Brighton -ᴘᴀʀᴛᴇ ➋

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Melissa

Depois da nossa conversa no quarto, parece que a Ana está mais leve, sorrindo e conversando como se tivesse tirado um peso das costas, agora estamos aqui na sala quietinhas, jogando conversa fora, falando especificamente do Liam.

- Eu não acredito que ele odiava os gays. - disse ela sorrindo.

- Ele não odiava, só era muito filhinho da mamãe.

- Nossa, ele parece ser um cara tão legal.

- Nós fizemos isso por ele. - falei cheia de orgulho, pois era verdade.

Antes de me conhecer de verdade, o Liam era mesmo babaca, um virgem babaca. Essa parte do virgem e que fui eu a responsável pela defloração do pobre Liam, eu deixei de fora da nossa conversa, ela sabia que eu não ficava com mulheres antes dela, mas mesmo assim não queria despertar o antigo ciúme que ela sentiu do Liam, foi bastante tempo até isso passar completamente.

- Teve uma época que ele era apaixonado por você. - falei.

- Ah, isso é normal, eu também fui apaixonada por uma professora minha. - respondeu ela.

- Isso é novidade, nunca passou pela sua cabeça me contar que já deu um pegas em uma professora? - perguntei.

- Primeiro, nós não nos pegamos, eu era uma criança.

- Quantos anos você tinha?

- Sério que você não conhece essa história? - perguntou ela.

Na verdade eu conhecia sim, mas queria ter o prazer de ouvir ela me contando com o mesmo entusiasmo sobre a sua primeira paixão platônica novamente.

- Então ta bom... - ela fez uma pausa como se estivesse fazendo uma pesquisa na mente sobre o passado e começou - Eu tinha treze anos...

- Não era mais criança. - interrompi - Desculpa, continua.

- E estava concluindo a oitava série, naquela época não existia isso de nono ano. Eu era a nerd fofinha da sala, sentava na frente e era monitora de português, você pode imaginar quanto bullying eu sofri né?

Eu só conseguia ficar encarando aqueles lábios se movendo e tentando não interrompe-la com um beijo, mas segurei firme e fiquei escutando aquela história da jovem Ana Beatriz de treze anos.

- Eu era completamente apaixonada pela professora Cristina, ela tinha trinta e nove anos naquela época, mas na minha cabeça nós formaríamos um belo casal, ela vivia me elogiando e me dando conselhos, quando os meninos implicavam comigo por eu ser gordinha e nada atraente. Ela me dizia "Ana um dia você vai encontrar alguém que ache você linda, porque é isso que você é".

- E como você descobriu que não daria certo? - perguntei.

- Ah, tava na cara né? - disse ela sorrindo - No dia dos professores eu levei uma rosa pra ela e um bilhete, não dizia nada demais no bilhete, apenas "amo que você seja tão incrível", eu já tinha planejado tudo, eu daria a rosa na hora da saída no estacionamento. Mas quando fui até o estacionamento, eu a vi indo embora com o professor de matemática.

- Mas ele não podia estar só pegando uma carona?

- Ué, calma que não acabou a história da minha humilhação e de como meu coração foi partido por aquela mulher. - disse ela sorrindo lindamente. - Na semana seguinte eu fiquei depois da aula para ajuda-la com uns trabalhos e eu perguntei "Mas então, o que rola entre você e o professor Fernando?". Perguntei assim na cara de pau mesmo, "acho que isso não é assunto de criança" respondeu ela pra mim "não sou mais criança" devolvi, ela ficou me encarando por alguns segundos e depois respondeu "nós estamos namorando, não é muito a minha política sair com colegas de trabalho, mas acho que estou apaixonada". Aquilo despedaçou o meu pobre e jovem coração, baixei a cabeça e derramei uma lagrima, ela viu que eu estava chorando e sem entender perguntou se eu estava bem, segurando a minha mão, eu levantei e sai correndo da sala e depois disso, fiz um inferno em casa pra ser transferida de colégio.

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