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Akai Ito

Acredita-se que, no momento do nascimento, os deuses amarram um fio vermelho ao dedo mínimo de uma pessoa, ligado ao mesmo membro de outra. Este fio é invisível, inquebrável e infinito. Ele pode embaraçar-se e enrolar-se, mas nunca se parte. Não importa o tempo, a distância ou as circunstâncias que possam surgir ao longo do caminho. No final, as extremidades se encontrarão, permitindo que vivam a felicidade plena que o destino reservou.

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**17 de outubro de 2018**

Estava em um quarto, observando a paisagem, enquanto as paredes brancas, com um tom azulado, pareciam sem vida. Pensava no futuro e nas inúmeras possibilidades que me aguardavam. Hoje é véspera do meu aniversário, meu tão sonhado 18 anos, mas me sentia perdida.

- Tudo bem? (Ela me chamou, me despertando do meu transe.)

- Estou bem, só pensativa.

- Não se preocupe, tudo dará certo. Você irá procurar emprego hoje.

- Sim, tenho uma entrevista às 11:00 e, depois, entregarei mais alguns currículos.

- Não esqueça de assinar a papelada amanhã, ok?

- Está bom.

Respirei fundo e finalmente me levantei. Era mais um dia comum, diga-se de passagem, outro dia normal.

Peguei algumas roupas no armário e fui em direção à fila de adolescentes para tomar banho. Lá, encontrei minha melhor amiga, escutando seu bom e velho Tokio Hotel. Desde que cheguei aqui, ela sempre os escuta; diz ser uma fã nostálgica.

- Oiê, amiga! Bom dia! (Ela me analisa de cima a baixo.) Ou para você talvez só "dia". Preocupada com amanhã? (Apenas aceno com a cabeça e bufo, me encostando na parede.) Não se preocupe, você se sairá bem hoje. Daqui a três meses estarei indo te visitar na sua nova casa.

- Deus te ouça. (Sorrio fraca.)

Continuamos conversando sobre assuntos aleatórios, enquanto tentava me animar. Até que um grupo passou esbarrando em mim. Reconheci imediatamente a minha maior causadora de bullying e destruição da autoestima, acompanhada de suas comparsas.

- Ai, desculpa, piolhenta! Eu não te vi aí. (Me olhou com deboche e saiu andando com suas amigas.)

Revirei os olhos.

- Eu juro que qualquer dia eu arranco os cabelos dela! Depois de tanto tempo, ela ainda insiste em te chamar assim.

Assim que cheguei aqui, estava tendo um surto de piolhos, e ela espalhou que eu havia trazido os piolhos por causa do meu cabelo grande e volumoso.

- "Olhem o tamanho desse cabelo! Certeza que ela trouxe piolhos! Cuidado, Jonathan, você pode ser o próximo!"

Depois disso, ninguém quis se aproximar de mim, exceto minha melhor amiga, e desde então somos inseparáveis.

- Estou com inveja! Logo logo você estará livre disso, enquanto eu ainda terei que esperar um ano. (Ela logo me abraça.) Ah, já estava na hora. (Ela entra no banheiro.)

"10 minutos de cada um, esse é o tempo de banho que temos por aqui, embora haja algumas exceções." Ir embora será difícil, mas não pelo fato de ter que alugar um lugar e conseguir um emprego fixo, mas pela solidão. Sempre fomos só nós duas desde pequenas, mesmo ela me azucrinando com sua banda dos sonhos, tentando me convencer a levar CDs e pôsteres. São boas lembranças.

Escutei a porta do banheiro se abrindo...

**9:00 AM**

Já me arrumava. Peguei uma roupa formal que a reitora me deu, uma pasta com meus documentos e fiz um coque alto. Queria causar uma boa impressão. Parei uma última vez em frente ao espelho e me observei.

CROSSING TIME( TOKIO HOTEL)Onde histórias criam vida. Descubra agora