Liria: As Ruínas de Valoria. LIVRO III

Capítulo 2: Ecos do Passado

Capítulo 2: Ecos do Passado

A luz do amanhecer se infiltrava pela densa folhagem da floresta de Valoria, pintando o chão com manchas de ouro e sombra. Caelan avançava com passos silenciosos, cada movimento calculado para não perturbar o equilíbrio sagrado daquele lugar. Ele sabia que a jovem Líria estava ali, em algum lugar entre as árvores antigas, uma criança perdida prestes a descobrir o destino que moldaria não apenas sua vida, mas o futuro de todo o reino.

Ele a encontrou sentada sob um carvalho gigantesco, seus joelhos abraçados contra o peito, os olhos grandes e castanhos refletindo a vastidão da floresta ao seu redor. Ela parecia uma parte da própria natureza, uma criatura feita de folhas e luz, e Caelan sentiu uma pontada de dor ao pensar no peso que logo recairia sobre aqueles ombros pequenos.

"Líria," ele chamou, sua voz suave como a brisa que agitava as folhas acima.

Ela levantou o olhar, surpresa e cautela misturadas em sua expressão. "Quem é você?" ela perguntou, sua voz não mais que um sussurro.

"Meu nome é Caelan," ele respondeu, mantendo uma distância respeitosa. "Eu vim de muito longe para encontrar você."

"Por quê?" A desconfiança era evidente em seu olhar, e Caelan sabia que conquistar sua confiança seria uma tarefa árdua.

"Porque você é especial, Líria. Você tem um dom que precisa ser descoberto, e eu posso ajudá-la a entender."

Líria olhou para ele, avaliando suas palavras, seu rosto jovem marcado por uma sabedoria precoce. "Como posso confiar em você?" ela indagou, e Caelan sentiu o peso da pergunta como se fosse físico.

"Você não precisa confiar em mim agora," ele disse honestamente. "Mas eu peço que me ouça. O que tenho para dizer é sobre o seu futuro, e o futuro de Valoria."

Nos dias que se seguiram, Caelan trabalhou para ganhar a confiança de Líria. Ele contou histórias da floresta, falou das árvores como se fossem velhas amigas, e mostrou a ela pequenos milagres da natureza — o orvalho em uma teia de aranha, o voo sincronizado dos pássaros, a dança das sombras ao meio-dia.

Líria ouvia, fascinada, mas ainda reticente. Ela o seguia pela floresta, seus passos hesitantes no início, mas ganhando confiança à medida que os dias passavam. Caelan sabia que o momento de revelar o verdadeiro propósito de sua visita estava se aproximando, e com ele, o risco de perder tudo o que havia construído.

Finalmente, em uma manhã enevoada, quando a névoa se enrolava em torno das árvores como um segredo sussurrado, Caelan decidiu que era hora.

"Líria," ele começou, seu olhar fixo no dela. "Você já sentiu como se a floresta estivesse viva, como se pudesse falar com você?"

Ela assentiu, um brilho de reconhecimento em seus olhos. "Sim, às vezes."

"Isso é porque ela está viva, e ela fala, de uma maneira que poucos podem entender. E você, Líria, você é uma dessas poucas. Você é a guardiã de Valoria, e dentro de você há um poder que pode proteger ou destruir."

Ele retirou o Amuleto do Tempo, a joia brilhando com uma luz interna, e o segurou diante dela. "Este amuleto é a chave para o seu poder, mas também é muito mais. É um símbolo do amor, da esperança e da coragem que você inspirará."

Líria estendeu a mão, tocando o amuleto com um dedo trêmulo. "Eu sinto," ela sussurrou. "Sinto como se algo estivesse despertando."

Caelan sorriu, um sorriso triste e cheio de conhecimento. "Sim, e é apenas o começo. Mas você deve estar pronta, pois o caminho à frente é longo e cheio de sombras."

O capítulo termina com Líria olhando para o amuleto, uma mistura de medo e maravilha em seus olhos, e Caelan observando, sabendo que o primeiro passo em direção à salvação de Valoria havia sido dado.

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Este capítulo detalhado busca capturar a complexidade da relação entre Caelan e Líria, a dificuldade em construir confiança e a revelação do poder que Líria possui. A narrativa é intencionalmente lenta e cuidadosa, refletindo o processo pelo qual Caelan deve passar para convencer Líria de sua missão e do papel crucial que ela desempenhará no destino de Valoria.