Capítulo 4: Sombras do Passado
A batalha havia terminado, mas a guerra contra o cansaço e a desolação apenas começava. Líria, com a força esvaída de seu corpo, caiu suavemente sobre o chão frio do castelo, sua respiração fraca como uma brisa de outono. Caelan, ao seu lado, lutava contra o peso da exaustão que o puxava para as profundezas do esquecimento. Com um último olhar de preocupação para Líria, ele também sucumbiu à escuridão do desmaio.
Nos confins de sua mente, Caelan era assolado por pesadelos sombrios. Ele via a linha do tempo se contorcendo como uma serpente ferida, a bruxa Maelis rindo enquanto Valoria ardia em chamas. Ele gritava, tentando alterar o curso dos eventos, mas suas mãos apenas atravessavam as imagens como névoa.
Caelan acordou com um grito lancinante, “Naaaaoo”, que ecoou pelas paredes do quarto de cura. Líria, já desperta, aproximou-se dele com um olhar de compreensão e disse a um aldeão que se aproximava, “Deixe que eu cuido dele.”
Caelan, ainda tremendo com os resquícios do pesadelo, olhou para Líria, seus olhos encontrando os dela. “Eu… eu vi o fim de tudo,” ele começou, a voz embargada pela emoção. “No passado, eu falhei. Quando o Amuleto do Tempo me deu uma segunda chance, eu pensei que poderia consertar as coisas.”
Líria segurou sua mão, oferecendo um silêncio encorajador.
“Mas Maelis… ela era apenas uma aldeã curiosa. Eu nunca imaginei que sua busca pela verdade a levaria a um destino tão sombrio,” Caelan continuou, a dor da culpa marcando cada palavra. “Ela queria entender a magia da floresta, a história de Valoria. Eu deveria protegê-la, treiná-la, mas em vez disso, ela se tornou a Bruxa do Crepúsculo.”
Líria apertou a mão de Caelan. “Você não é responsável pelas escolhas dela, Caelan. Você fez o que pôde.”
Caelan suspirou, um suspiro que carregava o peso de séculos. “Eu me tornei o Guardião, Líria. O guardião que deveria ter guiado Maelis para longe da escuridão. E agora, Valoria paga o preço da minha falha.”
“Não,” Líria disse firmemente. “Valoria ainda está de pé por sua causa. Por nossa causa. E nós vamos vencer, juntos.”
Caelan olhou para Líria, vendo a determinação que ardia em seus olhos. Ele se inclinou para frente, seus lábios encontrando os dela em um beijo que selava sua promessa mútua. “Precisamos vencer,” ele sussurrou contra os lábios dela.
Eles se separaram, os olhos fixos um no outro, sabendo que a batalha que enfrentariam seria a mais difícil de todas. Mas enquanto estivessem juntos, havia esperança. Havia uma chance de vencer as sombras que ameaçavam engolir Valoria e o mundo.