You drafted my heart - Nika Mühl

Capítulo 15 - Lasanha

POV - NIKA MÜHL
08:56 pm - 08 de Abril de 2022.
Storrs, Connecticut.

A semana parecia se arrastar, cada dia mais longo que o anterior. Eu sentia um peso constante no peito, como se o tempo estivesse conspirando contra mim, prolongando cada minuto até se tornar quase insuportável. As aulas se tornaram um borrão de informações que eu mal conseguia processar, enquanto os treinos me deixavam exausta, tanto física quanto emocionalmente.

Durante os treinos, eu tentava me concentrar na minha respiração, no ritmo dos meus pés batendo contra o chão, nas minhas mãos e no quique da bola mas minha mente sempre voltava para Olívia. Quando menos esperava, me pegava pensando no jeito que ela sorria, na sua risada contagiante, e em como o tempo voava quando estávamos juntas e, contraditoriamente, como parecia se arrastar quando estávamos longe.

Agora, o tempo parecia uma tortura lenta e deliberada.

Mesmo com a distância, eu sentia uma conexão profunda com Olívia. Nós fazíamos questão de dormir em ligação de FaceTime quase todas as noites. Era o nosso momento de nos sentirmos próximas, mesmo que através de uma tela. Ela me contava sobre o dia dela, falando sobre as aulas e como ela estava com todo o processo de fisioterapia e reabilitação, e eu fazia o mesmo, na maior parte das vezes reclamando sobre o quanto Geno estava nos matando nos treinos mesmo a temporada tendo acabado. Outras vezes, apenas ficávamos em silêncio, apreciando a presença virtual uma da outra.

Uma dessas noites, depois de um dia particularmente cansativo, Olívia parecia preocupada. Eu estava deitada na minha cama, olhando para o teto enquanto ouvia sua voz do outro lado da chamada.

"Niki... Babe, você tá bem?" ela perguntou, sua voz suave e claramente preocupada. "Você parece cansada."

Suspirei, sentindo o cansaço me puxar para baixo. "Estou um pouco. Essa semana está sendo difícil. Sinto que nunca acaba, faltam dois dias pro final de semana e você ainda não voltou pra Providence..."

Olívia sorriu, aquele sorriso que fazia meu coração disparar. "Estamos quase lá, amor. Logo, vamos poder nos ver, meu voo é amanhã pela manhã. Tente focar nisso, ok?"

Eu sorri de volta, mesmo que ela não pudesse ver. "Eu sei. Só estou com saudades. Às vezes, parece que isso tudo é demais."

Ela suspirou, um som cheio de empatia e compreensão. "Eu também sinto sua falta, Nika. Mas estamos juntas nisso. E logo vamos poder nos vermos de novo."

Esses momentos com Olívia eram o que me mantinham sã. Ela tinha uma maneira de me fazer sentir segura e amada, mesmo à distância. Nas aulas, eu me pegava olhando pela janela, sonhando acordada com o fim de semana que nunca chegava, quando finalmente poderia vê-la.

Durante os treinos, a memória do toque dela e do seu perfume me dava forças para continuar. Lembrava de como ela me encorajava, mesmo que só em pensamento. "Você consegue, Niki!!", ela diria. "Eu acredito em você!!"

Os dias se arrastavam, mas cada pequeno passo que eu dava era uma vitória. E, à noite, quando eu me aconchegava debaixo das cobertas com meu celular, pronta para a chamada com ela, tudo valia a pena. Ouvi-la respirar do outro lado, saber que ela estava ali comigo, mesmo que virtualmente, fazia tudo valer a pena.

"Mühl?" A voz de Olívia me tirou dos meus pensamentos. "Eu te amo, sabia?"

Sorri, sentindo um calor confortável no peito. "Eu também te amo, Olie. Muito."

Assim, aos poucos, cada dia se tornava mais suportável. Porque, no final, eu sabia que ela estava lá, esperando por mim, assim como eu por ela. E isso era tudo o que eu precisava para continuar.