"Você está totalmente sozinha e perdeu todos os seus amigos
Você diz a si mesma que não é você, são eles
Você é única e ninguém te entende
Mas essas lágrimas de bebê chorona ficam voltando"Cry Baby - Melanie Martinez
Ela dormia profundamente, a respiração estava estabilizada e seus olhos se moviam rapidamente mostrando a Lúcifer que Ayla agora sonhava com algo que era desconhecido ao demônio.
Por mais que ele pudesse apagar o rosto de Ayla da mente dos humanos, não podia fazer isso com a própria, não podia manipular suas memórias, mas conseguia restringí-las caso fosse necessário. Não dela, é claro, mas de alguma ameaça.
Ficou sabendo do anjo que exorcizou Mamon no mesmo bar em que borrou as memórias do velhote de meias roxas, na verdade não foi com essas palavras que recebeu a notícia, mas somente anjos podem exorcizar pecados capitais e o que está acima deles, os diabos.
Qualquer que fosse esse ser emplumado que agora procurava por Lúcifer, o demônio não tinha medo, o anjo não poderia fazer nada contra ele, afinal, estava ali por seu direito. Mas, como disse para Ayla, seu medo era que o anjo fizesse algo contra ela.
Ela se mexeu virando-se de barriga para cima, mas seguiu tão imersa no sono quanto antes. Talvez Lúcifer tivesse demorado demais para começar a mexer seus pauzinhos, ele devia ter previsto que sua andança pela Terra ia chegar nos ouvidos de alguém.
Mas por enquanto estava tudo tranquilo, era difícil descobrir sua localização. No final, a ideia de Ayla de parar com os assassinatos foi realmente uma boa, era uma tristeza sem fim, porém era necessário.
Lucifuge não havia dado mais sinais de vida, talvez tivesse sido capturado. Lúcifer não se preocupava quanto a lealdade dos seus demônios, eles iriam preferir perder suas existências do que falar algo a respeito de seu soberano. Principalmente Lucifuge, cuja garganta carregava o peso de uma coleira invisível.
Eles sabiam que se Lúcifer suspeitasse de uma traição, iria até o Céu, se fosse necessário, para revivê-los e então exterminar sua existência de novo, só que com uma dose generosa de dor. E ele realmente faria isso.
Talvez fosse a hora de mexer o seu penúltimo pauzinho e se nada desse errado, em pouco mais de alguns anos mexeria o último.
Ele se aproximou de Ayla e tocou sua bochecha, não conseguia sentir a pele da garota, mas sua temperatura sim e ela estava bem quente.
Já fez isso cinco vezes, mas era sempre como se fosse a primeira. Suspirou fundo porque precisaria de muito autocontrole dessa vez.
Passou uma perna por cima do corpo de Ayla e sentou-se sobre o quadril dela. Tocou com o dedo o lábio da garota e então o puxou deixando-a com a boca aberta.
Devagar ele pôs as mãos dos dois lados da cabeça da menina e posicionou seu rosto acima do dela. Alguns fios de cabelo deslizaram pelo seu ombro e foram parar fazendo cócegas no pescoço de Ayla.
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Meu Diabo Particular
Bí ẩn / Giật gânE se o próprio Lúcifer fosse seu anjo da guarda? Ayla, uma gaúcha que nunca saiu do próprio estado, viveu as primeiras décadas de sua vida sob o olhar protetor de seu exótico anjo da guarda: o próprio Diabo. Mas, com o surgimento de uma ameaça imine...