XVI - Roleta Russa

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"Mamãe, tenho que te apresentar o Luci
Ele vem cuidar de mim enquanto tu dorme
Diz que tu é uma vagabunda de uma esnobe
E que o próprio Asmodeus te esperará com mil chicotes"

Bob - Kamaitachi (adaptado)

As luzes, por mais fracas que fossem, ainda machucaram seus olhos quando acordou

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As luzes, por mais fracas que fossem, ainda machucaram seus olhos quando acordou. A cabeça de Ayla latejava tão forte que ela facilmente associaria a dor a um zunido com interferência constante.

Ela girou o pescoço que rangeu como uma dobradiça velha e, ao seu lado, de pé e distraída com alguma coisa, uma mulher de branco se encontrava.

— Ah que bom que acordou! — a mulher vibrou e então Ayla entendeu que se tratava de uma enfermeira.

A garota sentou-se com dificuldade sobre o carro-maca e esgueirou os olhos para as portas com a cruz vermelha na sua frente. Chovia, isso ela conseguia escutar e lembrava de estar acontecendo, então não podia ter dormido por muito tempo.

Onde ela estava mesmo?

De repente, voltando como um flash, ela lembrou de bater a cabeça, lembrou da curva mal feita e do aviso de Lúcifer.

Lembrou de estar num lugar quentinho e abraçada por algo que era confortável e calmo.

— O que aconteceu? — Ayla balbuciou ainda ajustando sua visão ao cenário em volta.

A enfermeira ficou em silêncio e retornou a mexer no que fazia antes.

— Mãe? Cadê minha mãe, preciso ver ela, ela sabe que eu tô viva?

— Sabe sim, eu vou chamá-la.

A enfermeira abriu um guarda chuva e saiu da ambulância, deixando uma das portas do veículo aberta.

Ayla levantou o cobertor, estava encharcada e fedendo a cachorro molhado. Ela pisou no chão e um arrepio cruzou seu corpo, o clima agora era um frio bem diferente do calor que fazia a poucas horas.

— Mãe?

Os olhos de Ayla começaram a acumular lágrimas nas pálpebras, acabara de sofrer um acidente, ainda se encontrava zonza de tudo isso, encharcada, com frio e sozinha. Sozinha numa ambulância enquanto sirenes, trovões e uma chuva violenta bagunçava seus sentidos.

Precisava ver algum rosto familiar, queria abraçar um corpo conhecido para então saber que realmente estava viva.

— Mãe, cadê tu?

Um desespero subiu para o peito da garota e roubou o ar de seus pulmões. De repente, um medo repentino assombrou sua mente. Onde estava Lúcifer? E se ele tivesse se sacrificado? Não de verdade porque ele é literalmente uma entidade, mas sacrificado o seu direito de permanência com Ayla? Até porque ele a protegeu de um acidente que interromperia a vida dela sem mais nem menos, e esse foi exatamente o exemplo que Lúcifer deu de situações que fazem os anjos da guarda perderem o contato com seus protegidos.

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