia, não importava o clima.
Vendo os músicos se aglomerarem ao lado da porta, eu me encostei na parede do auditório, descansando o pé nos tijolos pintados de branco. Cruzei os braços sobre o peito, soltando-os apenas para tirar o cabelo dos olhos.
Vi os músicos sendo abraçados por seus familiares e então, ao flagrar as mesmas garotas de antes me encarando, baixei os olhos para o chão. Eu não queria que elas fossem até ali. Eu não tinha nada para dizer a elas.
Meus olhos ainda estavam baixos quando ouvi passos em minha direção. Olhei para cima no momento em que Poppy se jogou no meu peito, os braços envolvendo minhas costas, apertando-me forte.
Soltei um riso curto e a abracei de volta. Eu já tinha um metro e oitenta e dois, então ficava muito acima do um metro e cinquenta e dois de Poppy. Mas eu gostava de como ela se encaixava perfeitamente em mim.
Aspirei profundamente para sentir o cheiro adocicado do perfume e pousei o rosto em sua cabeça. Depois de um último apertão, Poppy se afastou e sorriu para mim. Seus olhos verdes pareciam enormes com o rímel e a maquiagem leve, e seus lábios estavam rosados e exuberantes por causa do protetor labial de cereja.
Deslizei as mãos pela lateral de seu corpo até alcançar suas bochechas macias. Os cílios de Poppy bateram, deixando-a totalmente doce.

Sem conseguir resistir ao desejo de sentir seus lábios junto aos meus, eu me curvei lentamente para a frente, quase sorrindo ao ouvir o suspiro que Poppy sempre soltava naqueles instantes anteriores ao encontro de nossos lábios.
Quando nossos lábios se tocaram, soltei o ar pelo nariz. Poppy sempre tinha aquele gosto de cereja, e o sabor de seu protetor labial inundava minha boca. Ela retribuiu meu beijo, suas pequenas mãos agarrando com força os lados da minha camiseta preta.
Movi minha boca contra a dela, devagar e com suavidade, até que finalmente me afastei, depositando três beijos curtos e leves em sua boca avolumada. Tomei fôlego e observei os olhos de Poppy piscando até se abrirem.
Suas pupilas estavam dilatadas. Ela lambeu o lábio inferior antes de me dar um sorriso reluzente e dizer:
— Beijo trezentos e cinquenta e dois. Com meu Rune, encostada na parede do auditório.
Segurei a respiração, esperando que ela continuasse a falar. O brilho nos olhos de Poppy me dizia que as palavras que eu esperava iam sair de seus lábios. Chegando mais perto, balançando na ponta dos pés, ela sussurrou:
— E meu coração quase explodiu.
Ela só registrava os beijos muito especiais. Apenas os que faziam com que ela sentisse seu coração cheio. A cada vez que nos beijávamos, eu esperava por aquelas palavras.
E, quando elas vieram, Poppy quase me fez explodir com seu sorriso.
Ela riu. Eu só podia sorrir com o som de felicidade em sua voz. Dei outro beijo rápido em seus lábios e desgrudei um pouco dela, para passar meu braço por seus ombros. Eu a puxei para perto e encostei o rosto em sua cabeça. Os braços de Poppy envolveram minhas costas e meu abdômen, e eu a levei para longe da parede. Quando fiz isso, senti Poppy congelar.
Levantei a cabeça e vi as calouras apontando para Poppy e cochichando entre si. Os olhos delas estavam focados em Poppy nos meus braços. Minha mandíbula se apertou. Eu odiava que elas a tratassem daquela maneira – por puro ciúme. A maioria das garotas nunca dava uma chance a Poppy porque queriam o que ela tinha. Poppy dizia que não ligava, mas eu percebia que sim. O fato de ela ter endurecido em meus braços me dizia o quanto.
Eu me posicionei de frente para Poppy e esperei que ela levantasse a cabeça. Assim que o fez, ordenei:
— Ignore essas meninas.
Senti um peso no estômago quando a vi forçar um sorriso.

*postei 3 cap hoje a pedidos de vocês 🫶🏼🫶🏼*

Mil beijos de garoto Onde histórias criam vida. Descubra agora