CAPÍTULO 6 - A CASA DELE

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Lan Zhan me deixou nos fundos de sua casa e abriu a porta, me deixando entrar primeiro para depois entrar também. Dei de cara com a sua área de serviço muito organizada e me surpreendi por encontrar a cozinha no mesmo estado. Na realidade, a casa dele era uma organização só e cheia de equipamentos modernos, o que deu a entender que ele ganhava bem.

Lan Zhan me ofereceu um copo de água e me encaminhou para uma salinha escondida entre a sala de jantar e a de estar e lá estava o local onde seus equipamentos de trabalho estavam guardados. Caixas de sons, guitarras, um estúdio portátil, emuladores e um monte de coisas que eu sequer sabia para que serviam, fora alguns computadores interligados.

– É isso. – Disse e sorriu. – Você sabe lidar com algo disso?

Eu sorri e me aproximei de uma guitarra linda, cheia de adesivos de bandas. Segurei-a com vontade entre os meus dedos, morto de saudade dos momentos em que eu podia apenas tocar feito louco em algum lugar do mundo e olhei para ele, como se perguntasse se eu podia. Ele sorriu para mim.

– Vá em frente!

E eu fui mesmo. Toquei de forma calorosa, exagerada? Talvez. Eu adorei aquilo. Eu não fiz para me exibir para meu vizinho, eu apenas quis fazer aquilo porque aquilo me fazia sentir realmente vivo. Quando eu finalmente terminei o meu solo, Lan Zhan me aplaudiu e chegou perto de mim, dando dois tapas no meu ombro.

– Ow! Você é mesmo um pequeno notável! – Riu. – Podemos tentar algo juntos, não é? – Eu assenti. – Eu tenho que trabalhar ainda hoje em um jogo sabe? Tive algumas dúvidas no que fazer para ele ficar realmente como me pediram.

Lan Zhan me apresentou o jogo e era o máximo. A história era mais ou menos sobre zumbis e um meio-zumbi que os caçava. Claro que eu adorei e fiquei horas com ele apenas sabendo um pouco mais sobre o assunto. Dei alguns palpites e Lan Zhan me ouviu com atenção, o que me deixou lisonjeado e nós fizemos alguma música juntos naquela aparelhagem toda. Ele pareceu realmente gostar do que eu lhe dizia e anotava num caderno algumas coisas, sorrindo satisfeito.

O tempo passou realmente muito ligeiro e quando eu percebi já passavam das dez da noite e eu dei um salto de onde estava. Lan Zhan me olhou de forma esquisita e eu apenas disse que tinha que ir, meio que indo embora correndo. Foi frustrante. Eu não era do tipo de garoto que precisava ditar hora para chegar em casa, eu já era adulto. Porém, caso eu não desse nenhuma satisfação para meus pais, eles surtariam. Para eles, eu nunca havia crescido.

Assim que entrei em casa, minha mãe veio em minha direção meio desesperada e me apertou com força, falando coisas sobre 'sumiço' e 'Deus é grande' e meu pai apenas me deu uma bronca daquelas. Eu rolei os olhos, achando aquela reação deles meio exagerada e me desvencilhei para o quarto, precisando descansar.

Suspirei ao tirar a minha roupa e me jogar na cama apenas de cueca, os olhos em órbitas. Eu estava exausto, mesmo assim muito feliz. O Lan Zhan me fazia sentir como se toda a merda da minha vida fosse algo que eu podia ignorar somente por tê-lo por perto. Meu coração deu uma disparada gostosa e eu respirei tristemente, virando de lado. Eu sabia o que aquilo significava, mas ignorei completamente.

Eu não queria que fosse verdade.

No outro dia, no serviço, eu cheguei com cara de poucos amigos para trabalhar novamente e já ia andando bem apressado para os fundos da loja para me vestir com a fantasia idiota quando meu patrão me chamou.

– Senhor? – Perguntei, o olhando meio surpreso pela atenção para mim logo cedo.

– Wei Ying, querido Wei Ying. – Ele riu e me puxou para perto. – Você demorou... – Disse. Olhei para meu relógio e eu só estava atrasado cinco minutos. –...e temos aqui alguns clientes esperando por você.

Wei Ying Não Tem Muita Sorte!Onde histórias criam vida. Descubra agora