Verônica havia montado um verdadeiro dossiê, além do quadro com todas as informações que tinha até ali e que, por enquanto, levavam do nada a lugar nenhum.
- Estamos deixando passar alguma coisa? - Anita pergunta, parada ao lado da escrivã que aproveitava o aroma do perfume da delegada, enquanto encaravam juntas o grande mapa de pistas e teorias.
- Impossível. Eu já revisei esse caso milhares de vezes.
- Já checamos todos os possíveis suspeitos?
- Nada que indique qualquer ligação e os depoimentos não levantaram suspeitas. Além da autópsia sem muito êxito também. Apenas as transcrições estranhas no corpo da vítima.
- Talvez devêssemos desmontar e montar tudo de novo - Sugere e elas começam a reformular todo o quadro. Num dado momento suas mãos se cruzam em um toque calmo.
Elas trocam um olhar cúmplice que dizia tudo que as bocas vinham omitindo uma da outra. Tanto Vero quanto Anita haviam descoberto uma vontade avassaladora de ficar mais perto, de poder manter pelo menos o olhar uma sobre a outra.
Um anseio apaixonado.
Batidas na porta as despertam. Carvana aparece com cara de poucos amigos e ao verificar a pose defensiva de Anita com os braços cruzados, a escrivã percebeu que o clima era tempestuoso, retirando-se. Mas ainda ficando atenta ao que acontecia dentro da sala da loira.
Não que precisasse de muito esforço para notar algo que vinha sendo comum: Carvana gritando com Anita.
Mas naquele dia a discussão estava mais acalorada e até mesmo, Carlos Alberto, o delegado geral, havia saído de seu gabinete e passado por ali mais cedo.
Verônica que antes adorava quando seu padrinho dava uma prensa na delegada metida, estava passando a detestar que ele a tratasse daquela maneira. Não era mais a delegada má. Era sua parceira. Era sua delegada metida. Era a mulher por quem Verônica se descobrira enlouquecidamente atraída.
Os sapatos começam a ecoar e um furacão de salto alto se direciona até os banheiros.
Vero sai em seu encalço adentrando o cômodo hesitante e se deparando com a delega com o rosto molhado e a torneira ainda aberta.
- Fazer o certo é uma furada - Sussurra entredentes. Sabia que era Verônica ali, a reconhecia pelo cheiro amadeirado - Das grandes - Fecha a torneira e puxa vários lenços do suporte, passando a secar o rosto que só agora Verônica pode ver com exatidão e estava extremamente vermelho.
- Fazer o certo edifica. Faz você se sentir melhor - Se encosta na pia de modo que fique de frente para a loira, pega os lenços de suas mãos e começa a enxugar o rosto avermelhado delicadamente.
- Pois eu me sinto uma merda. Principalmente por não poder socar a cara do seu padrinho querido.
- Você fica linda brava - A desarma com uma só frase. A própria Vero arregala os olhos ao perceber o que havia dito tão naturalmente - Quer dizer... Você já é linda e quando fica brava, o que é quase sempre...
- Então eu sou linda o tempo inteiro? - Pergunta com um sorriso de lado. A carranca deu lugar ao tom e a expressão cafajeste de sempre.
- Você não toma jeito mesmo, não é?! - Tenta sair para jogar fora os lenços molhados que vão de encontro ao chão quando anita a puxa pela cintura, colando seus corpos- A-Anita... Alguém pode nos ver - Diz num fio de voz.
- Eu não ligo - Sussurra com seus lábios sobre o de Verônica que já havia perdido a batalha e avançado sobre aqueles lábios convidativos envoltos do batom vermelho.
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Senses - Veronita
RomanceDizem que entre o ódio e o amor há um fio de conversação. Ambos são intensos e afetam os sentidos, mas quando esse diálogo acontece entre a boca e o coração, tem-se o desejo desenfreado. Verônica e Anita ainda não sabiam, mas colocariam essa teoria...