XLIII - O Doce Beijo da Morte

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"Me sinto sozinha
Mas quem é que nunca se sentiu assim?
Procurando um caminho pra seguir uma direção
Respostas!
Um minuto para o fim do mundo
Toda minha vida em 60 segundos"

Um Minuto Para o Fim do Mundo - CPM22 (adaptado)

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— Pelo menos tu fez a coisa certa.

A voz disse rouca, o que assustou Ayla e a roubou do seu transe. Era Gabriel. O sangue vazado nos olhos lhe deu um aspecto doentio, deixando-o parecido com um zumbi.

— Tu tá vivo! — a esperança golpeou o coração de Ayla, mas não o suficiente para levantá-la do chão.

— Não sei por quanto tempo — ele gemeu e em seguida tossiu. — Meu couro cabeludo tá colado na parede e tenho certeza que sofri algum dano no cérebro.

— Tem sangue no seu glóbulo ocular.

Ele engoliu seco e então Ayla percebeu que Gabriel respirava com dificuldade.

— Me surpreende que eu tenha acordado e consciente ainda por cima. Porém, não queria ver meu irmão morto.

A voz falhou, o som do choro sincero e carregado de dor, que pesava toneladas sobre os ombros de Ayla, se espalhou pelo salão com ajuda da acústica perfeita. Era como se o lugar quisesse levar a todos o luto do padre.

— Eu sinto muito — foi tudo o que ela conseguiu dizer, sentindo-se abraçada pelos braços frios da culpa.

— Anjo filho da puta! — ele gritou, tomado de ódio. — Não nos deixe sozinhos, desgraçado! Por que não protegeu meu irmão?! Eu te odeio! Eu te odeio!

— Não o odeie.

A voz feminina ecoou, fazendo as janelas do lugar tremerem a ponto de criarem pequenas rachaduras. Parecia vir de todos os lugares ao mesmo tempo e o timbre grosso deixava-a imponente.

Um fio negro queimou o espaço-tempo, abrindo um portal oval que queimava com as mesmas sombras que Lúcifer controlava há poucos minutos.

A garganta de Ayla se fechou automaticamente e seus nervos gelaram.

As robustas pernas nuas, apoiadas em um salto modesto, foram as primeiras a saírem do portal, seguido de um corpo escultural moldado por um vestido preto vulgar, cujo tecido já gritava por socorro onde cobria o busto.

O pescoço carregava um emaranhado de colares que decoravam o decote com pedras de cristais de todas as cores.

As íris roxas focaram imediatamente em Ayla e então a mulher desconhecida sorriu, escancarando as únicas coisas que a garota não queria ver: um par de presas superiores.

— Ai meu Deus, quem tu é? Vai me dizer que é Lilith?

Ela arrumou os fios tão negros quanto a ausência de luz de um buraco negro sobre o ombro direito.

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