Prólogo - Triistam

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Anos antes...

Quantas humanas seriam necessárias enterrar para encontrar a companheira predestinada que cumpriria a profecia? Observando em silêncio o caixão daquela que fez parte da minha vida em Nova-Feérilin por alguns anos, sempre submissa e carismática, eu me fazia essa e outras perguntas.

Sendo o Grande Rei Feérico, em um mundo que não nos pertencia, eu pensava no bem-estar do meu povo e evitava que um novo conflito acontecesse. De certa forma, eu tentava manter humanos e feéricos vivos e distantes, não era possível convivermos em harmonia.

O primeiro feérico que se envolveu com uma humana mudou o destino de uma nação. Um ato egoísta e imperdoável. Meu objetivo de vida era lutar para reestabelecer a ordem que meu pai desfez.

O vasto cemitério localizado próximo ao nosso território escondido por magia estava silencioso e calmo. Era uma paz sustentada pela fé, uma vez que o Deus dos humanos nunca se mostrou de forma material nos tempos atuais, como acontecia com a entidade sagrada dos feéricos. Localizado ao Norte da Itália, onde a história do meu povo se misturou com os humanos, gravados em quadros e explícitos nas construções medievais, era um dos poucos lugares que eu frequentava fora dos limites estipulados para os feéricos.

— Você está bem? — meu amigo fiel e a sentinela mais poderosa dos feéricos questionou, em meus pensamentos, mesmo estando presente ao meu lado. Ele tinha outras habilidades além de se comunicar sem usar a fala, que o ajudavam na principal missão do nosso povo. Precisávamos cumprir a profecia, só assim teríamos nosso lar de volta.

— Sim — respondi também mentalmente, sem esboçar reação ou desviar minha atenção do caixão.

O enterro tinha poucas pessoas, eu e Cornélio éramos os únicos feéricos e estávamos disfarçados. Com ternos pretos e as orelhas escondidas, ninguém suspeitaria da nossa origem. Aqueles não eram amigos ou familiares, mas pessoas solidárias que tornariam o momento fúnebre menos triste.

Menos triste para mim ou a alma daquela que se sacrificou em prol da causa feérica?

— Não é o que sinto vindo de você — ele apontou o óbvio na conversa mental. — Está tudo bem se você se apegou à humana. O luto é um processo, não precisa ser superado em um dia.

— Eu tenho experiência o suficiente para aceitar o destino de cada uma delas, Cornélio. Há muito mais acontecendo no nosso mundo do que esse enterro. Estou apenas... reflexivo.

— Preocupado com as ações de Fenris?

— De todos. — Troquei um olhar com ele, censurando-o. Por mais que Fenris MacLeod estivesse em conflito comigo, não o via como inimigo e ninguém deveria fazer. Eu acreditava que opiniões divergentes não deveriam afastar objetivos em comum: o bem-estar dos feéricos.

— Sentiu o chamado da próxima companheira predestinada? — Ele estava empenhado em arrancar algo de mim.

— Leva alguns dias para que aconteça. Eu te avisarei quando precisar dos seus serviços.

— A família humana que cuidará da próxima já foi escolhida.

— Certo.

— Senhor? — dessa vez, Cornélio falou em voz alta e tocou meu braço, virei-me para o encarar, confuso. — A cerimônia terminou, podemos ir.

A despedida com os humanos foi rápida, com apenas uma troca de olhares e condolências silenciosas. Estava cansado de enterrar minhas companheiras predestinadas, a próxima precisava ser diferente.

Virei-me, caminhando ao lado da sentinela, pela estrada do cemitério que separava os túmulos. Assim que estava seguro e longe dos olhares humanos, nos deslocamos para Nova-Feérilin. Usávamos o Quantum, o poder de Dragus dado para todos os feéricos como bênção.

Na entrada do palácio Obsidianus, meu lar, olhando a grande fonte e toda a extensão da cidade escondida do mundo humano, eu abafava todas as emoções que queriam transbordar por conta de ter fracassado no cumprimento da profecia.

Não estávamos no nosso verdadeiro lar, mas meu papel de liderança permanecia firme e intacto, sendo o Grande Rei Feérico da Corte Dragus. O que meu pai fez foi imperdoável e precisava ser remediado. Eu não poderia desistir e endureci ainda mais meu coração para a vinda da próxima companheira predestinada.

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Rejeitada pelo Feérico - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora