Eu me surpreendo quando ele segura a minha mão e sai do salão sem dizer nada, entramos no elevador, ele coloca a chave no painel, abre aquela portinha e aperta o botão do subsolo 3, quando o elevador começa a se mover ele vira pra mim e me beija, acho que estou começado a entender essa história de luxúria encarnada, se só o beijo é assim, não consigo nem imaginar como é o sexo.
O elevador para e ele se afasta, por um momento parece... Não sei... Estranho... Ele levanta a mão e toca o meu rosto suavemente, o seu rosto não entrega nada, queria saber o que ele está pensando.
Segurando a minha mão mais uma vez ele me leva por um corredor com algumas portas vermelhas, três de cada lado, no fim do corredor tem uma porta solitária que ele abre com uma senha, ele sai frente da porta e me olha, a sua intenção é clara, eu tenho que entrar e é isso que faço.
Olho em volta e o meu estômago embrulha, acho que se soubesse de antemão que isso era um quarto teria imaginado outra coisa, tipo cordas, chicotes e algemas, mas é um quarto comum, como tudo nesse lugar o vermelho predomina. No meio do quarto tem uma cama enorme, enorme mesmo, está com lençóis de seda, tem também um sofá grande que parece conjunto da poltrona que ele estava sentado no salão e um armário. Isso é tudo o que tem no quarto, nada demais, mas...
Existe um termo para um lugar como esse: abatedouro. Sabe o que um abatedouro é para mim? Eu quase consigo ouvir os sons que os animais fazem quando estão sendo abatidos, o meu pai fazia todos os filhos ajudarem em tudo na fazenda, mas eu sempre passava mal nesse lugar, com o tempo ele entendeu que eu não conseguiria superar a... Angústia... E mais ou menos quando eu tinha doze anos ele parou de me obrigar a assistir... É inevitável associar esse lugar ao que acontece lá... Ao que aconteceu com a minha prima. Quantas pessoas foram abatidas aqui? Qual som elas faziam quando...
Sinto vontade de vomitar e involuntariamente dou um passo para trás batendo nele, por um momento eu esqueci que não estava sozinho. Ele segura a minha cintura e beija o meu pescoço, me vira de frente para ele e me beija, eu tento relaxar e esquecer de tudo, afinal eu estou aqui por um motivo e estou prestes a transar com o cara mais lindo que já conheci, mas os sons dos animais não saem da minha cabeça.
— Está tudo bem?
Ele se afasta e para a minha surpresa parece preocupado, eu sorrio e aceno, mas acho que não estou sendo convincente, então eu tendo ignorar a vontade de vomitar e o beijo mais uma vez, dou alguns passos na direção da cama, mas não adianta, não vou conseguir fazer isso aqui.
— Nanon?
Tudo a minha volta começa a rodar a medida que os sons inexistentes ficam mais alto.
— Eu preciso... sair daqui...
Isso é tudo o que consigo dizer antes de tudo apagar.
Acordo, mas fico de olhos fechados, espero pelo sermão do meu pai sobre as responsabilidades de um dono de fazenda, mas isso está errado. Tento organizar os meus pensamentos e lembrar do que aconteceu, eu não estou na fazenda, porque essa lembrança do meu pai foi a primeira coisa que me veio a mente quando eu acordei? De repente eu lembro, o abatedouro. Merda! Eu possivelmente estraguei a minha única chance de descobrir a verdade.
Abro os olhos tento descobrir onde estou, é um quarto bem iluminado, olho para o lado direito e as paredes do quarto são brancas, talvez não brancas, é um tom mais leitoso... As cortinas são brancas também, em um tom perolado, a combinação me faz lembrar bolos de casamento, os móveis são simples, mas ao mesmo tempo parecem sofisticados, são em um tom madeirado, vejo uma mesa de cabeceira ao lado da cama, sigo com o olhar um guarda roupa que ocupa toda a parede na frente da cama, deve ter uns cinco metros, do lado esquerdo tem uma poltrona da mesma cor das cortinas e ao meu lado ele me olha preocupado.
— Como você está?
A sua voz suave e o seu olhar olhar preocupado me desequilibram.
— O que aconteceu?
— Você desmaiou.
— Merda!
Eu sento e passo a mão no cabelo, eu sou um idiota, tinha que fazer uma única coisa e falhei miseravelmente. Olho para baixo e percebo que não estou com as minhas roupas. Por favor, Deus, que eu não tenha vomitado!
— Você trocou as minhas roupas?
Ele dá um meio sorriso e acena.
— Talvez fosse a única chance de te ver sem roupas, eu tinha que aproveitar.
Isso parece bom, sem vômitos eu acho, mas espera, única vez?
— Eu estou fora?
— Fora?
— É... Do clube... Você não me quer?
Ele se aproxima e vira na minha direção, apoia a mão esquerda na cama do outro lado do meu corpo e o seu rosto fica a centímetros do meu.
— Não existe nada nesse momento que eu queira mais que você, Nanon...
A sua respiração está cada vez mais próxima e o meu corpo inteiro se arrepia na expectativa do seu beijo, mas ele se afasta e levanta.
— Você jantou? Posso pedir alguma coisa pra você comer.
Merda, eu estraguei tudo!
— Eu estou fora?
Ele me olha por um momento e de novo não consigo ver o que está pensando apenas pela sua expressão.
— O que aconteceu? Mais cedo, naquele quarto.
Eu penso em uma boa desculpa, uma que me coloque no jogo de volta, mas não consigo pensar em nada.
— Você não está pronto para isso.
Ele diz isso sério, não parece irritado como deveria, apenas fala como se fosse algo óbvio e simples, e está certo, eu não estou pronto pra isso, mas isso não importa.
Quando ele se afasta da cama eu sei que não tenho escolha, então começo a falar.
— Eu cresci em uma fazenda... — Ele me olha surpreso, mas não diz nada. — Eu amo a minha fazenda, tudo nela, mas tem um lugar que eu não consigo entrar sem passar mal... O abatedouro. Quando eu entrei no quarto... No seu abatedouro... Não sei, eu lembrei daquele lugar e do choro dos animais quando estão morrendo...
— O quarto é o problema?
Ele parece preocupado e animado ao mesmo tempo, eu apenas aceno confirmando.
— Então você ainda me quer?
Eu tenho que dar risada.
— Quem não ia querer?
Eu me assusto quando ele vem rápido até a cama e praticamente pula encima de mim, ele me beija me guiando para trás, quando deito sinto as suas mãos por cada parte do meu corpo, cada toque e beijo parecem cheios de necessidade, de desejo, de luxúria...
— Do que você gosta, Nanon?
A minha mente para de funcionar quando ele sussurra no meu ouvido, levo alguns segundos para conseguir respirar e mais alguns segundos para raciocinar.
— Não tenho preferência.
— Passivo?
Deus, se ele quer ter essa conversa é melhor se afastar, já estou usando cada grama de auto controle para não arrancar a sua roupa agora mesmo.
— Não tenho preferência.
Ele beija o meu pescoço e o meu cérebro tem mais uma pane.
— Eu quero muito te foder agora, Nanon... O que você quer?
— Tudo...
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Sete Pecados
FanfictionNanon, um jovem determinado, adentra um clube exclusivo em busca de respostas sobre o misterioso acidente que colocou sua prima em coma. No interior desse lugar enigmático, ele se envolve em uma teia de intrigas, luxúria e segredos sombrios represen...