Capítulo 8

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O diretor Boris olhava furioso para Ellie.
— Quero uma explicação para a sua rejeição neste momento.
Olhou de volta para ele, furiosa, pronta para falar com o homem de uma forma rude.
— O que tem para explicar? Não me faça passar por isso outra vez. Já disse uma centena de vezes e nada vai mudar o fato de que tem um problema com eles tendo seus próprios agentes de segurança. O oficial Fury me ajudou a me limpar dentro daquele banheiro. Mal conseguia andar de tão triste. Tive que matar dois homens, não sou militar, e não tenho esse tipo de preparo.
— Sei disso — ele retrucou.
— Estava abalada naquele dia quando aqueles malucos invadiram Homeland e não conseguia nem andar. Se você viu os vídeos do que aconteceu, então sabe que Fury teve que me carregar. Minhas roupas estavam ensanguentadas e ele apenas me emprestou sua cueca e uma camisa. Ele fez esse tipo de coisa decente. Qual é o seu problema? — Se levantou e resistiu ao impulso de bater na cara dele.
— Ele tocou-a de forma inadequada e quero uma queixa formal apresentada até as seis horas de hoje. Precisamos mostrar a eles que não podem fazer o que diabos eles quiserem. Eles não tinham autorização para fazer o que fizeram.
Inacreditável. Ellie ficou boquiaberta.
— Não vou fazer isso. Ele não me tocou de forma inadequada. Se quiser fazer um concurso de quem mija mais longe com alguém para mostrar quem está no controle, não me meta nisso. Nem sequer tenho o equipamento certo.
Ele ignorou o comentário sarcástico.
— Aquele homem te carregou para um banheiro onde a despiu na frente dele e ele se despiu na sua frente, obviamente, para dar-lhe seu maldito boxer. Isso é totalmente inaceitável. Escreva esse relatório agora. Isso é uma ordem.
— Não há câmeras dentro daquele banheiro. Você não sabe o que se passou lá dentro! — Ellie gritou, furiosa.
— Posso adivinhar. É isso, Srta. Brower? Você tem tesão pelo oficial Fury? Será que vocês dois fizeram mais do que trocar de roupas? Ele te fodeu?
Ela deu um passo para trás, as mãos em punhos cerrados. Queria o espancar tanto que teve que lutar para controlar seu temperamento. Não podia. Ele foi longe demais.
— Você é um idiota de mente suja, diretor Boris. Aquele homem e sua equipe salvaram minha vida. Onde diabos estava a sua equipe de segurança quando aqueles homens estavam usando veículos para destruíram as portas da frente do dormitório? Onde estavam quando me perseguiram pelo primeiro andar e fui obrigada a matar dois homens? Onde estavam quando aqueles idiotas me maltrataram e planejava me estuprar brutalmente na frente de suas câmeras antes de me matarem? Deixe-me dizer-lhe onde estavam. Eles estavam assistindo tudo de sua sala de controle de segurança. Os oficiais NE de segurança salvaram a minha vida e o oficial Fury, para sua informação, estava de costas enquanto eu limpava a mim mesma, manteve-se de costas para mim o tempo todo, e com os olhos fechados. Ele nunca me viu nua. — mentiu. — E não vi um centímetro de sua pele, exceto os braços — mentiu novamente. — Não me diga para cometer perjúrio escrevendo algum relatório falso, porque está irritado que salvaram o dia quando sua equipe de segurança de merda estava de brincadeira.
O diretor Boris levantou-se.
— Você está demitida. Pegue a sua merda e saia imediatamente de Homeland. Eu pessoalmente te prenderei por invasão de propriedade dentro de uma hora se você ainda estiver por aqui e deixarei a minha segurança de merda tirar seu rabo para fora dos portões da frente. Terei a polícia local à espera para lhe dar um novo lar dentro da cadeia da cidade.
Ela balançou a cabeça.
— Você é um canalha covarde. — Se virou e saiu do escritório.
