Deixa Acontecer Macumbalmente

12. Avisos

Quando perguntei pra Milena sobre a tal dança, ela me confirmou, então relaxei, achei que o pai Billy tinha inventado isso pra tentar descobrir algo sobre Apolo e eu. Eu nem estava mais a mesma com a Milena, por discordarmos de algumas coisas e eu preferir já nem contar tantas coisas pra ela justamente pra evitar mais desavenças. Então fui embora pra casa mais cedo... Apolo vendo isso, tentou se aproximar da Milena.

Apolo: Oi... é... Malena?

Milena: Milena, e aí Apolo... veio saber da Anna através de mim porque é mais provável que eu não te humilhe como ela com certeza vai?

Apolo: Ah-... Milena, preciso da sua ajuda, eu vim em paz, não sei o que a Anna te falou, mas... é uma longa história. O caso é que ela vai se formar e você já deve saber que ela desistiu da festa por não ter um par... eu quero apenas que você convença ela que pode ir sozinha, e faça ela estar pronta no dia e na hora, e deixa que eu cuido do resto. Consegue fazer isso? Ah, e me passa o número dela, vai que eu precise...

Milena: Ué, você nem tem o número dela? Tá, anota aí.

Apolo: Valeu... é que não deu tempo de pedir pra ela...

Milena: Sei, deviam ta muito ocupados ne. Olha, eu consigo, mas não é por você.

Apolo: Claro que não. Obrigado Malena você é a melhor amiga dela com certeza! (e saiu correndo)

Milena: É Milena... ai... ah vai, ele tem persuasão.

No dia seguinte, (6 de Agosto) Apolo foi até a faculdade que Anna estava graduando pra saber a data da formatura, a hora e o local, utilizando sua persuasão dizendo que veio de muito longe fazer uma surpresa pra uma aluna que não tinha par... e conseguiu, é claro. Faltavam apenas 2 dias pro seu aniversário, e ainda que ele tivesse conseguido resolver sobre a formatura da Anna, ele sentia um vazio de pensar estar sem ela nessa data... coisa que ele nunca imaginou sequer se importar.

Voltando pra casa... apreensivo... olhou pro quarto de trabalhos... tocou a maçaneta de seu quarto tentando desviar os pensamentos... mas decidiu. Entrou no quarto de trabalhos, respirou fundo, desligou as emoções e usou somente o usual ceticismo de sempre, escolheu a roupa, as velas, as ervas, o tarô, as guias, a bebida, a receita e com o ingrediente principal, que garantiria sua resposta (tirou do bolso a mecha de cabelo da Anna amarrada na linha vermelha). Se trancou ali o resto do dia.

Dia 7 de Agosto.

Apolo acordou assustado com dores no corpo, sensação de ressaca, mas tudo isso passou quando viu a resposta do seu trabalho árduo, no prato a cera da vela queimou derretendo o formato de um crânio, e dentro as cinzas de seu pavio formaram uma rosa. A receita parecia estar mexida e a bebida virou e derramou no chão, a marca da umidade formou um coração ao redor da receita mexida. Apolo sentiu a energia do ambiente e se sentiu o maioral, afinal, ainda que as cartas de tarô dissessem que alguma atitude poderia causar um afastamento, os caminhos estavam abertos.

Seguiu sua rotina... até que começou a passar mal... ansiedade, aperto no peito, pressão baixa, vontade de vomitar... e começou a ter visões de uma mulher caminhando com um vestido lindo, e de suas mãos levando um coração de boi fresco ainda com sangue, o retalhando ao meio com as unhas e colocando seu anel de Exu Caveira dentro, depois amarrando tudo com linha vermelha e enterrando na porta do cemitério. Suando... Apolo correu pra casa de pai Billy e perguntou sobre as ofertas deixadas no quarto, e quando foi procurar, viu que o feitiço virou contra o feiticeiro...

Apolo: Pai, cadê meu anel?

Pai Billy: Porque você não pergunta pro seu amor tranquilo que você pediu?

Apolo: Que?

Pai Billy: Apolo, não basta passar por cima da ordem do seu guia, da minha palavra, agora me tirar pra otário é o cúmulo. Quem você pensa que é? Meu filho, eu não te reconheço! Eu sempre soube do seu potencial, mas eu também sei da sua essência Apolo, você ta obcecado e na verdade as coisas poderiam ser tão simples? E agora? O que toda sua sabedoria vai fazer? Se é que você sabe mesmo onde ta se metendo...