"Você nunca andará sozinha
Você sempre poderá falar comigo
Você nunca, nunca andará sozinha
Me chame de Pequeno Raio de Sol
Me chame de Mefistófeles
Me chame quando você estiver se sentindo sozinha
Basta me chamar de Pequeno Raio de Sol"Call me Little Sunshine - Ghost (adaptado).
A perna da garota balançava num ritmo acelerado enquanto ela esperava sua vez de depor, não estava nervosa, mas sim impaciente. Tinha tudo na ponta da língua, todos os detalhes das mentiras que iria falar e sabia que conseguiria ser convincente.
— Não vai poder dizer à polícia que se relacionou com ele. — Lúcifer disse sentado ao lado dela com as pernas e braços cruzados, também tão entediado quanto Ayla. — Não sei que tipo de perícia vão fazer no corpo dele, mas não podemos arriscar que provem que o garoto não teve nenhuma relação sexual momentos antes de morrer.
Ayla escutou com atenção e reformulou seus argumentos o mais rápido possível, já que viu o garoto dedo-duro ser liberado e o policial de aparência mais velha a chamar.
Era uma sala bem bonita, ao contrário da caixa de metal maciça e escura que Ayla pensou que seria a sala do depoimento. Tinha janelas com persianas e os dois policiais estavam sentados na ponta de uma mesa azul, rodeada de cadeiras estofadas, que se estendia pelo comprimento do cômodo.
Ela sentou-se numa das cadeiras próximas aos dois, onde provavelmente o garoto dedo-duro havia sentado porque já estava deslocada de lugar.
— Muito bem, Ayla Aquino. Segundo as informações de Vitor, tu foi, provavelmente, a última pessoa a vê-lo com vida, certo? — o policial mais velho, cujo nome Brito estava escrito no uniforme, perguntou pondo as mãos entrelaçadas sobre o bloco de notas em cima da mesa. Helena encarava a filha com dureza e seriedade, Ayla evitou a troca de olhares com ela pois era muito constrangedor sentir toda a decepção de uma mãe por meio do olhar dela.
— Bom, eu acho que sim. Conheci ele lá.
— Por favor, narre tudo o que aconteceu.
Sem pestanejar, ela começou:
— Nós começamos a beber juntos e aí nos beijamos e a coisa esquentou, ele me convidou pra ir pro quarto lá em cima, sabe, pra, bem, tu sabe — ela desviou o olhar envergonhada.
— Preciso que deixe tudo esclarecido para não haver mal entendimentos mais tarde — Brito explicou enquanto anotava algo no bloco de notas.
— A gente iria transar. Mas não aconteceu, eu disse que iria ao banheiro antes e quando eu voltei ele tava dormindo, dormindo profundamente. Acredito que ele tenha bebido muito ou até usado alguma substância, porque quando ele relaxou, caiu num sono pesado — ela explicou e olhou de relance para a mãe que mantinha as sobrancelhas franzidas, pouco convencida.
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Meu Diabo Particular
Misteri / ThrillerE se o próprio Lúcifer fosse seu anjo da guarda? Ayla, uma gaúcha que nunca saiu do próprio estado, viveu as primeiras décadas de sua vida sob o olhar protetor de seu exótico anjo da guarda: o próprio Diabo. Mas, com o surgimento de uma ameaça imine...