Ellie engasgou com as lágrimas enquanto se dirigia para a porta externa. Só tinha uma hora para reunir tudo o que tinha e deixar o único lar que tinha. Teria de chamar a segurança para pedir-lhes para trazerem seu carro para o dormitório para carregar seus pertences. Todos os veículos pessoais foram armazenados dentro de um estacionamento seguro na parte de trás de Homeland. Foi uma medida de segurança padrão para impedir que os carros fossem destruídos por qualquer um. Não tinha mais casa, apenas alguns milhares de dólares em sua poupança, e sem emprego. O que doía mais seria a saudade que sentiria das mulheres, pois criou muito carinho por elas. Chegou ao guarda de segurança na porta de chumbo que de repente se moveu para bloquear seu caminho com um comportamento sombrio.
— O diretor Boris ordenou-me para tomar o seu cartão de segurança e levá-la diretamente para fora de Homeland. Declarou que seus bens pessoais serão colocados em seu veículo e trazidos a você dentro de uma hora no portão da frente.
Choque rasgou através dela, que nem sequer a permitiram dizer adeus para as mulheres ou empacotar suas próprias coisas. Meu comentário picante provavelmente impulsionou ao Diretor Boris a um novo nível de idiotismo. Merda. Seu próximo pensamento estava centrado em Fury. Nunca mais irei vê-lo novamente. Dor correu através dela. Poderia não ser sua pessoa favorita, mas nunca colocar os olhos nele novamente a deixou se sentindo miserável.
Ela balançou a cabeça tristemente quando o guarda de segurança colocou a mão em sua arma, caso argumentasse. Isso iria apenas tornar a situação impossível pior ainda. Soltou seu cartão de segurança para entregá-lo. Soltou sua arma, mas agarrou seu braço.
— Posso caminhar sozinha, obrigada. — Puxou o braço de sua aderência, mas não a soltou.
— Me foi dito que se você resistir de qualquer forma posso prendê-la e transferi-la para os policiais civis, quando chegarmos ao portão.
Não lutou, mas queria. Levantou o queixo no lugar. Lutou para conter as lágrimas mais enquanto o homem puxou seu braço com força e levou-a em direção ao sol brilhante. Mais dois guardas de segurança esperavam lá fora, um deles arrebatou seu cartão de segurança de sua mão.
O diretor Boris realmente estendeu o tapete vermelho de raiva dela, parecia, desde que foram atribuídos três guardas de segurança. Idiota. Os dois novos homens assumiram posições na frente e atrás, enquanto o guarda que ainda segurando o braço dela entrou um dos carros de segurança. Praticamente a empurrou para o banco traseiro. Fechou os olhos quando o carro se moveu, sabendo que a levaria até o portão, e ficaria fora da vida de Fury para sempre.
Ellie foi empurrada para o lado de fora do portão onde havia um grupo de manifestantes. Nervosismo a possuiu enquanto estava ali esperando o carro dela. Olhou para o grupo anti-Novas Espécies e desviou o olhar rapidamente quando percebeu olhares ameaçadores destinados a ela. Os manifestantes não sabiam sua associação com os Novas Espécies, mas viram o segurança acompanhá-la para fora. Aproximou-se mais das portas quando alguns dos manifestantes se aproximaram.
— Afaste-se — um dos guardas disse, estendendo a mão para sua arma.
Ellie congelou.
— Estou esperando o meu carro. Eles não gostam de mim. — Jogou a cabeça para as pessoas por trás dela. — Não posso esperar aqui até que o meu carro venha? É pedir muito?
O segurança sorriu.
— Mova-se de volta para a linha agora ou vou te fazer voltar.
Parecia totalmente sincero. Voltou e moveu-se três metros de volta para a linha pintada no chão. Alguns dos manifestantes estavam bem pertos a ela agora. Um dos homens olhou para ela e se aproximou. Ele era um tipo corpulento, com tatuagens mal feitas em seus braços nus e parecia ter saído da prisão.
— Quem é você? Você veio de dentro. Você é um daqueles amantes de animais de coração mole?
Ela engoliu em seco.
— Por favor, deixe-me em paz.
Uma manifestante mulher olhou para ela e virou o rosto para um dos guardas.
— Quem é essa mulher?
O guarda nem sequer olhou para Ellie.
— Ela trabalhava lá dentro, mas acabou de ser expulsa.
Ellie ficou boquiaberta com o guarda anunciá-la e imediatamente sentiu a hostilidade que veio do povo ao seu redor. Aproximou-se novamente à porta, com medo. Alguns deles pertenciam ao mesmo grupo que havia invadido Homeland. O guarda com a espingarda balançou a cabeça para ela.
— Te ordenei que voltasse.
