Capítulo 1: No Passado

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Capítulo 1: No Passado

A noite havia estendido seu manto sobre a floresta de Valoria, e com ela, uma quietude que parecia observar, respirar e viver. Maelis, a moca que outrora buscara a verdade por entre as árvores sussurrantes, agora retornava ao seu lar, o coração pesado com as palavras de Caelan. Ele a havia convencido a desistir da busca pela princesa Líria, a desistir dos mistérios que a floresta guardava como um amante ciumento guarda seus segredos.

Ela caminhava, os passos incertos marcando o solo úmido, quando a figura surgiu. Era um ser estranho, encapuzado, cuja presença parecia uma fenda no próprio tecido da realidade. Seu manto era um abismo sem estrelas, e seu rosto, um enigma que nem a luz da lua ousava desvendar.

"Boa noite, Maelis," a figura saudou, sua voz um sussurro que se entrelaçava com as sombras. "Parece que carrega consigo um fardo pesado. O que lhe disse o Guardião do Tempo?"

Maelis parou, a surpresa a fazendo esquecer o medo por um momento. "Quem é você?" ela perguntou, a voz trêmula como a chama de uma vela ao vento.

"Um observador," respondeu o ser, "um viajante das sombras que busca compreender os fios do destino."

Maelis ponderou suas palavras, o instinto lhe dizendo para correr, mas a curiosidade a mantendo enraizada no lugar. "Ele me disse para esquecer a princesa, para deixar a floresta em paz," ela revelou, cada palavra uma confissão arrancada de sua alma.

"Ah, mas a floresta nunca está em paz," o ser encapuzado murmurou. "Ela vive, ela respira, e ela se lembra. Diga-me, Maelis, você realmente acredita que pode simplesmente esquecer tudo o que viu e ouviu?"

Maelis sentiu um calafrio percorrer sua espinha. "Não," ela admitiu. "Há algo aqui, algo que me chama."

O ser encapuzado assentiu, como se esperasse por essa resposta. "Então venha comigo," ele convidou, estendendo uma mão enluvada. "Há muito a ser visto, e o destino raramente oferece tais presentes."

Maelis hesitou, o medo e a expectativa travando uma guerra dentro dela. Mas a sede de conhecimento era uma chama que não podia ser extinta. Com um suspiro que parecia entregar seu destino às sombras, ela aceitou a mão oferecida.

"Venha por aqui," o ser estranho disse, guiando-a por entre as árvores. "Vou lhe mostrar algumas coisas."

Eles caminharam, o mundo ao redor deles se transformando. As árvores pareciam sussurrar segredos antigos, e o vento carregava ecos de um tempo esquecido. Maelis seguia, o coração batendo um ritmo frenético, enquanto o ser encapuzado a levava para um destino desconhecido, um lugar onde a luz da lua não alcançava e as estrelas temiam brilhar.

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Liria: Luz e Trevas. LIVRO IVOnde histórias criam vida. Descubra agora