Fake Love - Triologia 1°

Capítulo 34

Alix narrando

Peguei o óculos escuro e coloquei, tentando disfarçar. Caminhei até Mahelí e entreguei a água.
Me despedi do meu irmão, era difícil encontrar palavras de gratidão pela vida dele e de arrependimento por tudo de errado que fiz.
Chorei sem ter vergonha de demonstrar meus sentimentos, quem disse que mafioso não chora?

Realmente, parece que ficou um buraco enorme no peito. De La Cruz era meu freio, sabia como me acalmar. Era a parte feliz da minha vida, estava sempre sorrindo e fazendo piada de tudo. Era meu defensor, estava pronto a me ajudar e puxar a minha orelha se fosse preciso.
Como vai ser agora? Eu perdi tudo. Se foi meu amigo que era um irmão, meus bebês e a mulher que eu amo.
Parecia que o chão se abriu embaixo dos meus pés, mas eu tinha que ser forte.

Os chefes da máfia estavam ao redor, em silêncio, assistindo o sofrimento de Mahelí e o meu.
O sino avisou que era hora de leva-lo, fomos conduzidos para uma sala.

Colocaram o caixão em cima de uma esteira, o caixão foi entrando lentamente para o crematório. Mahelí gritava de dor ao meu lado e eu apoiava seus ombros.
Ao entrar todo, as portas se fecharam. 
Mandariam a urna com as cinzas dele para o meu endereço.

Abracei Mahelí, que estava sentada, tentando consolar e ser consolado. Ficamos assim por alguns minutos.

Chegamos no hospital, ajudei Mahelí tomar banho e a se vestir. Tomei banho e me vesti.
Peguei as refeições e levei para o quarto.
Comi junto com ela, essa era nossa despedida.
Começarei uma terapia intensiva, preciso estar pronto para ela, não posso deixar meus traumas estragar a vida dela.
Vai doer ficar longe, mas se eu não estiver pronto para ela vou acabar machucando seu coração novamente.

- Promete que você não vai desistir de mim? Promete que vai me esperar? - Passei a mão em seu rosto.

- Prometo. - Ela me olhava com os olhos tristes.

- Promete que vai se cuidar e se alimentar? Se a dor ficar insuportável, promete me ligar? Não sofra sozinha. Por favor, me promete? - Segurei seu rosto com as mãos para olhar dentro de seus olhos.

- Prometo. Você também, não sofra sozinho. E se cuide, por mim. Me ligue se precisar.

- Está bem. Obrigado por tudo. Desculpa ter tantos defeitos. - Mahelí levantou da cama  e estendeu os braços, para eu abraça-la. A envolvi em meus braços.

- Eu te amo, Alix. Nunca esqueça disso. Eu abro mão de qualquer coisa por você. Um dia, se você permitir, eu te farei o homem mais feliz dessa vida.   

- Obrigado por ser a mulher por quem me apaixonei. Ainda vou te fazer muito feliz, te prometo. - Me afastei um pouco. - Agora tenho que ir. - O carro que me levaria estava lá fora. - Posso te pedir uma coisa antes de ir?

Ela olhou meus lábios e olhou meus olhos, nem esperou eu falar. Se aproximou lentamente e me beijou.
A puxei para mais perto e devorei seus lábios, parecia querer gravar o gosto do seu beijo.
Mahelí segurou minha camisa enquanto me beijava, parecia sentir dor, mas não dor física , a dor da despedida. Nos afastamos lentamente, ela ainda estava de olhos fechados.

- Caso se apaixone por alguém, me avise. - As lágrimas escorreram de seus olhos, quando se abriram.

- Você me falou que não é igual a minha mãe, que me abandonou. Digo pra você, não sou como seu pai, que se esquece tão facilmente de sua mulher e filha. Eu só quero você, me espere, prometo que vou voltar. Vou voltar para te fazer feliz e ser feliz ao seu lado. Vou estar pronto para você. Eu só quero você, Mahelí. Não tem espaço para mais ninguém. Eu preciso de você na minha vida. - Nos beijamos novamente e me despedi. Eu era egoísta o suficiente para não conseguir imagina-la com outro.