VI - O Cadastro do Anjo Rebelde

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"Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar

Você me tem todo o dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim"

Gita - Raul Seixas

Ayla bufou estressada enquanto procurava uma camiseta decente para ir no velório, na verdade ela já tinha uma mente, mas não a encontrava

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Ayla bufou estressada enquanto procurava uma camiseta decente para ir no velório, na verdade ela já tinha uma mente, mas não a encontrava. Após limpar os fios de cabelo grudados no rosto e retirar metade deles da boca, ela correu até o patamar da escada e, apoiada no corrimão, encarou o chão da sala e procurou pela mãe.

— Onde tá minha camiseta do Ghost?! — gritou.

Helena surgiu no andar de baixo e olhou para a filha.

— Vai ir num velório com camiseta de banda? — Ayla assentiu e a mãe franziu a testa desaprovando. — Eu lavei, mas já deve ter secado.

A garota correu em direção ao quarto de hóspedes que servia como depósito de roupas para dobrar em busca da camiseta. No meio do caminho encontrou Lúcifer arrumando cuidadosamente sua gravata e alinhando os fios das sobrancelhas frente ao pequeno espelho posto sobre o armário.

— Quanta vaidade... — ela comentou baixinho. — Parece até que alguém vai te ver.

— Você irá me ver. O mínimo que te devo é uma apresentação adequada para a situação, senão irá pensar que sou desleixado.

Ayla achatou a boca e murchou os ombros para ele. Lúcifer falava como se não se conhecessem há mais de vinte anos e soubessem mais um do outro do que qualquer um na Terra, Céu ou Inferno.

A igreja era exatamente como qualquer outra igreja de cidade pequena: pintada de branca, uma janela redonda acima das grandes portas, cruz no topo e duas torres nas laterais onde ficam dois sinos que fazem a maior algazarra.

— Ayla, que bom vê-la aqui, como está indo a faculdade?

Madalena estava na porta da igreja recepcionando a todos, mas Ayla podia apostar que ela afugentava até os bons espíritos dali.

— Tá muito boa, não me arrependi ainda.

— Que bom! Sabe, não te vejo muito por aqui, seria bom participar do grupo de jovens, sabe? Acho que tu iria gostar.

Ayla disparou um sorriso amarelo em sua direção.

— Minha filha não tem tempo pra participar da igreja, precisa se dedicar aos estudos antes de qualquer coisa — Helena disse, guiando a garota para dentro do local e livrando-a de Madalena.

Apesar de ter uma mãe que participa ativamente da igreja, Helena não era nem de longe fanática e sabia muito bem balancear o que era prioridade e o que não era, e Ayla agradecia por ela ser assim.

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