— Sim — um dos manifestantes gritou para Ellie. — Por que você não vem até aqui, sua vaca? Adoraríamos ter uma conversa com você.
Ellie estudou a multidão. Não estavam mais andando, carregando cartazes de ódio. A observavam e aproximam-se, ao estilo da máfia. Seguravam seus cartazes como se fossem tacos de beisebol e o terror encheu Ellie. Olhou os portões novamente e pegou nas barras.
— Vou processar cada um de vocês se os deixarem me machucar e você será preso juntamente comigo.
— Então, saia — um dos guardas de segurança bufou para ela. — Eles não podem atacá-la se você não estiver aqui.
— Não posso. Meu carro e meus pertences pessoais estão sendo trazidos para o portão. Nem sequer tenho minha bolsa.
Ele deu de ombros e sorriu friamente.
— Não é nosso trabalho protegê-la mais. Você é uma ex-funcionária, cuide de si mesma e se afaste antes que tenhamos de te tirar a força. — Fez uma pausa. — E te espancar seria meu prazer. Ouvimos dizer que quer que todos sejamos demitidos, assim aquelas Novas Espécies possam tomar nossos empregos.
— O que está acontecendo aqui? — Uma voz irada masculina veio de cima, a partir da passarela.
Ellie olhou para cima. Não conhecia os Novas Espécies por nome ou rosto. Embora suas feições revelassem que fosse um, e também usava uma roupa tipo SWAT preta com as letras NE impressas em seu peito.
— Nada — o guarda de segurança respondeu.
O Nova Espécie franziu a testa quando encontrou o olhar de Ellie.
— Sou um oficial NE e estou no comando. Por que você está ai fora?
— Fui demitida. — Ellie olhou por cima do ombro para a multidão atrás dela. — Tenho que esperar o meu carro ser trazido para mim antes que eu possa sair. O segurança se recusa a me permitir esperar lá dentro e estou realmente em uma espécie de um congestionamento aqui. — Olhou para trás para ele. — Realmente gostaria de ficar segura, enquanto espero.
Alguém jogou alguma coisa e bateu no lado do braço de Ellie. Estremeceu e virou-se para ver o que a atingiu. Uma lata de refrigerante estava no chão e líquido escuro borrifou de onde havia rompido. Ellie se afastou dos manifestantes, avançou ao longo da porta quando alguém jogou alguma outra coisa. Mal desviou do caminho quando uma garrafa de água cheia ricocheteou na barra de metal ao lado de sua cabeça.
— Coloque-a para dentro — o oficial NE ordenou. — Agora!
— Ela foi demitida. — Explicou o guarda de segurança. — Ela não é mais nosso problema.
— Estou ordenando-lhe fazer isso agora. — Disse o oficial NE e rosnou. — Deixe-a segura. Não me faça repetir.
Alívio inundou Ellie quando um dos guardas de segurança olhou para ela, mas apontou para a seção de entrada da porta. Outra coisa voou e atingiu seu ombro. Não viu o objeto, mas doeu. O portão abriu, enquanto a multidão lançava outra coisa, mas dessa vez não acertou o alvo, quando se lançou para chegar do outro lado da cerca. Esfregou o ombro onde foi atingido e olhou para cima, com a intenção de agradecer ao oficial NE, mas desapareceu.
— Fique no portão. — O segurança mais próximo ordenou.
Balançou a cabeça. Estava feliz por esperar o carro lá, enquanto observava os manifestantes. Olhavam para ela e ainda não haviam retomado seus protestos. Idiotas, pensou, e virou as costas para eles. Desejou que pudesse se sentar no chão, mas não apelaria a isso. Fechou os olhos, abraçou seu corpo, e esperava que não tivesse que esperar tanto.
— Sta. Brower?
Ellie abriu os olhos, surpresa ao ver Fury se aproximando com o oficial NE que ordenou aos seguranças deixá-la voltar para dentro do portão. Fury usava jeans, uma camisa preta de mangas longas, e um par de botas. Seu cabelo foi puxado para trás em um rabo de cavalo e olhava furioso. Seu coração começou de imediato a acelerar na simples visão dele. Apesar de sua expressão, com muita raiva, parecia sexy em sua roupa casual que exibia seus ombros largos e cintura bem formada. Parou cerca de um metro e meio a frente dela com o oficial NE imediatamente à sua direita.
