Tento levar minha mão o mais rápido possível até minha boca antes que o espirro estrondoso saia e chame a atenção de todos os salão. Por pouco, consigo, mas a palma de minha mão agora se torna inteiramente molhada.— Sua rinite de novo, Tommo? — Liam pergunta ao passar com mais uma caixa de livros, pronto para subir as escadas.
— De novo, Payno. — Resmungo, e minha voz sai anasada. — E fanho também! Deus me ajude.
Continuo a utilizar o espanador, afim de eliminar a fina camada de pó que cobre os livros. São poucos minutos e uma centena de espirros até que eu termine e então estou livre para voltar para o caixa.
O cheiro de café é um alívio para os meus sentidos, e é uma benção que eu trabalhe num lugar tão aconchegante, principalmente a considerar o frio que faz do lado de fora.
O lugar que eu trabalho a quase um ano é uma livraria, que possui diversas poltronas, mesas e sofás reservados para aqueles que querem ler ou trabalhar e estudar ali, e na entrada, possui uma cafeteria, que é juntamente ao caixa. No momento sou um faz tudo junto com Liam e Calum, mas não reclamo, pois é um trabalho muito tranquilo.
Aproveito o movimento fraco que as dez da manhã proporciona e me sento, puxando o livro que comecei a ler no dia de ontem. É um livro recém-chegado, chamado Verity. Preciso admitir que estou apaixonado pelo Jeremy.
Durante dez minutos, me concentro na leitura e em responder as perguntas bestas sobre astrologia que Liam me faz de minuto em minuto. Ele está fazendo o meu mapa astral por alguma razão que eu não sei.
Estou rindo por combinar com um dos esteriótipos de Capricórnio quando o sino soa na porta. O cliente bate os pés contra o tapete antes de adentrar totalmente a livraria e preciso admitir o choque que é ver uma pessoa desse tamanho. Isso deveria ser proibido. Sabe, pessoas assim.
Este homem tem pelo menos 195cm e eu não estou brincando, mas ele provavelmente é tão grande quanto uma geladeira. Seu cabelo tem um corte militar e sua expressão é severa. Troco um olhar com Liam conforme o homem dá passos em direção ao caixa, até ele parece um pouco incomodado.
— Bom dia! Como posso ajudar? — Pergunto com o usual tom de voz e sorriso direcionado a clientes. O homem inspeciona minha expressão durante alguns segundos e sem dizer nada agarra um dos cardápios, franzindo mais aquela cara severa enquanto se concentra no cardápio durante cinco segundos. Não consigo não notar a cicatriz feia no alto de sua bochecha esquerda.
— Caffè expresso grande, por favor. — Sua voz combina com sua imagem severa, e eu me viro no mesmo instante para preparar o café que pediu. Noto que existe um sotaque em sua voz, mas não consigo decifrar de onde é. Tenho a impressão de que seu olhar queima minha nuca, mas quando me viro ele está digitando em seu celular.
— Aqui está, senhor. — Coloco o café no balcão e recolho a nota que o mesmo colocou ali. Observo pela visão periférica quando ele pega o copo em sua mão intimidadora. — Tenha um ótimo dia e volte sempre! — Sorrio novamente e o mesmo me olha, tombando a cabeça para o lado suavemente. Seus olhos verdes permanecem fixos em meus rosto e eu não sei se devo me mexer. É a sensação mais intimidadora que já senti em minha vida.
— Grazie, coniglietto.
E simples assim ele dá as costas e sai da livraria em passos largos, balançando o sininho quando passa pela porta.
— Que porra foi essa? — Falo de maneira estrangulada. — Caralho, que medo. Quem é esse cara? — Viro para Payno, que também olhava pra porta.
— Cara, isso foi muito esquisito. Que cara estranho. E o que foi aquilo que ele te chamou? Cone o que? — Liam parecia tão incomodado quanto eu.
— Eu não sei, só sei que ele tem uma áurea muito assustadora. — Resmungo, esfregando os braços por cima do casaco.
Liam caminhou até a porta e então saiu, olhando a calçada pelo lado que o brutamontes foi.
— É, ele já sumiu. Parecia um cara do exército, sei lá, com aquele jeitão todo. — Adivinhou. — Já passou, lembra aquele cara cheio de verrugas na cara que vivia vindo aqui te perturbar? Se você superou ele, você supera esse esquisitão também! — O castanho desabou em risadas quando viu minha expressão, que mudou rapidamente de assustada para desgostosa.
O resto do expediente passa normalmente: durante a tarde a livraria recebe alguns clientes que pedem café e alguns cookjes e se aconchegam para estudar ou trabalhar. E quando olha o grupo da faculdade, preciso subornar Liam com a promessa de algumas cervejas na sexta para poder ocupar uma daquelas mesas e fazer as pressas o trabalho que nem sabia precisar entregar naquele dia. Graças a parceria, ao suborno e a rapidez, ele consigo finalizar e receber um elogio do professor naquela mesma noite. Quando estou voltando para a casa sentindo a neve cobrir meu casaco, nem me lembro mais do que homem de quase dois metros que viu naquela manhã.
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la mia preda - larry stylinson
FanfictionLouis não esperava que o cara esquisito pra quem ele vendeu um café fosse se tornar obcecado por si, e muito menos que ele fosse um matador de aluguel italiano.