XXXV - Aurélia Apagada

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"E então me pegue, me morda, me tire tudo
Continuarei a não ter medo do escuro
Mesmo quando estiver destruído no chão
Continuarei a não ter medo do escuro
Então me cuspa, arranque minhas roupas
Continuarei a não ter medo do escuro
Então me compre, me venda, me faça de tudo
É só você que tem medo do escuro
Nós não, nós não, eu não, eu

Ensaio minha valsa com o Diabo
Desde quando era pequeno
Você pode me chamar de louco, bastardo, perturbado
Brindarei a isso com vinho
Sim, brindarei a você
Sim, brindarei a você
Porque sei que mesmo que tenha me odiado
Cantará o meu nome"

La Paura del Buio - Måneskin

A silhueta feminina começou a se esfarelar tal como um objeto de areia

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A silhueta feminina começou a se esfarelar tal como um objeto de areia. Jericó não esperou Beelzebub terminar sua transformação e correu da sala o mais rápido que conseguiu.

O castelo ao seu redor tremia e rachaduras fundas partiam as paredes as transformando em meros farelos de pedra.

Não demorou muito e a luz das tochas foi apagada por uma espécie de névoa negra. Novamente Jericó estava no escuro, mas dessa vez ele tinha um bom motivo para correr.

Sentia uma força sobrenatural destruir tudo às suas costas e cada vez mais se aproximar dele, era como um buraco negro sugando qualquer mísero ácaro do ar.

O barulho era enlouquecedor, soava como milhares e milhares de insetos zumbindo cada vez mais alto.

Quando uma mosca pousou no ombro de Jeri, ele soube que havia perdido aquela batalha. Mas ainda estava disposto a vencer a guerra.

Algo indeterminado formou-se na sua frente, era uma forma humanóide composta de sombras negras contorcidas entre si e estava suspensa no ar, com um dos olhos vermelho como sangue e o outro brilhando em lilás.

O fato da sombra ter uma aurélia apagada sobre a cabeça deixou o exorcista confuso, mas esse não era o momento para questionamentos.

O exorcista não ficou esperando que Beelzebub fizesse algo, afinal, esse era o maior ensinamento dos filmes. Ele correu para trás, onde não havia nada e se viu despencando no limbo novamente.

— É só um pesadelo, se eu quiser acordar, eu acordo... — o exorcista disse a si mesmo.

— Não é não, Jeri. — a voz atrás de si era rasgada e monstruosa. — Eu decido quando você acorda ou não...

E antes mesmo de Jericó poder pensar em algo, ele viu dezenas de lanças perfurarem-o por todos os lados. Ele cuspiu sangue e num piscar de olhos estava sobre um piso de calcário.

A dor havia sido diminuída pela adrenalina, mas ainda era insuportável e fazia seu corpo estremecer a cada movimento.

Com dificuldade ele olhou ao redor, estava na sala do trono de antes. Pelas portas grandes entrou um homem magro e nu, igual a mulher de outrora: como um boneco de cera.

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