— O que está acontecendo? Slade me informou o que aconteceu lá fora. — Seu olhar percorreu seu corpo de cima a baixo, para examiná-la. — Você foi ferida por algo que jogaram em você?
Balançou a cabeça, decidindo não mencionar seu ombro latejante. Forçou seu olhar para longe de Fury para olhar Slade. O oficial NE que a salvou, que apenas a olhava com curiosidade.
— Obrigada por me permitir esperar aqui pelo meu carro. Estava ficando feio lá fora.
Ele assentiu. Ellie voltou a atenção para Fury. Mordeu o lábio, indecisa por alguns segundos, e então tomou uma decisão. Precisava ser avisado e ela queria que soubesse o que aconteceu dentro do escritório do diretor. Também queria dizer adeus a ele.
— Podemos falar em particular? — Olhou para o guarda de segurança em pé próximo a eles que, obviamente, ouvia cada palavra.
Fury franziu a testa, mas assentiu.
— Este é um assunto particular entre você e eu ou Slade pode ser incluído?
Ellie sorriu para Slade.
— Ele é mais que bem-vindo para fazer parte desta conversa.
Fury virou.
— Siga-me.
O guarda de segurança ao lado de Ellie, de repente agarrou o braço dela.
— Ela fica bem aqui. Estou sob ordens do diretor Boris de que ela deve ser mantida do lado de fora. Já estou violando essas instruções, permitindo que fique deste lado do perímetro. Ela não vai mais longe.
Fury girou de volta.
— Tire as mãos dela. — Fury rosnou as palavras. Mostrando sua irritação. — Eu dou as ordens acima de seu diretor. A mulher caminha conosco e você fique parado. Entendeu? Não a toque novamente.
O segurança olhou atordoado, mas soltou Ellie e deu um passo atrás. Fury acenou-a a andar na frente dele e Slade. Deu cerca de vinte passos antes de enfrentar os dois homens que estavam bem atrás dela. Lançou um olhar ao redor da área para ter certeza que nenhum guarda estava perto o suficiente para escutar.
— O que você quis dizer em privado? — O olhar de Fury encontrou o dela, amolecido, e sua tensão irritada relaxou.
— Queria avisá-lo que o Diretor Boris tem algo contra suas equipes de segurança. Tentou me obrigar a fazer uma queixa falsa hoje contra você e seus homens. Tenho certeza que se fez isso comigo, vai tentar fazer com outras pessoas. Ele está realmente puto por vocês estarem tentando tomar o controle de sua própria comunidade. Só queria que vocês soubessem. — Fez uma pausa. — Vocês me salvaram outro dia e acho que vocês são melhores do que a segurança presente. Acredito que estejam certos que ele vai tentar manter o comando de Homeland. Só queria deixar vocês informados.
Fury estudou-a, mas acenou com a cabeça depois de alguns momentos de estudo. A expressão de Slade virou pedra. Não revelou o que pensava. Ela podia muito bem ter falado sobre o tempo. Fury respirou fundo.
— Que tipo de relatório ele queria que você escrevesse contra a minha equipe?
O chão de repente parecia muito interessante para Ellie. Foi incapaz de olhar para ele.
— Ele tentou fazer um alarde sobre você ter ajudado a me limpar no banheiro do dormitório. Ele inventou algumas coisas bem erradas. — Olhou para ele antes de se concentrar no chão novamente. — Recusei-me a escrever a reclamação e disse que não poderia me fazer cometer perjúrio. Só queria avisá-lo do que aconteceu.
Podia sentir Fury olhá-la com um silêncio esticado. Finalmente olhou para ele para ver umas linhas de expressão ao redor de sua boca.
— Foi por isso que foi demitida? Acabei de ser informado de que aconteceu.
Notícias ruins realmente chegam rápido.
— Isso e pode ter tido algo a ver comigo chamando-o de alguns nomes não tão bonitos quando ficou muito bravo com a minha recusa. — Sorriu tristemente. — Ele provavelmente teria me deixado arrumar meus próprios pertences antes que o insultei.
Os lábios de Fury se contraíram, mas não sorriu. — Entendo. — Fez uma pausa. — Preciso de seu endereço e seu número de telefone residencial, no caso de Justice querer falar com você. Apenas me diga e vou lembrar da informação.
