Em frente a liga havia três telas. A primeira, menor e mais escondida, de uma televisão antiga e com imagem estática, estava AFO. Ou assim era para ser, já que o bicho papão não estava falando nada e não podia exatamente ser visto. Mas ele estava ali.
A segunda era do jornal, onde vários repórteres estavam reunidos para uma comitiva com os professores e diretor da U.A, marcado para que eles se retratassem e que começaria em alguns minutos. Como se fosse possível melhorar a situação deles.
O terceiro era do bunker de Izuku Midoryia. Esse vídeo – agora com áudio ativo – estava sendo transmitido ao vivo na internet, e apesar da tentativa de derrubarem, Narrador havia sido o responsável por toda a proteção e logística de seu sequestro.
Bakugou já havia acordado a alguns minutos e eles conversaram, com o loiro sendo mais cooperativo do que esperavam. Então o bunker que Midoryia estava foi teleportado para o porão do prédio em que estavam. E, por último, Bakugou foi levado para lá, para ser trancado junto ao outro.
Era a cena que eles e quase todo o Japão - e mundo -, estava acompanhando.
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– Então, você já sabe o que fazer...
Dabi deu um olhar a Midoryia enquanto tirava a algema de Bakugou, ele parou na porta por um momento, hesitante, antes de continuar e trancar o bunker.
O loiro esfregou os pulsos com calma antes de levantar o olhar, finalmente, arregalando os olhos em seguida. Deku ainda se mantinha consciente, com a cabeça erguida e o olhar determinado, mas seu corpo estava banhado em sangue. Seu próprio sangue. Havia queimaduras, cortes, hematomas. Mas vivo.
Bakugou nem mesmo percebeu quando pequenas explosões saíram de suas mãos, acelerando sua produção de suor. Não, ele estava preocupado - seria a descrição certa? -, avaliando cada detalhe do corpo de seu amigo de infância que parecia a beira da morte. Ele não o queria morto.
E ele sabia o que era aquilo. Shigaraki Tomura disse que a tortura de Izuku era inspirado em seus dias na Aldera Junior, que eles tentaram recriar as lesões que ele mesmo causou em Deku, como um símbolo de boa vontade deles.
A boa vontade lhe serviu para lhe fazer ficar enjoado, querer vomitar. Ele engoliu forçadamente a bile que subiu em sua garganta.
Ele achava os machucados merecidos, até bonitos, quando era ele o causador. Quando outro encostava em Deku, machucava-o, era revoltante. Ele não conseguiu ter força para sair de seu lugar.
– Eles me mostraram coisas... Filmagens, principalmente, e disseram que a U.A as tem. Então...
– Eu pedi para Nedzu-sensei não te expulsar – Izuku elucidou – Se você fez as coisas que fez querendo ser um herói, o que faria se não pudesse ser um?
– Eu não... Eu jamais seria um...
– Eu sei, Kaachan. Eu sou o único que você realmente quer machucar – Havia compreensão nos olhos verdes, o que deu força para Bakugou se mover, se aproximar.
– Eles querem que eu te mate.
– Sim, Kaachan. Eles querem que você seja destrutivo comigo, como sabem que você pode ser. Como eu sei que pode ser. Mas eu te perdoo. Kaachan, eu te perdoo.
Bakugou ofegou com as palavras, encarando Izuku, buscando alguma mentira em sua sentença. Mas apesar da voz fraca, provavelmente por causa das horas de tortura, havia sinceridade, compreensão e empatia. Deku não o odiava.
Não importava o que ele fez, o que ele fizesse, ele o perdoaria. Sempre faria.
Katsuki puxou a cadeira que estava ao lado dele e subiu em cima, soltando as correntes e, em seguida, as algemas. Izuku não se moveu, mesmo quando ele começou a passar as mãos pelo corpo dele, espalhando seu suor. Não havia medo no esverdeado, mesmo que ele soubesse que se ele soltasse uma explosão depois disso, mínima que fosse, ele inteiro queimaria.
O loiro se sentiu bem com isso, ganancioso. Então, seguindo suas vontades mais profundas, ele explodiu Izuku. Quando a fumaça baixou, a pele de Izuku estava ainda mais queimada. Mas ele se protegeu da maior parte da destruição com uma barreira de energia. Ainda havia calma no olhar do maior.
Então, novamente seguindo suas vontades, Bakugou o puxou para seus braços, colando os lábios com os de Deku. Suas mãos, pousadas na cintura do outro, continuaram ativando a quirk, tão próximas, tão coladas, que Izuku não podia fazer nada além de as receber. Seus gemidos de dor sendo engolidos por Katsuki, que se forçava a ele.
O beijo foi interrompido quando Izuku caiu no chão, de joelhos, com a respiração entrecortada e lagrimas caindo em cascata de seus olhos.
A porta foi aberta forçadamente nesse momento, Tiger e Ragdoll correndo até eles.
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A invasão a base da liga foi como planejada. A entrevista da U.A acalmou as massas como queriam e serviu como distração. Graças aos esforços de vários heróis e o auxílio de Momo, eles conseguiram informações de localizações. A maior questão foi que Hawks confidenciou ter a localização de Izuku em um lugar completamente diferente, em uma prefeitura duas cidades de distância de onde a LOV estava reunida.
O próprio Hawks, assim com vários outros heróis, foi designado para Midoryia. O problema começou quando o número três entrou em contato, cinco minutos antes da invasão, dizendo que a localização de Midoryia mudou para a da liga, e que ele, junto aos outros, estavam a caminho para se juntar.
All Might apoiou veementemente que eles não deviam esperar, todos estavam, até o momento, acompanhando a transmissão da liga e viram que Izuku estava sofrendo demais para que esperassem.
Ragdoll, que podia ver a localização dos alunos, ficou responsável por os tirar de lá, enquanto os outros enfrentavam os vilões.
O próximo problema a se apresentar foi que Tiger e Ragdoll sumiram assim que chegaram ao dois, sendo levados dali por uma massa negra que os envolveu, deixando Bakugou e Midoryia para saírem sozinhos do meio do caos. Em seguida, para continuar colocando os heróis a prova, AFO apareceu, derrotando vários heróis antes de chegar a seu objetivo, All Might.
Izuku jogou na cara que estava com a carreira de Bakugou, seu futuro, em suas mãos o tempo todo. Que golpe no ego. Mas só será processado pelo cérebro minúsculo de Katsuki mais a frente hehe.
Izuku novamente se mostrando um ótimo ator dizendo que perdoa Bakugou e o fazendo acreditar plenamente nisso. Ai ai.
E é, senhoras e senhores, Bakugou é sádico e gosta do Izuku. Pronto, análise de personagem completa. Pera, faltou extremamente burro. Perfeito.
E calma, o mais revoltante está por vir.
Será que o plano de Izuku seguiu mesmo o que ele queria? Acho que ele não esperava ser beijado. Descobriremos.
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Onde foi que eu errei?
FanficOs vilões são realmente os vilões? Izuku se perguntou isso desde sua vigésima volta. Agora ele tinha certeza de uma coisa: se o importante era o fim, o caos do processo era necessário