Capítulo 26

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Mahelí narrando

Depois do trauma com Alix, consegui relaxar ao lado de De La Cruz.
Ele se divertiu dançando, sorria de um jeito único.

Nos alimentamos e sentei no sofá na sala. De La Cruz levou as coisas para o quarto onde irei ficar. No segundo andar da casa.
Logo ele desceu com um sorriso sem graça.

- O que foi? - Perguntei intrigada.

- Você não vai poder subir escadas, esqueci que está com a placenta descolada.

- É verdade. - Sorri para ele.

- Tem dois quartos aqui embaixo, mas são pequenos.

- Eu não ligo, posso ficar em um deles.

- Então eu fico no outro. - Ele sorriu daquele jeito único.

- Não precisa. Não precisa dormir longe da sua cama só para me dar assistência.

- Você não está entendendo, eu não quero te deixar sozinha. Eu sei o que é ficar sozinho com o coração machucado. Não quero que fique deprimida. Se precisar, pode me chamar. Eu estando do lado do seu quarto vai ficar mais fácil.

Ficamos nos quartos na parte de baixo da casa, perto da lavanderia.

De La Cruz se despediu, após me deixar deitada e foi para seu quarto.
Deitei e um filme começou a passar na minha mente, realmente é ruim ficar sozinha com um coração partido.
Comecei a chorar, tentando aliviar a dor maquiada .
O choro foi aumentando, tentei colocar um travesseiro na boca para abafar.

- Mahelí. - As mãos de De La Cruz pousaram no meu ombro. Me virei para olhar para ele.

- Está doendo muito. Eu não estou conseguindo controlar a dor. - Eu soluçava em meio a dor.

- Vem aqui. - Ele sentou na cama e me puxou, para deitar minha cabeça em seu colo. De La Cruz ficou acariciando meus cabelos. - Eu falei que é ruim ficar sozinho com um coração machucado.

- Obrigada. - Você é um grande amigo. Desculpe por isso.

- Eu sei a importância de ter em quem se apoiar nos momentos de dores. Eu tive apoio de Alix quando meu coração se partiu, acho que é hora de retribuir de algum jeito. Fica tranquila.

- Prometo retribuir tudo o que está fazendo. - Me encolhi um pouco até me acalmar.

De La Cruz foi para seu quarto, após eu me acalmar. Chorei em silêncio, até dormir.

Os dias estão passando e estou ficando melhor psicologicamente.
De La Cruz não deixa eu ficar triste, sempre me liga quando está longe. Dorme todos os dias em casa.
Quando ele está muito atarefado eu faço as refeições, quando está com tempo ele quem faz.
De La Cruz faz todas as refeições comigo, até se estiver trabalhando, ele vem almoçar em casa. Tem medo de eu ficar sem me alimentar.

Ele descobriu que Lena e Andrey estão por trás da tentativa de sequestro.

Já faz quinze dias que estou aqui, não tive notícias de Alix nesse período, ele tem falado com o amigo.
Ainda o amo muito, mas estou preferindo ficar longe para evitar sofrimentos maiores.
Tem noites que ainda choro lembrando das palavras dele, dói relembrar tudo.
Sempre que acordo chorando, De La Cruz vem ficar comigo, ele deita minha cabeça em seu colo e faz carinho em meus cabelos até eu me acalmar.

Hoje ele jantou e foi para seu quarto, na parte de cima, talvez tenha muito trabalho. Ele não dorme lá desde que estou aqui.
Antes de subir ele passou a mão na minha barriga e sussurrou baixinho:

- Cuidem da mamãe. Titio está atarefado hoje. - Deu um beijo no topo da minha cabeça e subiu. Seu semblante está mais sério do que o normal.

Deitei e fiquei me revirando de um lado para o outro. Fiquei pensando em De La Cruz acordado até essas horas.
Fui na cozinha e fiz um chá relaxante para ele e para mim, deixei na bancada esfriando. A porta do quarto dele estava entreaberta e a luz estava acesa.
Me aproximei da escada para chama-lo.
Escutei um estrondo vindo do andar de cima, logo em seguida escutei gemidos. Meu instinto protetor ativou, subi as escadas correndo só me dei conta quando estava no quarto de De La Cruz.
Ele estava caído, de barriga para cima, no chão, ao lado da cama. As lágrimas desciam nos cantos dos olhos, ele urrava de dor.

- De La Cruz. - Entrei no quarto correndo. Ele olhou para mim e chorou em silêncio. As veias de sua testa estavam alterada e suor descia. A dor estava visível em seu rosto. Peguei um travesseiro e coloquei embaixo de sua cabeça. - Cadê o remédio? Conseguiu tomar? - Ele apontou com muita dificuldade para perto da cama, levantei de perto dele e corri para pegar.

Levantei sua cabeça, após ter colocado o remédio em sua boca, dei a água ao poucos. Ele engoliu o remédio e tentou relaxar, as lágrimas escorriam no canto de seu rosto. Parecia querer concentrar para não sentir tanta dor.
Como ele estava caído no tapete, peguei uma coberta e o cobri.
Peguei outro travesseiro e deitei do seu lado.

- Deita na cama. - Ele inclinou a cabeça para meu lado para olhar em meus olhos. Sua voz saiu abafada pela dor, suas sobrancelhas estavam franzidas.

- Você consegue virar de lado, de frente para mim? - O ajudei a virar. De La Cruz fechou os olhos e as lágrimas ainda escorriam, parecia gritar para dentro. Coloquei uma mão em seu rosto. - Vai ficar tudo bem. - Sussurei para ele.

De La Cruz relaxou ao meu toque. Permaneci assim, após algumas horas de olhos fechados, ele adormeceu.
Fiquei parada observando sua feição, agora era de um total descanso.

Me deu uma crise de choro, tapei a boca com a costa da mão que estava solta.
O sofrimento dele estava doendo em mim, como eu queria poder fazer alguma coisa.
Ele abriu os olhos lentamente e olhou em meus olhos.

- O que foi? Está com dor? - Ele ainda estava rígido, devido ao medicamento.

- Eu não quero que você se vá. - Falei em meio ao choro. - Dói em mim saber que você está com dor. Queria poder fazer alguma coisa para te ajudar, mas não sei o que posso fazer. Me desculpe não poder te ajudar, desculpe, desculpe. - Eu soluçava e buscava ar, tentando acalmar o choro.

- Se acalme, está bem? Não quero que fique triste.  Vamos deitar na cama? - Levantei e o ajudei. Ele deitou na cama com muita dificuldade, ainda estava com dor. - Deite aqui. - Ele bateu na cama, ao lado dele. Vou acabar dormindo no meio da conversa, desculpe. Estou muito sonolento, esses remédios me deixam relaxado.

- Prometo ficar quietinha. - Coloquei a mão em seu rosto e ele fechou os olhos.

- Está com dor? Está precisando de alguma coisa? - Ele perguntou para mim, ainda de olhos fechados.

- Está tudo bem. Eu só preciso que você fique bem. Eu queria te ajudar de alguma forma. - Ele sorriu, ainda de olhos fechados, me puxou para mais perto dele.

- Você já está fazendo algo para me ajudar, seu toque é mágico. Pode me abraçar? - Sua voz saiu baixa. O abracei e assim dormimos. Foi a primeira vez que dormir na mesma cama que ele.

Fake Love - Triologia 1°Onde histórias criam vida. Descubra agora