Os ombros de Ellie caíram, odiando admitir sua situação para ele.
— Estou indo achar um quarto de motel na cidade e ir a procura de emprego. Mudei-me de outro estado quando vim trabalhar aqui. Estou sem casa agora. Posso dar o meu número de telefone celular se estiver empacotado com as minhas coisas. Caso contrário, poderia ligar para o escritório para deixar o número do motel para Justice, se você realmente acha que ele vai querer falar comigo. Não tenho ideia de qual motel vou ficar ainda.
Fury piscou os olhos escuros e sua boca apertou em uma linha firme. Olhou para ela, parecia estar estudando-a por algum motivo que não conseguia entender. Forçou o seu olhar em Fury quando Slade falou.
— Tenho certeza de que vai ficar bem, Sta. Brower. Por favor, não esqueça de ligar para o escritório com suas informações de contato.
Ellie balançou a cabeça.
— Bem, mais uma vez, obrigada por fazê-los me deixar voltar para dentro. — Seu olhar voltou a Fury. Percebeu que seria a última vez que falaria com ele e se encheu de tristeza por isso. Olhava para ela silenciosamente. Queria dizer tanta coisa para ele, mas só conseguia pensar em uma coisa que resumia tudo.
— Por favor, seja feliz e agradeço por decidir que não deveria morrer. — Ela lhe deu um sorriso triste antes de voltar para o guarda de segurança à espera junto à porta. Ela sentiu seu olhar sobre ela por todo o caminho, mas continuou de costas. Não queria vê-lo ir embora pela última vez. Obteve sua liberdade e agora estavam quites.
Meia hora depois o carro chegou ao portão. Pegou as chaves, percebeu que tinham colocado a bolsa no banco da frente, e entrou. Depressão a preenchia fortemente. Nunca voltaria a Homeland ou a Fury. Não fazia ideia para onde ia ou o que fazer com sua vida naquele momento.
Os guardas abriram os portões e empurraram os manifestantes para lhe darem acesso à rua. Alguém jogou alguma coisa e bateu no lado de seu carro. Encolheu-se, mas foi embora sem verificar se havia causado algum dano. Aquele era o menor dos seus problemas.
* * * * *
— Você fez a coisa certa. — Justice pôs a mão no ombro de Fury. Olhava para a porta que seu amigo estava observando por quase quarenta minutos. — Sei que foi difícil para você deixá-la ir.
Fury lutou contra suas emoções, uma coisa complexa de se fazer, e encontrou o olhar preocupado de seu amigo quando virou a cabeça para acabar com sua vigília.
— Fiz como você pediu quando me informou que tinha sido demitida. Permiti-lhe ir embora. Ela vai ficar mais segura agora que não está em Homeland, no caso de outros idiotas nos atacar.
— Nossos inimigos poderiam tê-la matado. — lembrou Justice. — Sei que isto é difícil para você.
— Não posso imaginar nunca mais vê-la novamente. — Fury admitiu. — Sinto dor.
Arrependimento correu nas feições de Justice e apertou seu ombro mais uma vez.
— Não sabia que era tão forte.
— É.
— Sinto muito.
— Percebo que ela está melhor no seu mundo do que aqui. Embora dissesse que não tinha casa. O que ela vai fazer? Talvez devesse ter pedido a ela para ficar. Poderíamos ter forçado o diretor a mantê-la no dormitório.
— Não podemos fazer nada agora, Fury. Há hora e lugar para tudo. Você fez o melhor para o nosso povo. Sinto muito que venha com um preço tão alto já que ela significa tanto para você. A única coisa que posso dizer é que você pode oferecer-lhe um emprego aqui de novo quando estivermos totalmente prontos para assumir o controle de Homeland.
Um pouco da dor aliviou dentro do peito de Fury.
— Quero que ela volte. — Precisava dela. Nunca vê-la sorrir novamente ou ouvir sua voz - esse conceito deixou um gosto amargo na boca. Um futuro sombrio pairava na sua mente. — Acredito que foi demitida por nos defender. Não me se sinto bem por não fazer o mesmo por ela.
— Então, definitivamente, ofereça o trabalho a ela, logo que você estiver capaz. Não será por muito mais tempo. Só precisamos aprender o suficiente para fazer as coisas direito. Há muito, o que embora nós não sabemos ainda. Cada dia é um passo mais perto de controlar nosso próprio destino.
— E se ela não quiser o trabalho? E se nunca quiser voltar? Ela poderia encontrar outro emprego em seu mundo. — Um flash de dor cortou Fury. — Nunca poderia vê-la novamente.
— Então você terá de esquecê-la, Fury. Terá de superar seus sentimentos.
Fury não disse nada, mas a dor que queimava dentro de seu peito era forte. Não queria deixar Ellie ir e com certeza não acreditava que pudesse superar as emoções que experimentou quando se tratava dela. Estava em seu sangue, era uma parte dele, mas agora já não seria uma parte de sua vida.
— Venha — Justice pediu suavemente. — Vamos dar um passeio juntos. Você não deve ficar sozinho agora.
Fury hesitou, olhando para a porta, mas sabia que ela não estaria de volta. Ele balançou a cabeça.
— Obrigado.
* * * * *
Ellie xingou violentamente, enquanto olhava para o trabalho de vandalismo com tinta em seu carro, sabendo que um dos manifestantes devia tê-la seguido até o motel. Olhou para trás, mas não avistou nenhum depois que deixou Homeland quatro horas antes. Aqueles idiotas são grudentos, merda. E obcecados. Eles sabiam o motel que ela deu entrada e seu carro foi vandalizado por causa de sua associação com os Novas Espécies. Realmente odiava aqueles idiotas fanáticos.
Ellie caminhou para seu quarto, com raiva que teria de chamar a polícia, escrever um relatório e contatar o seu portador de seguro. Com certeza não poderia dirigir um carro pela cidade com os palavrões escritos em letras grandes ao longo de todo o lado. Daria uma impressão muito ruim quando aparecesse em entrevistas de empregos. Bufou e agarrou mais apertado o saco de comida quando procurou pela chave do quarto no bolso do jeans.
Ellie puxou a chave do bolso e tentou empurrá-la na fechadura, mas algo a impedia de inseri-la. Curvou-se a altura do buraco da fechadura de pequeno porte, seus olhos se estreitaram quando examinou o que parecia ser um chiclete verde abarrotada onde o buraco devia estar, e se perguntou que tipo de garoto problemático iria estragar as portas desse jeito. A porta ao lado de seu quarto de repente se abriu.
Virou a cabeça a tempo de ver os três grandes homens de aparência má, olhando para ela. O medo bateu quando percebeu que estavam totalmente focados nela. Largou a maçaneta de sua porta e tropeçou para trás. Três metros a separavam do quarto dela do quarto ao lado, não longe o suficiente, na opinião dela, para esses caras, e isso foi confirmado quando o líder principal saltou rápido.
— Te pegamos — Suspirou e pegou Ellie quando tentou correr.
— Arraste-a até aqui, Bernie — um dos homens murmurou com urgência.
— Qual diabos é o seu problema? — Ellie agarrou o corrimão com ambas as mãos, o pânico tomando conta dela enquanto as mãos cruéis agarravam seus quadris. — Deixe-me ir!
— Meu problema... — o homem assobiou contra seu ouvido quando deslizava o braço em volta da sua cintura e a puxou, tentando arrancá-la do corrimão — É que temos provas de que você está envolvida com aqueles animais e viemos para te salvar. Você teve uma lavagem cerebral.
Salvar-me? Pelo menos não estavam tentando matá-la. Isso é algo, pensou. Os idiotas achavam que iam forçá-la a mudar sua maneira de pensar. Ela gritou e chutou forte contra o grande homem. Seu olhar freneticamente disparou ao redor, em busca de ajuda. Viu algumas pessoas no estacionamento abaixo e ficaram olhando para ela. Alguém gritou de longe para o cara soltá-la.
— Droga — um homem gritou ao lado. — As pessoas estão vendo! — Ele parecia em pânico. — Corra.
O braço em torno de Ellie subitamente liberou sua cintura. Todos os três correram para caminhos opostos. Ofegou, esgotada da luta, e cedeu contra a grade. O grande imbecil que a agrediu era forte. Torceu a cabeça e assistiu enquanto os três homens chegavam ao corredor agora, quase caindo da escada com pressa, e fugiram do estacionamento, desaparecendo ao redor do prédio. Quase caiu da passarela, mas conseguiu firmar os joelhos para manter-se de pé. Tremia toda. Uma porta se abriu e girou em direção ao barulho, esperando outra ameaça. Uma mulher segurando um bebê estava ali olhando pálida.
