XXXVIII - Enchente de São Miguel

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"[...]
O que você fez, não pode ser desfeito
Enquanto você dorme numa serenidade terrestre
Mesmo assim, sua alma ainda irá sofrer desta lástima
Igual seu amigo no inferno
O que você vendeu, não pode deixar de vender"

Witch Image - Ghost (adaptado)

— Tá me dizendo que um demônio trancou vocês aqui dentro, possuiu Ayla e quase matou Helena? — Nicolas exclamou confuso enquanto Jericó tentava explicar

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— Tá me dizendo que um demônio trancou vocês aqui dentro, possuiu Ayla e quase matou Helena? — Nicolas exclamou confuso enquanto Jericó tentava explicar. Gabriel apenas balançava a cabeça negativamente.

— Eu sei que é meio difícil de acreditar, mas precisamos ajudar Helena!

— E o que estamos fazendo aqui parados então? Vamos logo! Pra onde eles foram?

O padre piscou algumas vezes tentando compreender se tinha mesmo ouvido aquilo e Jericó ficou um tanto surpreso com a facilidade de aceitação do policial.

— Ele disse pra casa, deve ser a casa dela.

— Então vamos!

Os três logo embarcaram no carro, uma viatura que Gabriel ficou admirando por alguns segundos antes de voltar à realidade.

— Acredita na gente?! — Gabriel perguntou ainda sem acreditar. O policial o encarou no banco de trás por meio do espelho.

— Ayla é a criatura mais estranha que eu conheço, ter um demônio com ela é uma explicação bem aceitável.

— Acha que ela sofre muita influência do demônio? — Jericó perguntou. — Digo, se tu notou algum comportamento estranho nela.

Nicolas riu sem tirar os olhos da rua.

— Cara, a Ayla ter um demônio de estimação explica a quantidade de vezes que eu já ouvi ela conversando sozinha ou fazendo caras e bocas pra parede.

Jericó franziu as sobrancelhas e engoliu seco, sendo invadido por uma sensação angustiante de que tudo que está vivendo é uma grande pegadinha.

Ele estava ali arriscando a vida dele, de Gabriel e agora do policial. Se Ayla realmente enxerga e fala com Lúcifer, então tudo não passa de uma brincadeira dos dois onde Jericó é o palhaço.

— O que vamos encontrar lá? — Nicolas questionou, manobrando a viatura na rua de Helena.

— Só Deus sabe.

O silêncio perambulava entre eles como um monstro assustador quando chegaram em frente a casa. Nicolas sacou sua arma e caminhou devagar, como se fosse atirar em um criminoso de carne e osso.

— Nicolas, antes de entrarmos — Jeri disse. — Não sei o que podemos encontrar e nem se vamos encontrar algo. Orações, cruzes ou qualquer outro símbolo religioso não funcionam contra ele. Quero que esteja ciente disso.

O policial sorriu cheio de confiança e puxou de debaixo da gola um cordão colorido, geralmente usado por pessoas que frequentam a umbanda.

— Estou bem protegido!

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