Capítulo 10 - Carniceiro

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— Tio Dálo, to com fomina — Emílio avisa, me tirando do foco das últimas ações que estou organizando

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— Tio Dálo, to com fomina — Emílio avisa, me tirando do foco das últimas ações que estou organizando. Olho para o relógio e noto que já são quase nove da noite. Esqueci completamente dele. Emílio é uma criança acostumada a ficar sozinha, foi fácil chegar a essa conclusão, o resultado disso é que ele brinca sozinho por horas sem reclamar ou sem ficar pedindo atenção. Margarida precisou ir ao médico ver a coluna e por isso hoje eu o trouxe para a base.

— Vamos embora daqui a pouco, só preciso confirmar um... — paro de falar quando escuto a porta batendo. Ordeno a entrada imediatamente.

— Tudo finalizado para amanhã

— Ótimo! — Pego o computador, decidido a terminar o que resta amanhã antes de ir à caçada — vem Emílio, vamos embora — chamo e vejo Yolotli se virando para olhar o menino.

— É ele? — Pergunta com um tom estranho.

— Sim! Você ainda não tinha o conhecido pessoalmente, não é? Venha Emílio — chamo e ele vem até mim reticente, como se estivesse com medo, mas sem tirar os olhos de Yolotli — esse é o Yolotli, meu conselheiro, o melhor. Ele é um indígena, você já ouviu falar nos índios? — Emílio nega — ele é descendente dos Nahua, um povo antigo e que tem muita sabedoria. Eles têm uma cultura muito antiga e diferente da nossa. Muitos índios vivem em comunidades próximas à natureza, onde cuidam da terra, dos animais e vivem de maneira especial, com suas próprias tradições, roupas e jeito de viver, mas o Yolotli vive aqui, junto de nós, mas ainda é um índio, e ainda tem um monte de costumes diferentes e importantes. — Explico brevemente e ele assente com a cabeça, mas aperta a minha mão. Não entendo a razão do medo.

Yolotli não tira os olhos dele e logo se ajoelha para ficar da sua altura, com uma mão ele passa por cima da sua cabeça, atraindo o olhar de Emílio, depois passa a mão de um lado e do outro, compenetrado. — Yolotli? — Ele pisca algumas vezes e olha para mim — o que é isso? — Yolotli engole em seco e se ergue, mas há uma urgência estranha em seu rosto.

— Eu, só pensei que tinha visto uma coisa, mas — ele olha para Emílio de novo, ainda parecendo desorientado — eu acho que foi só coisa da minha cabeça.

— Certo!

— Bem, vou indo. Foi um prazer te conhecer, Emílio. Boa noite, Dário, até amanhã. — Assinto enquanto ele vai embora.

— Colo — o menino pede e eu atendo seu pedido, sentindo um aperto estranho no peito depois dessa cena no mínimo curiosa. Tento ignorar e vou para casa, não era só Emílio que estava com fome.

(...)

— Qual a posição dele? — Pergunto a Yolotli, já abrindo o armário onde guardo minha boneca. Olho para sua caixa de couro fechada, abro com cuidado e fico a admirando, o cabo de jacarandá, a lâmina perfeitamente amolada de aço carbono 12.5mm com um lobo desenhado em sua extensão, arte feita por Yolotli no momento que ele me presenteou com essa belezinha.

O Carniceiro (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora