15 de outubro. No meio de outono na Itália, uma garota bêbada qualquer está dando em cima de mim enquanto eu faço um drink para ela e eu não dou muita moral porque isso acontece constantemente por garotas que querem fazer ciúmes em algum ex que está no mesmo bar nós, até que eu escuto alguém me chamar
— Com licença, barman, pode me dar um copo de whisky puro, por favor?
Ela era a mulher mais linda que eu já havia visto em toda minha vida, ela tinha o cabelo ondulado castanho escuro com as mechas da frente e da parte mais abaixo pintado de um azul sereno, seus olhos quase negros combinavam com o que ela vestia, um vestido colado preto com um decote não muito grande com uma pequena abertura na coxa direita. Ela segurava um pequeno buque de rosas e tulipas — o mais diferente nesse buque e que algumas das flores, tanto as rosas quanto as tulipas eram negras.
Assim que me virei em sua direção senti um cheiro de amora muito forte, meu coração acelerou e eu quase gaguejei quando fui falar.
— Ahn? Um whisky puro? Não acha que é um pouco forte de mais pra uma dama? — Eu não sei porque falei isso, só sei que me arrependi.
— Dama é? — ela ri — prefiro meu whisky puro, gosto da sensação.
— Entendo, e essas flores, algum namorado? — Eu comento enquanto entrego a bebida a ela, tentando descobrir se sou um pobre coitado indo em direção a uma cilada ou se teria alguma chance com ela.
— Não, comprei eu mesma, rosas e tulipas são minhas favoritas, ainda mais dessas cores, são bem difíceis de se arrumar.
— Interessante saber, e trabalha com o que?
— É segredo, só posso dizer que me dou bem, e não, eu não sou prostituta.
— Nunca cogitei que você fosse uma.
— Ah, é que normalmente pensam que eu vendo meu corpo só por ter dinheiro e trabalhar "sozinha". — Quando ela fala a palavra "sozinha" ela faz aspas com as mãos. A música Carnaval do músico Kamaitachi começa a tocar nas caixas de som e a garota abre um sorriso. — A última coisa que eu esperava em um bar na Itália seria escutar uma música do Kamai, mal escuto no Brasil, imagina em outro país.
— Bem, não sei se notou, mas aqui é um bar brasileiro, normalmente toca mais pagodes, mas esse horário costumam ter mais esquisitos por aqui e colocar essas músicas nos rende dinheiro. Mas você gosta desse cantor?
— Um dos meus favoritos, não acho que quem escute é esquisito.. Bem, talvez alguns, não todos. A não ser que você me considere esquisita também.
— Nem em outro mundo eu poderia te considerar esquisita, muito pelo contrário, você não parece nada esquisita. — Eu olho para ela encantado, não podia acreditar que uma mulher tão bela assim estava interessada em uma conversa comigo.
Ela gargalha e então dá um gole de sua bebida recém servida, quando seus lábios encostaram o copo eu percebi que nunca havia me sentido atraído assim por ninguém, os simples movimento dessa mulher desconhecida faziam minhas pernas ficarem bambas, seu rosto parecia ter sido esculpido por Afrodite. Meu coração quase saltava do peito com cada movimento que eu a via fazer, de uma coisa eu tinha certeza, eu precisava que essa mulher fosse minha.
No momento que fui tentar soltar palavras para ver se saía algo que prestasse de minha boca ela viu seu celular e levantou as pressas, virando seu whisky e colocando dinheiro no balcão sem nem mesmo olhar a quantia que havia deixado.
— Perdão por sair assim, a curta conversa foi boa, mas eu preciso ir, quem sabe nós não acabamos nos esbarrando por aí. — E então a presença mais forte que eu já tinha estado perto, simplesmente abriu a porta do bar e foi embora; na hora que fui contar quanto dinheiro ela havia deixado como pagamento eu me deparei com cinquenta euros, mesmo que a bebida apenas custasse quinze.
Eu precisava encontrar aquela mulher novamente, eu não poderia deixar a única que me fez sentir meu coração bater em minha garganta apenas ir embora. Eu tenho que achá-la nem que eu morra para isso. Ela vai ser minha.
