ELEANOR BLACKWOOD
Uma vez mamãe me contou uma história. Estávamos caminhando na cidade. Era um dia de verão e eu me recusava a vestir meu chapéu porque a fita pinicava e fazia meu pescoço coçar. Mamãe disse que se eu não me comportasse e obedecesse meu rosto ficaria cheio de manchas horríveis como a da criada que trabalha na cozinha.
— Aileen — chamei enquanto ela estava escolhendo qual vestido eu usaria hoje. — Por que aquela criada da cozinha tem sardas?
— Porque o sol queimou o rosto dela. O que acha desse vestido amarelo, senhorita? — balancei a cabeça e ela foi colocar o vestido no lugar.
— E como o sol queimou o rosto dela?
— Ela trabalha muito nas horas em que o sol está forte, senhorita. — respondeu distraída. — O rosto dela não tinha nenhuma mancha antes da senhorita nascer. Um dia estava cortando limões e a mandaram pegar água no poço. Não viu que havia limpado o rosto com a mão suja de limão e saiu no sol da tarde, então o rosto dela queimou.
— Como quando a gente queima papel na lareira? — perguntei assustada e ela riu.
— Não, senhorita. O rosto ficou vermelho e cheio de bolhas. Com o tempo curou, mas a pele começou a descascar e as manchas começaram a aparecer. Só aumentaram com o tempo porque ela trabalhava sob o sol. — concluiu com um suspiro e balançou um vestido rosa na minha frente. — O que acha desse, senhorita?
— Lindo. — respondi com um sorriso.
...
Me arrependi assim que Vivi começou a gritar.
Pinguei apenas algumas gotas na essência que usava no rosto, não achei que doeria tanto. Ficamos brincando no sol por pouco tempo, mas não demorou para a vermelhidão tomar sua pele clara. As bolhas começaram a surgir e logo a dor se tornou insuportável. Foi a primeira vez que a vi chorar.
Quando as lágrimas entravam em contato com a pele queimada, ela gritava e se contorcia. Papai a segurava e a mamãe apertava sua mão, pedindo que fosse forte enquanto o médico tentava aplicar o remédio. Seus gritos eram tão agonizantes que o médico recomendou xarope para o sono.
— Ouvi que pode ser perigoso em crianças. — Papai comentou com Vivi em seu colo. O queixo dela apoiado em seu ombro. Ele andava de um lado para o outro, como se o balançar suave conseguisse acalmá-la. — Dizem que pode causar...
— Dê a ela. — mamãe o interrompeu.
— Amber!
— Não vou deixar nossa filha agonizar desta forma, Gerard.
Colocaram uma colher daquele líquido na boca de Vivi e não demorou muito para fazer efeito. Eu observava em silêncio do canto do quarto o modo como suas pálpebras pesaram até ela ceder ao sono. Colocaram ela na cama e quando o médico começou a aplicar o medicamento, Tia Rietta me encontrou e me levou embora.
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Cruel
FantasyEncantadoramente bela e astuta. Para todos, Eleanor Blackwood, é uma vítima inocente de sua impiedosa irmã mais velha, a gananciosa Victória. No entanto, a verdade que ela mantém escondida é um pouquinho mais perversa do que todos imaginam. Com sua...