Jogo Perverso

Capítulo 56 - Superproteção - parte 1

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Ser um Rei e ter o mundo sob os pés era inebriante, nem o melhor uísque poderia proporcionar tal satisfação e a sua ressaca era igualmente intensa. Qualquer erro pode ser fatal, a pressão fumegante aperta, prensa, comprime e enquanto Dante era sempre cobrado pelos outros e acima de tudo por si mesmo a embriaguez logo tornava-se enxaqueca, enjoo e tontura.

Dominar as situações e as pessoas tinha um preço e o Rei do Inferno estava mais do que disposto a pagá-lo, sentir todo aquele mal-estar após o êxtase intenso por beber muitas taças de poder não era absolutamente nada.

Quando a pressão caía sobre o seu corpo a melhor forma de extravasar era com o seu uísque envelhecido, seu charuto caro e mulheres sensuais. Por muitos anos esse foi o seu remédio para a ressaca, porém, tornou-se cada vez mais ineficiente.

O uísque já não anestesiava facilmente, eram necessárias cada vez mais e mais doses, com o charuto não era diferente, os efeitos eram praticamente nulos, restando apenas o hábito de tê-los entre os lábios e manter-se envolto em sua fumaça, e com as mulheres era ainda pior. Uma dose bastava para perder o interesse. Estava cada vez mais difícil encontrar uma mulher interessante, que o fizesse esquecer dos problemas, que o fizesse sentir o mínimo de atração, que o fizesse se sentir vivo.

Até ele conhecer Ivy, uma mulher linda, sensual e deslumbrante que se mostrou muito além de seus atributos físicos, a sua inteligência, ganância e coragem eram características que Dante admirava nela.

Ivy falava como uma Rainha, andava como uma Rainha, parecia uma Rainha, mas ela era uma plebeia e o Rei do Inferno precisava consertar isso, não só coroá-la, mas também torná-la dele.

Só uma mulher dominante como Ivy poderia remediar a sua ressaca de poder, diminuir a sua pressão, aliviar o mal-estar. Todo o tempo em que Dante estivesse com ela, ele renunciaria ao poder para ser comandado. Só assim ele poderia ser vulnerável e se entregar sem pensar nas consequências dos seus atos, pois apenas cumpriria ordens e não seria o responsável por ditá-las.

Casar-se com Ivy foi a sua maior conquista, pois apenas com ela o seu desejo de dominar e ser dominado poderia ser realizado e o Rei do Inferno jamais a deixaria escapar. Não depois de ter experimentado tudo que ela era capaz de fazer.

A sua Rainha era melhor do que ele jamais imaginaria e ela o pertencia.

Como ela podia ter sumido sem deixar rastros? Dante não conseguia entender, como Ivy foi capaz de tentar matá-lo e sumir como fumaça no ar. Uma mulher ciumenta eventualmente voltaria para tirar satisfação, ou terminar o que começou. Ainda tinha o fator Ian, o seu irmão estava preso, ela não sabia se estava vivo ou morto. Ela iria aparecer, ela tinha que aparecer, Dante não aguentava mais esperar.

Em sua árdua espera, o Rei do Inferno decidiu ser gentil com o garoto, usando aquela personalidade que o mafioso costumava apresentar perante a sociedade, alguém bondoso e atencioso, comportamento esse que nunca foi apresentado para Ian antes.

Era uma jogada.

E pelo visto o pequeno coelho assustado não desconfiava de nada. Achava mesmo que o seu cunhado estava apenas cuidado dele para agradar a sua esposa, enquanto ele só o manipulou na tentativa de extrair informações, mas foi inútil. O jovem rapaz era mais resistente do que aparentava e muito fiel à sua irmãzinha.