E se o próprio Lúcifer fosse seu anjo da guarda?
Ayla, uma gaúcha que nunca saiu do próprio estado, viveu as primeiras décadas de sua vida sob o olhar protetor de seu exótico anjo da guarda: o próprio Diabo.
Mas, com o surgimento de uma ameaça imine...
"Você nunca andará sozinha Você sempre poderá falar comigo Você nunca, nunca andará sozinha
Mesmo quando você estiver morta e enterrada Você sempre poderá falar comigo Tudo o que você precisa fazer é me chamar, me chamar
(Me chame) de Pequeno Raio de Sol (Me chame) me chame de Mefistófeles"
Call Me Little Sunshine - Ghost (adaptado)
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Nicolas dirigia com cuidado e os parabrisas quase não davam conta de varrer a água do vidro do carro, o que fez a sua visão da pista diminuir consideravelmente.
Estava nervoso, tenso, tanto pelo o que soube do acidente e também porque Helena já havia ameaçado se matar umas três vezes depois que subiram no carro.
Ele torceu para que Ayla estivesse viva, o que era muito improvável considerando que o rádio da polícia instalado dentro do carro de Nicolas só dava péssimas notícias.
Teria sido um percurso de vinte minutos se não estivesse chovendo tanto e a visibilidade tão baixa. Nos primeiros minutos Helena só chorava sem parar e agora ela encarava o vidro da frente com o olhar morto, mórbido e cansado.
Os olhos dela estavam inchados de tanto chorar nas últimas horas e Nicolas nem podia imaginar como ela se sentia.
— A última coisa que fizemos foi brigar, Nicolas, eu xinguei ela, Nicolas — ela apertou os olhos e mais uma lágrima rolou por seu rosto.
— Não fale como se ela estivesse morta.
— Como eu vou viver sem ela?
— Vai ir num médico, fazer um acompanhamento psicológico e começar a vida de novo. A dor não dura pra sempre, Helena.
— Eu vivo por ela, Nicolas, tudo que eu fiz foi por ela e agora tenho minha filha arrancada de mim...
Ele suspirou, era nítido que a loira ignorava o que ele falava quando não era de interesse dela, na maior parte das vezes pelo menos.
— Não posso deixar isso acontecer, não posso permitir que ela se junte a ele. — ela disse.
— Ele quem?
— Não posso deixar que ela passe mais tempo com Davi do que comigo.
— Davi, quem é Davi?
A loira virou o rosto passando a encará-lo.
— O pai dela.
Ele franziu as sobrancelhas confuso.
— Mas ele tá morto, não está?
— Sim, está, justamente.
— Meu Deus, Helena! A sua preocupação é que o espírito de Ayla vai passar mais tempo com o espírito do pai dela do que contigo? — ele gritou, incrédulo.