— Eram assaltantes?
Ellie relaxou.
— Não.
— A polícia está a caminho — um homem gritou do estacionamento. — Você está bem?
Ellie teve que limpar a garganta.
— Estou bem. Obrigada! — Viu sua bolsa de compras no chão onde deixou cair quando agarrou o corrimão. Inclinou-se para pegá-la e estremeceu com a dor do movimento causado em torno de braço dolorido. Xingou em voz baixa, esperando que o imbecil não havia deixado hematomas com seu pequeno cabo de guerra com seu corpo, e cambaleou de volta para as escadas. Sentou-se rígida, percebendo olhares das pessoas em volta, e notou uma multidão reunida para observá-la. Seu coração bateu ainda de tão assustada, mas estava segura e com fome. Pegou o saco de comida. Poderia muito bem comer enquanto esperava pela polícia.
Ellie mastigou ruidosamente seu hambúrguer e torceu a tampa de sua água saborosa, feliz de não ter comprado um refrigerante, uma vez que não teria sobrevivido a queda. Mexeu os dedos em sua bolsa para cavar seu celular. Deixou uma mensagem apenas uma hora atrás para Justice para informá-lo do seu número de celular, mas sua secretária havia insistido em deixar um endereço também. Não podia mais ficar no motel desde que aqueles malucos sabiam onde havia alugado um quarto. Ligou para o escritório de Justice. Queria falar com alguém antes de partir pela noite e seu relógio confirmava que só faltavam alguns minutos para as cinco horas.
— Alô — disse Ellie, após finalmente conseguir ser atendida por uma mulher que dizia ser secretária de Justice. — Acho que falamos antes. Sou Ellie Brower. Deixei minhas informações do motel em que me hospedei no caso do Sr. North quisesse entrar em contato comigo, mas estou com medo de que o local não é mais seguro. Tenho que mudar de motel. Acho que vou ligar amanhã de manhã com as novas informações. Você tem meu número de celular para que possa me localizar, certo?
A mulher do outro lado da linha ficou em silêncio por um momento.
— Por que você tem que mudar de motel?
— Uh... — Ellie avistou um carro da polícia no estacionamento. — Tive alguns problemas. Prometo que vou ligar de manhã com o meu novo endereço. Realmente preciso desligar agora. A polícia chegou e preciso fazer as malas rapidamente para conseguir uma escolta segura para quando sair daqui. Falo com você amanhã. — Ellie desligou.
* * * * *
Fury passeava em seu escritório. Ellie não voltaria nunca mais, nunca a veria de novo, precisava dar um jeito de controlar um pouco essa dolorosa realidade. Uma batida soou na porta. Respirou fundo, ajeitando suas feições, e limpou a garganta.
— Entre.
Brass, seu amigo, e o homem que havia colocado no comando do agendamento das aulas para os Novas Espécies aprenderem diferentes habilidades, entrou, fechou a porta atrás dele e encostou-se na madeira.
— Temos um problema.
— O que há de novo? O que é desta vez?
— Alguns dos guardas humanos foram vistos flertando com nossas fêmeas. Nossos homens estão muito protetores com elas.
A boca de Fury fez curvas de um sorriso.
— Nossas mulheres podem lidar com um humano. Ainda não encontrei um humano que pudesse derrubar um Espécie, macho ou fêmea, quando estão com raiva. — O sorriso morreu. — É assédio ou apenas típico flerte?
— Típicos flertes, mas nossos homens podem começar a brigar por isso. Nenhuma das mulheres se sentem ameaçada ou fizeram alguma queixa. Gostaria de evitar conflitos entre os humanos e nós. Se os nossos homens começarem a estourar a cabeça com humanos que piscam para nossas mulheres pode causar muita tensão.
— Vou falar com eles. Convoque uma reunião. — Olhou para o relógio. — Vamos dizer... em duas horas?
— Parece bom. — Brass deu um sorriso. — Você percebe que se tornou uma figura paterna para todos. Você dá conselhos e lida com ameaças severas quando se comportam mal. Justice é a nossa figura materna - nos protege, nos dar carinho, e alimentação para tornar a nossa nova Homeland um lar.
Fury levantou sua mão com seu dedo médio estendido.
