Sentado em um banco de madeira no parque, Serelepe observava atentamente os pedestres que passavam, sua mente perdida em lembranças do passado. Era um dia ensolarado de outono, e as folhas secas em tons de laranja e amarelo cobriam o chão em torno dele. Serelepe se sente como um observador do fluxo da vida, seus próprios anos de juventude parecendo distantes e nebulosos.
Um jovem, aparentemente tendo pouco mais de quinze anos, mudou-se e sentou-se ao seu lado. Serelepe olhou para o garoto, notando sua aparência descuidada e seus olhos fixos em um smartphone, provavelmente imerso em algum jogo online. Apesar da distração, o rapaz pareceu sentir o olhar de Serelepe e desviou sua atenção do aparelho.
"Boa tarde", Serelepe disse, sua voz suave e reflexiva.
O garoto falou o olhar, surpreso por ser interrompido. "Oi", respondeu, com certa impaciência na voz.
"Desculpe incomodá-lo, mas parece que você também está apreciando este belo dia no parque."
O jovem observado, seus dedos ainda deslizando pela tela do telefone. "É, meio que estou esperando alguém aqui. Mas não tem muita coisa pra fazer, então só estou jogando um pouco."
Serelepe pediu, lembrando-se de sua própria juventude e da impaciência que passou naquela época. "Entendo. Já faz muito tempo desde que eu era um garoto como você, com toda a pressa e a necessidade de estar sempre ocupado."
O rapaz desviou o olhar do telefone, parecendo levemente intrigado. "Sério? Você não parece tão velho assim."
"Ah, mas já se passaram muitos anos desde que eu era um jovem como você", Serelepe suspirou, seus olhos se perderam no horizonte. "Muitas coisas aconteceram desde então."
O garoto o lembrou por um momento, uma curiosidade evidente em seu rosto. "Tipo o quê? Você parece pensativo."
Serelepe riu suavemente. "Bom, é uma longa história... Mas se você tiver um pouco de tempo, posso compartilhar algumas de minhas memórias com você."
O jovem hesitou por um instante, parecendo indeciso, mas então guardou o telefone no bolso e se virou para Serelepe, sua atenção finalmente focada no homem ao seu lado. "Tudo bem, estou ouvindo."
Serelepe sentindo um sorriso brotar em seus lábios. "Muito bem, então." Ele se acomodou melhor no banco, sua mente revivendo aquelas lembranças que pareciam tão vívidas, como se aconteceram ontem. "Tudo começou quando eu era um estudante do último ano do ensino médio.
"Naquela época, meus dias eram necessários por aulas, tarefas escolares e a constante pressão de escolher o que fazer com minha vida depois da graduação. Eu me sinto perdido, com tantas opções e incertezas sobre o meu futuro. Mas então, em um dia que começou tão comum quanto qualquer outro, tudo mudou."
Serelepe pausou por um momento, seus olhos se iluminando com a memória. "Era uma manhã de outono como esta, com o sol brilhando e as folhas começando a cair. Eu estava caminhando pelo parque, no caminho da escola, quando algo chamou minha atenção."
Ele hesitou, sorrindo com nostalgia. "Eu vi uma garota carregando uma caixa de papelão, e dentro dela havia os filhotes mais fofos que eu já tinha visto. Ela parecia tão gentil e doce, carregando aqueles cachorrinhos com tanto cuidado."
O jovem ao seu lado se inclinou um pouco para a frente, sua curiosidade claramente despertada. "E o que aconteceu então?"
"Bem, eu não consegui tirar os olhos dela", Serelepe admitiu, rindo suavemente. "Ela era a mulher mais linda que eu já tinha visto. Seus cabelos castanhos caindo em ondas, seus olhos rasgados e um sorriso que parecia iluminar todo o parque. Eu fiquei paralisado, incapaz de me mover ou de desviar o olhar."
Ele se inclinou mais próximo ao jovem, suas rugas se acentuaram em seu rosto conforme seu sorriso se alargava. "E então, ela se mudou de mim. Eu ainda me lembro claramente das palavras que ela disse: 'Olá, você poderia me ajudar com esses filhotes? Eles precisam de um lar.'"
O rapaz assentiu, sua expressão negativa que ele estava completamente absorto na história de Serelepe. "E você ajudou, certo? O que aconteceu depois?"
Serelepe acenou com a cabeça, seus olhos brilhando com a lembrança. "Claro que eu ajudei. Naquele momento, eu não poderia recusar nada que ela me pedisse. Nós conversamos horas conversando, rindo e brincando com os cachorrinhos. Foi a conversa mais agradável que eu já tinha tido."
Ele parou novamente, sua expressão se tornou mais pensativa. "Naquele dia, algo mudou dentro de mim. Eu estava completamente encantado por aquela garota, Antônia. E não demorou muito para que nossos encontros no parque se tornassem um hábito."
O jovem ao seu lado estava visivelmente absorvido na história, seu telefone esquecido no bolso. "Antônia... Então esse primeiro encontro realmente foi o início de algo especial, não foi?"
Serelepe assentiu, seu sorriso se suavizando. "Sim, meu jovem amigo. Aquele foi apenas o primeiro passo de uma jornada que mudaria minha vida para sempre."