17 - Vinho, chuva e saudade.

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Maraisa:

Um mês depois...

Tudo na mesma, assim que estava.

O dia estava quente porém o céu nublado, mostrando que a qualquer hora cairia uma chuva.

Estava pronta pra dar início a um show em uma quarta-feira de feriado em Brasília, show beneficente, era pouco mais de 15:00 da tarde e eu e Maiara posicionadas pra entrar no palco.

Solto meu grito de lei no microfone e em seguida a Maiara o que levam nossos fãs ao delírio. Em seguida começa a música de abertura e assim fazemos nossa entrada no palco.

Fazia um tempinho que eu apenas tomava suco nos shows fingindo ser vinho, hoje estava afim de beber, então pedi que colocassem vinho.

O show correu normal como sempre, eu fiquei um pouco alterada, porém só um pouco. E assim finalizamos o show. Maiara iria de jatinho pra São Paulo, estava desconfiada que ela estava com alguém, e eu havia decidido voltar de ônibus com o pessoal da equipe pra Goiânia.

Assim que saiu do palco vou direto pro carro que já estava esperando eu e o Bruno, enquanto organizavam as coisas no ônibus eu passaria no hotel e tomaria um banho e pagava minhas coisas.

•••

Bruno junto do Bueno tinham me deixado em casa.

Entro em casa sozinha, estava tudo em silêncio, como eu sentia falta de tantas coisas que ultimamente eu não fazia mais.

Passo direto pra cozinha pego uma garrafa de vinho a abrindo e uma taça. Penso em ir pro quarto porém vou pra sala de casa.

Encho a taça e coloco a garrafa na mesinha perto do sofá onde tinha um relógio que marcava 20:44.

Me sento no tapete e me encosto no sofá dando um grande gole no vinho, suspirando em seguida.

Como eu sentia falta da Marília, de beber juntas, de nossas resenhas junto com a Maiara. A resenha sempre terminava com uma composição foda.

Aí Lila que saudades. Marília era minha saudade diária, mesmo tentando não lembrar nela, na maior parte do dia ela estava presente nos meus pensamentos.

Só de pensar que as coisas podem mesmo mudar, o sentimento acabar, até mesmo o de amizade. Só de pensar nisso faz meu chão querer sumir, eu não suportaria se isso acontecesse. Não suportaria minha vida sem a Marília nela.

Lembro da nossa primeira troca de olhares naquele spar anos atrás, eu sabia que aquele olhar doce ficaria presente na minha vida pra sempre, eu só queria que sempre que eu quisesse eu pudesse olhar pra eles. Eu sabia que desde aquele dia eu já tinha enxergado algo a mais, assim como ela também devia ter enchergado nos meus.

Passei um tempo que nem sabia mais só vi que passei esse tempo todo em lembranças com a Marília quando finalizei a garrafa de vinho e pensei em buscar outra, eu já estava tonta.

Me levanto do chão, passo no banheiro para fazer xixi e depois sigo para a cozinha pego outra garrafa de vinho e encho novamente minha taça. Olho pra fora e percebo que chovia muito.

Escuto um barulho baixo vindo da entrada de casa, mesmo tonta me faz entrar em alerta, mesmo o condomínio sendo seguro, vai saber né...

Vejo quem eu menos queria ver vindo em minha direção.

— Wendell.

— Oi meu amor

Arg... muito sínico mesmo.

— Não sabia que estava em Goiânia.

— Estava em reunião.

Dou de ombros.

— E você andou bebendo bebendo né? — Ele fala tomando a taça da minha mão.

— Eii, me devolve isso.

— Acho que chega de álcool por hoje pra você.

— Por que? Por que você tá mandando?

Desafio

— Sim, e você está muito abusadinha por meu gosto, não acha?

Ou eu estava cansada demais de tudo, ou o álcool estava me deixando mais corajosa que o normal.

Comecei a falar sem nem ao menos perceber:

— Wendell eu tô cansada, muito cansada. Eu não sei o que eu fiz pra você se tornar isso que você se tornou, você se tornou um mostro — Eu já estava praticamente gritando e chorando junto. — Só que eu tô realmente muito esgotada de tudo. Hoje eu realmente não tô afim de nada com você.

Passo por ele pegando a chave do carro, ele parecia tentar racionar.

Entro no estacionamento logo entrando no carro, a chuva estava forte. Não ligo saiu de casa dirigindo.

Meus olhos engaçavam pelas lágrimas, junto da chuva não estava nada fácil enxergar, e fora que eu estava alcoolizada. Decido diminuir um pouco a velocidade.

Eu não podia medir o tamanho da tristeza e raiva que eu estava sentindo, eu não era assim. O que o Wendell me fez me tornar.

Continuo dirigindo sem nem saber pra onde eu estava indo. Minha mente estava confusa demais pra poder pensar em alguma coisa.

Depois de um tempo dirigindo eu paro o carro e vejo que parei em frente a um apartamento. Respiro fundo tentando parar de chorar, inutilmente, porque não consigo. Saiu do carro e analiso o local. A chuva não dava alívio, ainda chovia muito, já estava ensopada, porém não me importo.

Com toda a coragem que me restava eu entro, eu ja podia entrar ali sem ser anunciada. Vou até o elevador, forço na minha mente pra lembrar o número do andar, assim que lembro aperto.

Eu não sabia se teria alguém ali, esse apartamento quase não usava mais desde que comprou uma casa no condomínio.

Respiro fundo antes de bater na porta. Bato, uma vez foi o suficiente.

— Já vai.

Através da música - Malila | GpOnde histórias criam vida. Descubra agora