—Essa é a sua lição de hoje, filho.
Uma onda de gargalhadas encheu a sala.
— Dispenso se for uma oferta. Você não faz meu tipo.
— Ninguém faz. — Fury riu. — Nossas mulheres são muito inteligentes para escolherem fazer par com você.
Brass se afastou da parede e deu alguns passos mais perto, seu sorriso desaparecendo. Seus olhos se estreitaram enquanto estudava Fury.
— Falando em mulheres, ouvi que a pequena humana que você salvou deixou Homeland.
Todo o humor acabou. Fury balançou a cabeça.
— O diretor a demitiu e Justice pediu-me para não me envolver. Queria ultrapassar a autoridade do diretor, dar-lhe o emprego de volta, e mantê-la aqui. Vi o perigo que se encontrava por estar associada com a gente depois do ataque que sofremos. Justice me fez entender que teria uma vida melhor sem mim.
— Se você tivesse feito isso, o babaca impotente iria perceber que estamos cientes do poder que temos.
— Isso foi o que Justice disse. Sinto-me em conflito, Brass. Não queria que ela fosse, mas tenho responsabilidades para com o nosso povo também. Estou partido ao meio. A única maneira de manter a sua estadia aqui era enfrentando o diretor. E essa ação teria prejudicado o nosso plano para a nossa comunidade.
— Você realmente se preocupa com esta mulher? — Suas sobrancelhas se arquearam. — A vi muitas vezes e ela é muito diferente de nossas mulheres. Ela é pequena.
— Estou consciente da nossa diferença de tamanho.
— E ela é humana. — Brass franziu o cenho. — Ela também trabalhou para Mercile. Estou ciente do por que ela trabalhou lá, todo mundo foi informado de que trabalhou lá disfarçada para reunir provas, mas também ouvi dizer que você tinha um problema pessoal com ela. Estava na sala de conferências, Fury. Temia que você fosse matá-la na frente de uma sala cheia de humanos.
Fury se sentou na dura ponta de sua mesa, cruzou os braços sobre o peito, e suspirou alto.
— Algo aconteceu entre nós e me senti traído por ela. Perdi completamente meu controle.
— Sério. Nunca te vi tão selvagem. O que ela fez para você?
Fez uma pausa.
— Ela é a aquela que te falei, quando fomos libertados e levados para aqueles motéis enquanto esperávamos sermos trazidos pra cá. Ela é a humano que entrou em minha cela e matou Jacob.
— Merda — Brass murmurou, em uma falta de mais palavras.
— Nunca reagi a ninguém tão forte como reagi por ela. Estou... — Procurou uma forma de expressar suas emoções. — Estou obcecado por ela. Ela sorri e eu derreto. Quero ouvir sua voz e apenas estar perto dela.
— Merda — Brass repetiu.
— A quero de volta. Não podia estar com ela, mas ia ao dormitório à noite e, pelo menos, podia vê-la interagir com nossas mulheres à distância. Agora eu nem tenho isso. É... isso dói!
O silêncio se estendeu. Brass finalmente falou.
— Quando tomarmos poder sobre Homeland você poderia convidá-la para cá. Você estará no controle da segurança. Não teremos que nos preocupar com a reação dos humanos. Consegue esperar até então?
— Não sei — admitiu. — Só a quero de volta. Quero-a perto de mim. — Fez uma pausa. — Preciso dela perto, mesmo que não possa realmente estar com ela. Tudo o que posso pensar é o que está fazendo agora, para aonde vai, e... — Sua voz se aprofundou em um rosnado. — Se os machos humanos estão tentando tocar no que é meu.
As sobrancelhas de Brass arquearam.
— Seu?
— Minha. — Fury assentiu. — É como me sinto quando penso nela.
— Aguente firme. Nosso povo aprenderá rapidamente e vamos ser capazes de controlar completamente Homeland em breve. Você será capaz de convidá-la para cá. Espero pelo seu bem que ela aceite sua oferta.
— Também. — Fury ficou em pé. — Faça essas ligações e confirme a reunião. Vou falar com nossos homens e agendar sessões de treinamento extras para dar-lhes uma saída para a sua raiva. Os seres humanos dentro de nossas paredes não são nossos inimigos, na maioria das vezes.

Fury - novas espécies 1 - Laurann DohnerOnde histórias criam vida. Descubra agora