Cheryl só precisava de um banho frio.Sentindo o suor escorrer pelas costas, ela retirou o sutiã, jogou-o na pilha de roupas sobre a cadeira e pegou a necessarire.
Começou a caminhar para o banheiro quando ouviu o ronco de um motor e uma buzina junto à janela de seu quarto, que ficava no andar térreo do hotel. E pelo jeito alguém estava com muita pressa naquela quente tarde espanhola, a despeito do sol castigante que tornava difícil até mesmo caminhar.
Impelida por uma súbita curiosidade, ela dirigiu-se á janela fechada e ,consciente da própria nudez, abriu-a apenas o suficiente para ver o que acontecia.
A vistou parte do carro cinzento. Um braço bronzeado repousava na borda do vidro abaixada . De onde estava ,Cheryl pode notar pêlos negros cobrindo o braço, que brilhava ao sol .Os dedos longos tamborilavam na porta do automóvel,todo o resto estava oculto por um vaso ,cheio de primaveras, pendurado na parede .
O braço desapareceu e,com um estalo ,a porta do motorista abriu ,deixando entrever o luxuoso acento de couro e um par de botas negras de cano alto, também de couro .Cheryl observou lentamente aquelas pernas, não conseguiu enxergar o rosto do homem, mas com certeza nunca esqueceria aquele belo par de pernas .
___ Hum ,Hum...__ sussurrou baixinho.
Abriu um pouco mais a janela e observou o estranho caminhar em direção ao lugar onde estacionara a motocicleta. Pode ver as botas parando em frente ao veículo, e por um momento temeu se tratar-se de um ladrão.
Afinal sua Rudge-whilworth era peça de colecionador. Mas relaxou ao concluir que nenhum ladrão de motos dirigiria um carro sofisticado como aquele. Em seguida avistou outro par de pernas. A julgar pelo tecido cinzento da calça, devia ser a taciturna recepcionista que a atendera alguns minutos antes. Ouviu vozes ,primeiro da mulher, depois o tom grave e firme do homem, que parecia acostumado a dar ordens, e ser obedecido.
Um momento depois que ele desapareceu, seguido pela mulher. Bem ,talvez Cheryl nunca mais visse aquele corpo de novo. A não ser ,claro ,que o desconhecido estivesse hospedado no hotel, mas a julgar pela voz metálica e a forma nervosa como ele apertava o molho de chaves ,talvez fosse melhor não conhecê-lo. Era encrenca na certa .
Suada e exausta depois da longa viagem ,ela experimentava uma sensação de desamparo, que o pequeno quarto apenas acentuava. Provavelmente existiam aposentos como aquele em todos os hotéis espanhóis, destinados a jovens inglesas que cruzavam o país em longas viagens. Cheryl não via a hora de chegar a Marbella e encontrar Charles, ele lhe devia muitas explicações.
Naquele momento, porém tudo o que seu corpo desejava era uma longa e refrescante ducha fria ,fechando novamente a janela, ela caminhou para o banheiro.
Ao terminar o banho e abrir a porta, sentiu que havia alguém na escuridão do quarto. Seus dedos tensos apertaram a toalha, os olhos acostumaram -se à escuridão e observaram o ambiente. Seria imaginação sua ou havia mesmo um volto encostado no guarda-roupa ?
Claro que se tratava de sua imaginação. Ela relaxou por uma fração de segundo até que, subitamente sentiu um aroma cítrico no ar ,um perfume que não vinham do shampoo ou do sabonete que acabara de usar .
O gosto amargo do pânico a invadio sua boca e a impedio de emitir qualquer som .Um silêncio pesado envolvia o quarto, e ela conseguiu apenas ouvir o som do próprio coração, batendo em disparada. Além, claro, da suave respiração de alguém.
Imóvel até aquele momento, ela tentou uma cartada final, arremessado-se na direção da porta.Foi nesse momento que a sombra se moveu ,Cheryl quase conseguio gritar quando percebeu uma mão que a segurava pela cabeça, tapando-lhe a boca ,mas já era tarde .Antes que pudesse reagir, sentiu uma pancada forte e tudo parecia mergulhar na escuridão.Espero que gostem ❤🙏
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Sua Prisioneira
ChickLitAnthony Torres estava acostumado a dar ordens e a ser sempre obedecido. Aqueles que ousavam a desafiá-lo sentiam o peso de sua vingança. Despreocupada, Cheryl atravessava a Espanha com sua motocicleta com o único objetivo:rever o irmão gêmeo. Mas...