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Eles haviam sido resgatados e analisados, passaram dias em isolamento — de novo — separados um do outro para não corressem risco algum, ficar afastado de Emi e Pete foi a pior sensação que ele já teve. Diego tinha um carinho por todos de seu grupo, eles passaram pelo o'que ele considerou o inferno na terra e sobreviveram, apesar das perdas, mas havia criado um laço superior com o americano e a pequena brasileira.
Estavam no Brasil, salvos das garras da Panaceia por pessoas que trabalhavam em uma organização chamada "Ordo Realistas", sendo cuidados por vários agentes. Quando a situação dos sobreviventes foi descoberta, eles foram deixados em estado de observação, separados uns dos outros.
Durante o tempo que ficaram longe, a parte mais dolorida foi ouvir o choro da garotinha e os gritos de frustração dos outros três amigos, além do silêncio de Pete, Diego se viu no estado mais negativo em sua vida, e isso estava lhe causando a pior dor psicológica que já sentiu, ele ainda estava digerindo a morte de Lucie nesse meio tempo, se acostumando a aceitar os efeitos do luto em sua mente e corpo.
Parecia que levou anos para que a Ordem, como se chamavam, os liberassem e explicassem toda a situação, mas tudo ainda parece muito confuso para o brasileiro, ele só queria sair dali, mesmo que sua vida não fosse mais a mesma, como eles falavam, ele só queria ter o mínimo de tempo para processar tudo o que passou. Emi havia se tornado sua prioridade, apesar da garota ter muita afeição por Benito, assim como ele por ela, Diego se colocou no papel de responsável da garota, é assim que tivesse chance voltaria para seu apartamento — torcendo para Pete aceitar ir junto com ele, pois sentia que surtaria se estivesse sozinho.
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Foi uma viagem cansativa de São Paulo para o Rio de Janeiro, Diego e Pete ficaram em silêncio durante todo o percurso, falando apenas o necessário, enquanto Emi dormia no banco de trás de um carro alugado que pegaram com ajuda da Ordem.
Assim que estava em seu apartamento, Diego sentiu como se um caminhão tivesse o atingido de uma forma devastadora, tudo naquele lugar o fazia lembrar de sua amiga, seu peito pareceu se comprimir, ele não iria conseguir permanecer ali por muito tempo sem se quebrar por inteiro.
A sensação que tudo oque ele via e ouvia o lembrava de Lucie, voltou ainda mais forte, já que agora estava no ambiente que dividiu com ela durante muito tempo, mais do que tudo, aquele lugar o lembrava da melhor amiga.
Demorou um pouco para se ajustarem, Pete auxiliava o brasileiro em cada passo que ele dava para não o deixar desmoronar, desde ajudar a separar uma roupa limpa para ambos se banharem e tirarem o cheiro de químicos e morte de seus corpos, até mesmo se oferecer a preparar algo para comerem, além de por Emi confortavelmente na cama, para que a criança pudesse continuar descansando. Diego não poderia estar mais agradecido pelas ações do homem careca, se sentia especial de certa forma por tudo oque o outro estava fazendo e já havia feito por ele nesse curto período de tempo.
O loiro poderia ser considerado muitas coisas, mas ele não era cego ou idiota, ele precisava agradecer Pete por tudo oque estava fazendo por ele, antes que eles precisassem se despedir. Ele havia visto o combatente conversando com um grupo específico enquanto ainda estavam na Ordem, parecendo ter um certo conhecimento ou intimidade com os outros indivíduos. Isso o deixou curioso, mas claro que iria ignorar e evitar quaisquer perguntas, mas como sabia o idioma, pode ouvir uma das mulheres dizendo algo como "Precisando de você de volta".
Diego estava naquele exato momento lembrando de tudo até o ponto atual, no qual ele estava sentado no sofá que por tanto tempo compartilhou com Lucie, agora estava na companhia do homem que ele salvou e o favor foi retribuído pelo resto da jornada infernal que viveram. Suas roupas atuais eram leves e confortáveis para se adequar ao clima do Rio de Janeiro, camisa e bermuda e um chinelo adequado aos pés. Em suas mãos um copo semi-cheio de chá gelado que não era seu preferido, mas estava ajudando a aliviar todos os sintomas físicos que estava sentindo.
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Return the Favor
FanfictionFoi graças a Diego se agarrar em seus instintos que possibilitou a sobrevivência de uma pessoa, alguém que ele sentiu poder confiar. Pete se sente estranho por ter sido salvo, e em seu peito existe um desejo crescente de retribuir o favor, além de u...