Clarice fixou seu olhar, como se temesse que ele a levasse de volta à casa de seu pai. No entanto, com uma voz serena, disse enquanto Seraphina observava Willian e Marryson da cabeça aos pés:
— Estou em segurança e não pretendo retornar à casa de meu pai tão cedo. Aqui estou protegida junto de minhas amigas.
Willian olhou para Clarice, enquanto Marryson parecia não nutrir muita afeição por ela. Então, Willian falou:
— Não estou aqui para forçá-la a voltar à sua casa. Eu e Marryson desejamos apenas passar uma noite aqui.
Morgana olhou com desgosto, cruzando os braços enquanto se aproximava de Willian. Ela se posicionou na frente dele e, com confiança e dominância, disse:
— Dormir em nossos quartos, nem pensar. Vocês podem dormir na sala com algumas cobertas. Não queremos homens perto da gente, vai saber o que vocês fariam.
Esmeralda sorriu de forma travessa enquanto se aproximava de Morgana, tocando suas costas e fazendo uma leve massagem em seu ombro. Ela colocou a cabeça no ombro de Morgana e, ainda sorrindo travessamente, disse com sua voz sedutora e rouca:
— Morgana, querida... Não exagere tanto. Eles não parecem ser desse tipo de homem, especialmente aquele ruivinho.
Esmeralda se aproximou de Marryson, tocando seus cabelos ruivos e admirando-os:
— Admirável! Seus cabelos são tão brilhantes e bem cuidados. O que você usa neles?
Marryson respondeu com entusiasmo:
— Água de arroz. É saudável para lavar o cabelo.
Todos ficaram surpresos. Esmeralda era uma mulher admirável e uma boa companhia para conversar. Apesar de sua personalidade venenosa e aproveitadora, ela era uma boa pessoa. Seraphina sorriu de lado para Clarice, que ficou corada.
Então assim foi. As quatro mulheres foram dormir em um único quarto que tinha duas camas, de modo que duas dormiam juntas em cada cama. A noite foi se passando após muitas conversas entre Esmeralda e Marryson. Enquanto conversavam, Esmeralda mencionou a dificuldade de cuidar de seus cabelos volumosos e cacheados. Marryson, por sua vez, admirava a pele negra, limpa, macia e bonita de Esmeralda, e eles continuaram a trocar confidências sobre vaidade e cuidados pessoais.
Nesse meio tempo, Morgana observava seriamente Willian, que conversava com Clarice sobre os motivos que os levaram a fugir. Seraphina sussurrava no ouvido de Morgana e depois ria, tentando aliviar o ambiente tenso.
Na noite fria, todas as quatro mulheres finalmente adormeceram, exceto Morgana e Esmeralda, que compartilhavam a mesma cama, mas estavam viradas uma para cada lado. Willian e Marryson também já estavam dormindo. Esmeralda, virando seu corpo para Morgana, olhou para o rosto sério dela, que encarava o teto. Passando suavemente as unhas pelo peito de Morgana, Esmeralda soltou uma risada sensual e disse:
— Por que está tão séria? Está brava, querida?
Morgana se sentou na cama, arrepiada com o toque de Esmeralda. Tirando a mão de Esmeralda de seu peito, ela sussurrou:
— Pare de me tocar assim. Mulheres como a gente não fazem isso com outras mulheres.
Esmeralda também se sentou na cama, aproximando o rosto do de Morgana. Tocando as mãos dela, ela se inclinou para a orelha de Morgana e disse:
— A culpa não é minha se você se sentiu estranha por um simples toque. Você precisa relaxar, querida. Se quiser, eu te ajudo...
Disse Esmeralda com um olhar travesso, enquanto Morgana, relutante, acabava concordando. Após alguns minutos, Seraphina bocejou e abriu os olhos, ouvindo alguns gemidos de dor de Morgana e suspiros de Esmeralda. Com a mente poluída, Seraphina começou a pensar em coisas de duplo sentido e, indignada, virou-se para ver o que estava acontecendo na cama de Morgana e Esmeralda.
— Mas que desgraça vocês estão fazendo...?
Seraphina ficou sem palavras ao ver que Esmeralda apenas massageava as costas nuas de Morgana com um óleo corporal que Morgana havia comprado na vila dias antes e nunca tinha usado. Esmeralda e Morgana olharam curiosas, sem entender a reação desesperada de Seraphina. Esmeralda, ainda olhando para Seraphina, deu mais uma massageada nas costas de Morgana, que disse:
— Chega de massagem por hoje.
Morgana saiu da frente de Esmeralda, mas Esmeralda a segurou, puxando-a de volta e dizendo:
— Não pode ficar assim, senhorita. Você anda muito estressada esses dias. Vou massagear suas costas devagar agora.
Morgana suspirou, olhando para Seraphina, que observava com um olhar travesso. Seraphina disse:
— Esmeralda, faça a sua massagem nela, mas não façam barulho. Clarice pode acordar, e eu quero dormir. Além disso, eu acho que vocês...
Morgana a interrompeu, lançando um olhar sério e dominante.
— Vá dormir, Seraphina.
Sem recuar, Seraphina começou a se cobrir ao lado de Clarice, que suspirava suavemente, dormindo como um anjo. Seraphina sorriu antes de adormecer ao lado dela.
Em silêncio, Esmeralda passava o óleo gelado nas costas de Morgana, fazendo-a recuar ligeiramente por causa do arrepio. Esmeralda continuou massageando suavemente as costas nuas, brancas e macias de Morgana. Aproximando o rosto do pescoço de Morgana, ela inalou seu cheiro e disse:
— Suas costas estão tão macias, mas você tem muitos pontos de tensão aqui. Acho que você está trabalhando demais... Quando se abaixa muito para puxar o balde do poço, isso também pode afetar essa área.
Esmeralda tocou o local onde Morgana sentia dor, fazendo-a gemer um pouco. Sorrindo, Esmeralda perguntou:
— Morgana, você... já beijou alguém?
Morgana ficou envergonhada e levemente irritada. Em sussurros irritados, ela respondeu:
— Beijar alguém? Claro que não...
Esmeralda não demonstrou grande surpresa; ela conhecia bem a reserva de Morgana em relação a relacionamentos. Com audácia, ela brincou enquanto tocava nos lábios de Morgana:
— E se me concedesses um beijo? Assim, poderias dizer que já trocaste um beijo com alguém.
Esperava, no máximo, uma reação de Morgana, um grito irritado ou algum alvoroço. Mas Morgana não disse nada; ela apenas se virou e encarou os lábios de Esmeralda, fazendo o coração desta disparar. Morgana se aproximou dos lábios de Esmeralda, que fechou os olhos e apenas sentiu os lábios de Morgana na bochecha dela. Enquanto isso, Morgana soltava uma risada baixinha e dizia:
— Por que estavas tão nervosa? Achaste que eu iria te beijar? Que hilário.
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⌊ 𝕽𝐄𝐍𝐀𝐂𝐈𝐃𝐀𝐒 ⌋
Historická literaturaNeste intrigante relato histórico, quatro mulheres destemidas da Idade Média buscam independência em um mundo dominado por normas opressoras. Longe de desejarem o caminho tradicional de casamento e submissão, elas desafiam as expectativas, enfrentan...